#7 Cinzas

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"A verdadeira amizade é como a saúde perfeita; seu valor raramente é conhecido até que seja perdida." - Oscar Wilde


O sol da tarde iluminava o parque, onde duas crianças corriam e riam, despreocupadas com o mundo ao redor. Daniel e Leo eram inseparáveis naquela época, compartilhando segredos, sonhos e aventuras.

— Vamos ver quem chega primeiro à árvore grande! — gritou Leo, correndo na frente.

— Você sempre quer competir — reclamou Daniel, mas correu atrás, rindo.

Eles chegaram ofegantes à árvore, caindo na grama enquanto o sol filtrava pelas folhas, criando padrões de luz e sombra ao redor deles. Tudo parecia perfeito.

— Eu disse que ia ganhar — disse Leo, entre risos.

— Só porque eu deixei — respondeu Daniel, com uma piscadela.

Leo tirou duas pulseiras do bolso, feitas de fios coloridos, e entregou uma a Daniel. — Aqui, fizemos essas juntos, lembra? Agora vamos prometer ser melhores amigos para sempre. Não importa o que aconteça.

Daniel sorriu, colocando a pulseira no pulso. — Para sempre. Eu prometo.

Os anos passaram, e a pressão para se encaixar começou a pesar sobre Leo

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Os anos passaram, e a pressão para se encaixar começou a pesar sobre Leo. A necessidade de ser aceito e popular entre os colegas da escola começou a transformar sua amizade com Daniel.

Um dia, no intervalo da escola, Leo estava com um grupo de garotos populares. Ele olhava para o chão, nervoso, enquanto os outros falavam.

— Você não devia andar com aquele esquisito — disse um dos garotos populares, olhando para Daniel com desdém. Daniel, ainda usando a pulseira, aproximou-se de Leo, sorrindo como sempre fazia.

Leo hesitou, os dedos inconscientemente tocando a pulseira em seu pulso. Ele olhou para Daniel, que estava ao seu lado com um sorriso incerto, esperando o habitual cumprimento amigável.

— É... talvez você devesse se afastar um pouco, Daniel — disse Leo, sua voz tremendo ligeiramente.

Daniel olhou para Leo, chocado, o sorriso desaparecendo lentamente. — O quê? Por quê? Nós somos melhores amigos... Você prometeu.

— Só... me dá um tempo, tá? — Leo virou as costas e se afastou com os outros garotos, lutando contra a culpa que pesava em seu peito. A pulseira em seu pulso parecia apertar mais do que o normal, um lembrete doloroso da promessa que acabara de quebrar.

Foi o início de uma série de insultos, empurrões e desprezos. Leo, pressionado a manter seu status social, descontava sua frustração em Daniel, que continuava a usar a pulseira, mesmo enquanto se sentia cada vez mais sozinho. E Daniel, por sua vez, se fechava mais a cada dia, tentando entender por que seu melhor amigo havia se transformado em seu tormentador.


Em casa, a situação de Daniel não era muito melhor. Seu pai estava doente, e cada dia parecia ser uma batalha perdida. Ele passava horas ao lado da cama, segurando a mão fraca de seu pai, tentando oferecer algum conforto.

— Você é um garoto forte, Daniel — sussurrou seu pai, com a voz fraca. — Lembre-se sempre de ser você mesmo, não importa o que aconteça.

Daniel olhou para a pulseira em seu pulso, já desgastada pelo tempo, e tentou segurar as lágrimas. — Eu prometo, pai. Eu vou tentar.

Os dias se tornaram semanas, e as semanas se tornaram meses. A doença de seu pai avançava, e a pressão na escola aumentava. Daniel se sentia cada vez mais isolado, preso entre a dor de perder seu pai e a traição de seu amigo. A pulseira em seu pulso, antes um símbolo de amizade eterna, agora era um lembrete constante da perda e da dor.

✩✩✩

Leo e Daniel estavam sentados no pátio da universidade, tentando reconstruir a amizade perdida. Leo olhou para Daniel, e viu algo que não havia notado antes: Daniel ainda usava a pulseira, embora estivesse desbotada e puída.

— Você ainda usa isso? — perguntou Leo, sua voz carregada de surpresa e culpa.

Daniel olhou para o próprio pulso, tocando a pulseira com um sorriso triste. — Nunca tirei. Mesmo quando as coisas ficaram ruins entre nós... Eu queria acreditar que, de alguma forma, ainda podíamos ser aqueles garotos que prometeram ser amigos para sempre.

Leo sentiu uma dor aguda no peito, a culpa o consumindo. — Eu fui um idiota, Daniel. Eu quebrei a nossa promessa.

Daniel suspirou, levantando o olhar para Leo. — Eu sei. Mas, talvez, ainda haja uma chance de cumprirmos essa promessa. Se formos honestos um com o outro, se deixarmos o passado para trás... Quem sabe?

Leo, sentindo o peso de tudo o que tinha acontecido, olhou para o céu, as lágrimas lutando para sair. — Eu quero tentar, Daniel. Eu quero consertar o que fiz.

Daniel sorriu, dessa vez com mais esperança. — Vamos fazer isso. Juntos.

A pulseira ainda estava ali, um símbolo de uma promessa que quase se desfez, mas que agora, talvez, pudesse ser renovada.

O sol começou a se pôr, e eles decidiram voltar ao dormitório, carregando consigo não apenas a esperança de reconciliação, mas também a certeza de que o passado sempre faria parte deles, mas que o futuro ainda podia ser construído, um passo de cada vez.

O sol começou a se pôr, e eles decidiram voltar ao dormitório, carregando consigo não apenas a esperança de reconciliação, mas também a certeza de que o passado sempre faria parte deles, mas que o futuro ainda podia ser construído, um passo de cad...

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