07- Treinamento

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—Ah, oi. Queria saber se está tudo bem, sabe... Ouvimos sua discussão com o Ghost.— Gaz diz e coça a nuca parecendo estar envergonhado.

  Fico um pouco surpresa, será que as paredes aqui são feitas de papel? Mas isso tem um lado positivo, é bom que saibam que minha autoridade é tão grande quanto a deles, espero que tenham escutado cada detalhe.

—Estou bem. Quantos ouviram a discussão?

—Muitos. Eu ouvi também que você deve ir a sala de treinamento, né?— Diz, e eu apenas aceno que sim.— Sei também que você não sabe onde fica essa sala. Posso te levar lá se quiser.

  Apenas concordo e saio dos meus aposentos enquanto o acompanho pelo corredor. Sinto que ele quer perguntar alguma coisa, mas não lhe dou brecha para falar, não acho legal criar sentimentos de companheirismo por outras pessoas quando a qualquer momento elas podem morrer bem na minha frente, quem se fode no final sou eu. Por isso não gosto de criar afinidades no trabalho.

  Ao chegarmos, apenas olhei para ele e dei um aceno de agradecimento e segui para onde tinha uma espécie de ringue, tinha dois homens lutando, um eu reconheci que era Ghost, o outro eu não sabia quem era. Fiquei observando a luta e vi que suas técnicas utilizavam muito da força e não da agilidade, sempre observo isso em uma luta caso algum dia eu precise. Ghost era muito forte e bruto, o outro homem desistiu quando Ghost pegou ele em um armlock.

   Ghost se levantou confiante e olhou em volta.
— Alguém mais?— Ele pergunta.

  Não falo nada, até porque eu não sou idiota, fui torturada não tem 2 dias, ainda não estou 100% recuperada.
  Outros homens se voluntarearam para lutar com ele e eu fui iniciar meu treino. Fui até o armário e peguei duas luvas e as coloquei em minhas mãos, me dirigi até os sacos de pancadas e comecei meu treino.
 
Após um tempo sinto uma mão encostar no meu ombro e instantaneamente entro em posição de ataque, me viro rápido com a mão levantada pronta para dar um soco, mas ao ver Soap minha mão para no ar, a centímetros de seu rosto.

— Porra, quase que você leva um soco, idiota.— Digo com raiva enquanto tiro as luvas.

— Eu estava te chamando já tem 2 minutos e você não escutou. Já tem 3 horas que está aí, você não deu nenhuma pausa, está tudo bem?— Ele diz preocupado.

— Tô ótima.— Digo indo aos armários guardar as luvas, em seguida bebo uma garrafa inteira de água.

— Por que não lutou com Ghost? Tá na cara que vocês não se gostam, era uma boa oportunidade de bater nele.

— Acho que vocês aqui se fazem de idiota.— Ele faz uma cara confusa.— Fui torturada tem menos de 2 dias, não estou em condições. Vou ter outras chances.

  Ele apenas murmura algo e eu saio da sala. Vou em direção ao meu quarto, sempre recebendo muitos olhares tortos dos soldados que passam por mim. Ao chegar, vou direto ao banheiro tomar uma ducha bem gelada. Saio do banho e me deito na cama, pego meu notebook e começo a abrir uns arquivos do caso da minha mãe, imediatamente me lembro de Lilian, estou com tantas saudades...
Balanço a cabeça e procuro os arquivos da morte do meu pai, mas não consigo achar. Isso é estranho, como um arquivo pode sumir assim?

  Penso em muitas probabilidades, ele sempre teve pessoas trabalhando pra ele, sempre mandou pessoas atrás de mim, não deve ser difícil sumir com um arquivo assim.

[flashbacks]

   Após uma semana da morte da minha mãe, peguei uma reserva de dinheiro e fugi com a Lilian para outro país. Deixei tudo que eu tinha para trás, não quis arriscar viver no mesmo lugar que aquele assassino, a vida da minha irmã estava em constante perigo, e a minha também...

  Consegui comprar um kit net em um bairro com o dinheiro que tínhamos de reserva, mas quase não sobrou nada para que nos alimentassemos. Preciso de dinheiro, mas não posso arrumar um emprego e deixar Lilian sozinha...

  Eu tentava pensar em uma solução enquanto colocava Lilian na cama, ela estava dormindo. Fico olhando ela dormir, tão serenamente, tão inocente, ela parece um anjo. Eu faria de tudo para mante-la viva e segura.

  Vou até a sala e me sento no sofá, encolho os joelhos e os abraço. Começo a pensar em todos os problemas que tenho em minhas mãos, não sei nem como posso resolvê-los, se minha mãe estivesse aqui tudo seria mais fácil.
Por que ele fez isso com ela? ela era tudo pra mim...
Lágrimas começam a escorrer dos meus olhos, minha respiração fica ofegante e começo a desabar em choro. Escuto um barulho vindo da porta, como se alguem tivesse tropeçado. Fico em alerta, podia ser qualquer pessoa enviada pelo meu pai, vou em direção a minha bolsa e pego uma machadinha que eu tenho para me proteger. Me aproximo da porta e alguem bate, olho no olho mágico e vejo um entregador de pizza, apenas relaxo e coloco a machadinha na minha cintura, abro a porta e ele olha pra mim.

— Desculpe, acho que veio na casa errada, eu não pedi pizza.— Digo analisando o homem a minha frente, ele é muito estranho, bem fortinho, tatuagem cobrindo os braços e cabelo raspado. Fico em estado de alerta e coloco a mão na minha cintura, em cima da arma, pronta pra atacar.

Foi aqui mesmo.— Ele diz e logo em seguida joga a caixa no meu rosto e me empurra, eu bato as costas em uma mesinha que tinha do lado da porta e caio no chão, ele monta em cima de mim e desfere um soco em meu rosto, eu resmungo de dor e tento tirar ele de cima, mas ele com apenas uma mão segura meus pulsos, ele é bem mais forte que eu, ele parece pensar em algo enquanto me analisa de cima a baixo.

— Sabe, me contrataram pra te sequestrar, mas acho que posso me divertir um pouco antes...

  Eu olho pra ele com o desespero consumindo meu corpo, ele começa a passar a mão pelo meu corpo, quase chegando na minha intimidade e eu me debato tentando me livrar de suas mãos imundas.
  Não consigo soltar meus braços, então terei que usar as pernas. Com muita força levanto minha perna até o mais próximo do seu rosto e enrolo no seu pescoço e puxo pra baixo, fazendo sua cabeça bater no chão fortemente, aproveito que ele me soltou e pego a machadinha da minha cintura. Ele levanta e sobe em cima de mim novamente, eu pego minha machadinha e acerto bem na sua cabeça, fazendo muito sangue escorrer pelo meu rosto e corpo, seu corpo, sem vida, cai em cima de mim, eu apenas solto a machadinha no chão.

Tem alguém morto em cima de mim.
Tem alguém morto em cima de mim.
Tem alguém morto em cima de mim.
Eu matei uma pessoa.
Eu matei uma pessoa.
Eu matei uma pessoa.

[flashbacks off]
 






                               ⛓️⛓️⛓️

  oiii, postando outro capítulo pra vocês!!
esse capítulo tem 1200 palavras como eu prometi.



até o próximo. 🌸💫

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