Capítulo 10 "sinuca nunca foi tão interessante"

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Tavares

Eu tava putaça. Parecia um touro soltando fumaça pelas narinas. Que porra essa mina tinha na cabeça, afinal? Ela some da minha casa, rouba minha camisa, deixa os brincos e nem sequer deixa o número dela. Aí, quando eu vou no bar, lá tá ela, flertando com uma esquisita qualquer, nem me viu chegar e, se viu, fingiu muito bem.

Ok, vou explicar a parada. Cheguei no barzinho em frente à faculdade há uns dez minutos. Depois de uns oito minutos, não consigo tirar os olhos da Natasha, que tá se divertindo pra caramba com uma branquela de cabelão, falta tempero, com certeza. Alex tava jogando sinuca mais atrás dela com a Yasmin e o japa; aparentemente, encontraram outra jogadora doida o suficiente pra apostar com eles.

Aí, eu fico em conflito: dou a volta na mesa delas e vou jogar sinuca com o resto do povo... ou

— Que Bixiga! — É, agora não tinha mais volta.

— Ah, mano, foi mal, não te vi aí não — agora você me viu, né, caralho.

— Qual foi, garota? Tinha nem espaço pra você passar aí — agora essa fulana quer se meter? Tô me estressando ainda mais, papo reto.

— Cara, já falei, foi mal. Não precisa vir defender sua mina não — Pronto, soltei o que tava me entalando.

— Eu não sou a mina dela e eu sei me defender sozinha. Você podia ter passado pelo outro lado — Agora a sonsa resolveu abrir a boca? E porra, que boca linda, viu? Mas o foco do bagulho não é esse. Foco, Tavarez.

— Você também podia parar de esquecer seus brincos — Ganhei, falei sussurrando pra só ela ouvir. Foda-se que ela tá acompanhada, a mina dorme cheirando meu cangote e depois tá no bar com outra.

Vi ela ficar vermelha, roxa e, por fim, verde. Ela abriu a boca, mas nada saiu. Tá na minha hora então.

— Enfim, foi mal aí pra vocês duas, paz — É, senhoras e senhores, eu sou foda, a Globo tá me perdendo na novela das nove. Segui meu caminho como se não estivesse pisando no chão.

— Olha só quem decidiu sair da toca, gente. Minha amiga tava ressecada ou se recuperando do chá de madrugada? — ainda me pergunto por que sou amiga da Yasmin. Ela tem uma JBL na garganta, com certeza todo o bar escutou o que ela disse agora.

— Sabe falar baixo, boca de sacola? E não, não tava nem um nem outro. Diferente dos vagabundos daqui, eu estudo, né — pego um taco de sinuca e passo o giz na ponta enquanto cumprimento o japa e o Alex.

— Oh, Kauane, nossa vó te deu educação não, caralho? Tá vendo a mina aqui não, ó?

É, eu tinha visto a ruiva meio embriagada, mas tava sem saco pra me apresentar.

— Cala a porra da boca Alexandre, e aí? — falo agora com a garota depois de dar um soco no ombro do traste.

— Opa, sou a Letícia — e a Letícia tinha a mais pura cara de quem faz medicina, principalmente pela tatuagem de estetoscópio no antebraço. São esses que são os piores na sinuca.

— Tatuagem maneira, sabe jogar? — Agora eu tô arrumando uma grana pra um tênis novo no final do mês.

— Eu aprendo rápido, pode ficar tranquila.

Que azar do caralho. Hoje tô com o pé podre, só pode. Já tô levando um pau feio pra essa garota que nem parece estar se esforçando pra jogar, mas sim pra não derramar a cerveja no chão. Uma derrota de cinco seguidas e já perdi setenta reais, vou acabar com esse caralho de bar.

— Porra, mina, você é o quê? Mutante? — falo agora quase quebrando o taco enquanto vejo Alex, Yasmin e o japa racharem o bico na mesa do lado. Os três já até cansaram de me ver perdendo.

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⏰ Última atualização: Aug 07 ⏰

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