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🚨 Atenção: este capítulo contém cenas de violência, morte e pode incluir gatilhos. 🚨

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Incrível como, em menos de uma semana, Harry tinha sido arrancado de sua vida. Uma semana antes de todo o acontecido, ela estava preocupada com suas contas, com seus sobrinhos, que tanto amava e aos quais dava suporte. Sua irmã passava por momentos difíceis; não tinha conseguido superar a morte de sua mãe, não que Harry houvesse, mas cada um reage de uma forma diferente. Enquanto a mais jovem lutava para seguir em frente, a outra parava no tempo. Depressão e ansiedade, as doenças do século, embora a ajuda fosse anônima por causa do orgulho da mais velha. Harry sempre se manterá ali ao seu lado. Essa era a preocupação de antes; agora, enfim, tentava entender como tudo havia se tornado um caos.

Até a cena presente diante de seus olhos, ele julgava ser apenas uma encenação, bancada por Bia. Era nisso que queria acreditar, embora soubesse que a Shu não seria capaz de fazer algo assim. O corpo desintegrado à sua frente dava total noção do quanto a situação era real; não havia como ser uma ilusão ou encenação. Era impossível não desmaiar.

Ao recobrar a consciência, ela já está dentro de um carro que anda em alta velocidade. O zunido dos projéteis sendo disparados a deixa atordoada por um instante. Ela reza para acordar, se belisca para ter certeza, e realmente acorda.

Ao seu lado, Beatriz apenas pede que abaixe a cabeça. Ela ouve exatamente o instante em que a amiga pede uma arma e vê, de relance, ela colocar o corpo para fora pelo teto solar. Logo, o som dos disparos se intensifica, pois estão sendo feitos próximos a ela, e isso dura um bom tempo.

O carro só diminuiu a velocidade depois de algum tempo sem disparos. Harry não tem noção de quanto tempo se passou, mas pareceu uma eternidade. As portas do carro abriram e Beatriz estendeu a mão para que a jovem saísse. Esta percebe que estão em uma pista de pouso, onde um avião os aguarda.

— Eu não vou entrar nisso — a mais jovem recua, apesar de ainda estar zonza.

— Harry, por favor, nós precisamos sair. Os homens que nos atacaram vão voltar — Beatriz responde, calma.

— Nunca! Eu não vou entrar nessa coisa. Beatriz, pára com isso — responde.

— Meu bem, presta atenção. Isso não é brincadeira. Nós precisamos ir — Beatriz insiste.
— Ahh, mas não mesmo! — Harry recua mais um pouco.

—Vamos de uma vez, porra! Eles estão chegando!— — Beatriz esbraveja.

Agora, segurando a outra pelo pulso, ela a puxa, que relutante faz força para o sentido contrário.

— Deixa comigo, Trix! — Hoseok diz, pegando Harry pelas pernas e jogando a jovem nos ombros.

— Me solta! — ela grita a plenos pulmões enquanto estapeia as costas do vampiro, que não consegue evitar rir.

Hoseok larga a jovem sentada em uma poltrona e fecha o cinto enquanto ela esperneia, se recusando.

— Pare! Se não, vou hipnotizar você — diz agora com seriedade. Sua paciência havia acabado.

Ao ver o olhar sério e os olhos vermelhos do vampiro, Harry acha melhor se acalmar; não desejava ver do que eles eram capazes. Descobrir a existência de tais criaturas já era suficiente para ele. Se acaso fossem um terço parecidos com as histórias que conhecia, sabia que corria risco de vida. Inconformada, ela resolve se encolher e dormir um pouco.

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A primeira vez que entramos no portal, fomos parar no ano de 1943, 150 anos à frente do tempo em que eu vivia. Mesmo que meu coração já não batesse mais, senti a dor de perder Hanna. A lembrança daquela cena se desenrolando à minha frente era vívida; sentia um bolo se formar em minha garganta. Até então, não sabia ser capaz de chorar, até o líquido vermelho e viscoso escorrer pela minha face gélida. Não sou mais um ser digno de fazer uma oração sequer, tornei-me um monstro, mas mesmo assim elevo meus olhos aos céus, pedindo a qualquer divindade que meu filho esteja bem e que Jimin o tenha salvado.

  BLOOD  Sombras de um reinadoOnde histórias criam vida. Descubra agora