08- Silêncio da noite

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Agora são 03:00 da manhã e eu me encontro totalmente sem sono, aquela lembrança pode ser a causa disso, ou talvez seja apenas a falta dos meus remédios. Me sento na cama e coloco as mãos sobre o rosto e inspiro profundamente, desde que minha mãe morreu, eu comecei a ter insônia, eu já tomei remédios que me ajudavam a dormir durante umas 5 horas, mas me davam pesadelos e me deixavam lerda, meu trabalho não permite isso, então tive que abandona-los.
 
   Me levanto da cama e vou até o banheiro, me olho no espelho e vejo grandes olheiras, olhos cansados e cabelos desgrenhados, estou acabada. A verdade é que estou cansada, de tudo, mas principalmente dessa brincadeira de gato e rato, meu pai está brincando comigo, ele acha que eu não sei qual é o jogo dele. Ele sabe que minha maior fraqueza é Lilian, que eu mataria tudo e todos por ela, então ele quer usá-la a seu favor, ele sabe que ela está comigo, só não sabe onde.
  Lilian está protegida pelos melhores soldados que eu já encontrei e que são da minha confiança. Aron nunca conseguiria algo de mim, então quer a Lilian para me ameaçar, fazer de mim sua subordinada, sua fiel soldado. Ele está apenas esperando que eu vá encontrá-la para que finalmente pegue a Lilian, mas isso não vai acontecer.

  Jogo uma água no rosto, coloco minha balaclava, pego minha arma, minhas facas e saio do meu quarto, não tenho rumo, apenas procuro um lugar onde eu não pense muito, meus pensamentos estão me consumindo. Acabo subindo todos os andares a procura do terraço.

  Ao chegar no terraço uma brisa bateu no meu rosto e eu suspirei sentindo o ar gelado, fui até a parede e me sentei no chão me escorando nela, olhei para o céu e vi algumas estrelas, tão lindas...
  Durante 1 hora fiquei apenas olhando o céu, sem pensar em nada ruim, apenas respirando fundo. Tudo aqui é tão calmo, parece que ao respirar fundo meus problemas somem... queria que minha vida fosse assim, calma, eu só queria pegar Lilian e viver nossas vidas normalmente. Sinto uma lágrima escorrer e molhar minha balaclava.

   Ficar ao silêncio da noite me lembra as noites de acampamento que tínhamos, somente eu, a mamãe e a Lilian, que era apenas um bebê na época. Era tudo tão... mágico. Lembro-me que a mamãe nos contava várias histórias sobre princesas e seus príncipes, castelos encantados, magia... Antes de dormir ela sempre nos dava um beijo na cabeça e dizia o quanto éramos importante pra ela.

Bons tempos...

  Um barulho de galho se partindo se fez presente e rapidamente eu me levanto, saco minha arma e me viro para onde veio o som. Uma pessoa escondida nas sombras começou a andar até eu lentamente.

—Se você mexer mais um mísero músculo eu estouro sua cabeça. —Vociferei. Na hora a pessoa parou de andar e levantou os braços lentamente.

—Você, por um acaso, é foragida? —Perguntou e eu reconheci a voz grossa.

—Ghost? Oque você está fazendo aqui?

   Mesmo após saber que era o Ghost não soltei minha arma, pelo contrário, eu firmei ela em minha mão e ele pareceu notar isso. Ele é um dos melhores soldados das forças britânicas, eu não conheço ele, não sei do seu caráter, não sei pra quem trabalha de verdade.

  Ele ficou um tempo em silêncio me analisando e respondeu.

—Estava procurando um lugar pra ficar, mas já vou embora. —Ele disse enquanto ia saindo.

—Não precisa, eu já ia embora, pode ficar. —Minto, eu não ia embora, mas já que ele já sabia que eu estava ali, não tem porque ficar, não vou conseguir mais ficar em paz.

  Ele apenas olha pra mim através de sua máscara eu saio do terraço. Vou em direção ao meu quarto, a base está vazia, acredito que todos ainda estão dormindo, oque me leva a pergunta, por que ele está acordado essas horas? talvez ele também tenha insônia, mas seria impossível ver através de olheiras, além de usar máscara ele também pinta a região dos olhos.

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