Capítulo 5 O que a bebida não leva?

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Lua

Tremendo de frio, com a roupa toda molhada, fedendo e bêbada no carro de uma estranha, eu nunca ia imaginar que minha sexta iria acabar assim, bom, talvez nem tanto.

Duas horas antes:

Já tava me arrependendo. Sério mesmo, qual a necessidade da Alissa de sair todo final de semana? E nesse infelizmente eu tive que vir. "Ah, mas Lua, você não tinha que trabalhar esse sábado na sua folga?"
Sim, meus amores, e eu vou.

Bom é que nos fins de semana a cafeteria só abre às 11 horas, então eu teria tempo para ter uma ressaca matinal. Hoje senti que paguei todos os meus pecados ainda mais agora que Alissa fez eu vestir a porcaria de um cropped tomara que caia branco que logo meus peitos vão pular dele.

- Ah, para com isso Lua. Como você sai da biboca onde a gente morava e não quer aproveitar o que tem a oferecer?

- Mulher, tu é triste viu Alissa. Vai fazer eu e Letícia ir nisso só por causa daquele tabacudo teu.

- Não só por ele, mas também porque vocês são minhas amigas e eu quero me divertir uai.

Desisto dessa briga. Só de olhar na cara da Letícia eu sei que ela não vai dar a opinião dela. Então termino de me arrumar com elas mesmo. até que bem confortável: um short jeans cintura alta com brilho, um cropped e um tênis vans básico. Só coloquei umas argolas douradas e minha caneca universitária.

Alissa levou a gente no próprio carro, aquele que ela ganhou do pai quando entrou na faculdade daqui. A diferença é que foi pelo Sisu em odontologia; vai pegar o consultório do pai quando acabar a faculdade.

Eu e Alissa nos conhecemos no ensino médio; ela sempre foi meu completo oposto, sabe? Popular, loira, classe média. Mas eu não sei o que exatamente uniu a gente. Quando eu contei que tinha passado na UnB, um mês depois ela contou que também iria vir comigo.

- Terra chamando Lua! A gente já chegou garota - Letícia tira o cinto e dá uma cutucada no meu braço.

- Oh Letícia, tem como ser a copilota hoje não? To doidinha pra encher a cara e não quero ter risco de ser pega dirigindo essa beleza alcoolizada.

- Aí Alisa só vou concordar porque eu ainda estou com ressaca moral e física de hoje à tarde, beleza? Da próxima a gente vem de Uber.

Eu tinha esquecido que Letícia tirou a tarde pra encher a cara depois da prova que teve. Não que ela não tivesse estudado nada; eu sei o quanto ela estava ansiosa e tinha estudado para essa prova. Tanto que hoje de manhã troquei meu turno com o Samu pra ajudar ela a revisar tudo.

- Aiii já estou vendo meu boy daqui mesmo gente - e lá se vai Alissa puxando nós duas para onde o infeliz estava conversando com um monte de hetero top.

- E aí gatinha? Essas são suas amigas? Prazer ae viu, sou o Gabriel; esses são meus irmãos pow: Lucas e Vinicius - os três são da mesma espécie de natanzinhos; até os escapulários no pescoço.

Conversa vai, conversa vem; tem uma hora que alguém tem que ir buscar bebida né? E como eu já estava animada por já ter misturado um monte de coisa na caneca (principalmente bebida doce), fui logo atrás.

- Gente eu to indo buscar mais bebida; vão querer alguma coisa?

- Aí Lua, traz um energético para mim vai; quase desistindo da ressaca moral.

- Beleza então; já volto.

No caminho, não sei se era já o álcool fazendo efeito, mas a vontade que tava dando em mim de dançar tava surreal, então foi exatamente o que eu fiz, acabou que alguém bateu atrás de mim e acabei derrubando cerveja no decote da roupa.

- Porra, tá cega? Caralho tô toda encharcada

- Mano foi mal, puta merda molhou tudo aí - não sei se era a minha visão já embaçada me enganando, mas eu acho que já vi essa menina em algum lugar

- vey acho que tô meio zonza

- aí viado e agora? Vem aqui, tu já tá meio zoada, senta nesse banquinho aqui - É, eu já tô pra lá de beba mesmo, meu Deus a Letícia vai me matar

- Toma essa água, pow, tá até verde mina, veio com quem? Vamo procurar teus amigos

Nessa hora eu tentei levantar com tudo, ideia de bestalhado viu, deu nem três segundos eu tava agachada vomitando nos tênis da menina.

- Puta que pariu, peraí - só senti ela tirando o cabelo do meu rosto enquanto eu colocava toda a bebida e possivelmente o almoço que eu comi pra fora

E foi assim, que eu parei no carro de uma estranha, tremendo de frio, bêbada, fedendo, ah e vomitada

- Tá com seu celular aí? Pra ligar pra alguém que tava contigo? - porra meu celular? Eu deixei com a Letícia eu acho

- Deixei ele com minha amiga

- Sabe o número dela por acaso? Ou de alguém que pode vim te buscar? - ah isso eu sabia, uma coisa boa sobre a Alissa é que ela não troca o próprio número desde o ensino médio

- Sei sim - peguei o celular na mão, as vezes vendo os números zonzos, mas ainda sim consegui digitar, até a Alissa atender

Ligação on:

- Alissa? Tá me escutando?

- oiii amiga, cadê você? Demorou tanto que o Gabriel foi buscar a bebida

- garota eu tô tentando falar, eu tô meio alterada e acabei encontrando uma menina aqui

- AAAA então trocou a gente por mulher né dona lua?? Pode deixar que eu aviso a Letícia, meu celular vai descarregar, aproveita bastanteeee - E ela simplesmente DESLIGOU ESSA RAPARIGA

- Iai? Vão poder vim te buscar? - não sei se é o álcool no meu sangue, mas pra mim eu já vi essa garota em algum lugar, meu Deus, como eu vou explicar pra essa estranha que minhas amigas simplesmente acham que agora eu tô transando??

- elas acham que eu tô dando

- Que? - QUE CARALHOS EU FALEI

- EU QUERO DIZER, ai meu Deus, ela acha que eu saí com alguém e o celular dela vai descarregar, não sei o que fazer agora

- Primeiro toma essa água, tenta não vomitar no carro tá beleza? Vou avisar meu irmão que vou te levar em casa - e antes que eu pudesse contestar, ela joga a garrafa no meu colo e sai do carro.

Onde eu fui parar por causa da bebida?

notas: espero que tenham gostado, tentando deixar os capítulos mais curtos. 🥹🫶🏻

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