Capítulo 16

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— Um Crist, claro - rio enquanto ele me encara com uma expressão ofendida. — É mesmo um prazer conhece-lo, irmão esquecido do Michael 

— Perdão? - ele questiona ainda confuso.

— Não é nada pessoal, na verdade é sim, enfim - me viro de costas para sair quando o mesmo me puxa pelo braço me jogando contra seu peito. — Que droga é essa? - pergunto me debatendo para sair de seus braços. 

— Não é porquê um Crist te decepcionou que todos faram o mesmo - ele aperta-me contra seu peito ao meio da multidão. 

— Me larga, porra! - grito sentindo seu corpo roçar o meu. 

— Você precisa relaxar - ele sorri enquanto sinto sua mão apalpar minha bunda. Meu corpo fervilha, então eu paraliso por um segundo e olho para a multidão, Damon está lá, entre todos, com sua mascara, nos encarando. — Isso, acalme-se - suas mãos sujas marcam meu corpo enquanto encaro Damon, vendo tudo, até ele tirar sua mascara e sorrir pra mim.

A confusão me toma por completa quando ele dá as costas e sai, então olho para a frente outra vez.

Trevor abusa de mim com as mãos, me puxa desesperadamente enquanto ri, e isso me desperta repulsa, então por que estou parada?

Encaro o mesmo que está me apalpando, não estou mas presa, o que me dá liberdade para empurra-lo para longe de mim. 

Ele esbarra em pessoas a sua costa e me olha em seguida, olhares são direcionados para  mim, principalmente o seu.

— Não toque em mim outra vez, não quero feder a essa raça - ouço risos, mas o que me prende a atenção é seu olhar de vingança. 

Dou as costas e finalmente saio da multidão indo para fora da torre, ao jardim.

Algumas pessoas estão ao lado de fora, uns se pegando, outros fumando, me questiono se deveria fugir, eu posso fazer isso, mas algo me prende a este lugar.

Me sento ao gramado enquanto sinto finalmente emoções explodirem em minha mente.

Lágrimas caem com o som de "Por que eu?".

Damon poderia escolher garotas a dedo, poderia ter Thunder Bay inteira, sem nenhum estresse, mas por que ele escolheu a mim?

Por que Emory e eu? Por que jogos? Por que sinto dor em tudo o que está havendo? Por que depois da minha criação me tornei fraca? 

Lágrimas me afogam de forma lenta e agoniante, sinto-me impotente pela primeira vez. 

Meu corpo doí quando lembro-me das mãos sujas que acabaram de me tocar, me sinto nojenta.

Abaixo a cabeça e continuo a chorar quando alguém se senta ao meu lado. 

Nem se quer tenho coragem de olhar para a pessoa, de tanta vergonha que sinto de mim.

— Se sente suja? - uma voz masculina soa, mas ainda não tenho coragem de olhar. — Costumo dizer que Trevor é a maldição dos Crist - suas mãos mexeram com minha mente, não com meu corpo. — Não precisa falar comigo, só me pediram para ver se você está bem - finalmente levanto minha cabeça, Will, rio sem humor enquanto viro minha cara. — Não me olhe assim, eu não tenho culpa da merda toda - poderia dar um soco em seu rosto agora, mas preferi me levantar daqui. — Foi Emory que pediu para que eu viesse - meu peito se ilumina, Emory viu tudo.

— Ela está bem? - seco minhas lagrimas ainda em pé parada.

— E você está? - não, não mais. 

— Por que vocês fazem isso? - ele me olha com curiosidade enquanto se levanta. — Por que brincam assim com as pessoas?  - ele se cala, um pouco culpado, e tentando achar uma resposta.

— Devil's Night não passa de uma brincadeira - rio, dessa vez verdadeiramente.

— Devil's Night não passa de dor - largo um  suspiro ao ar e encaro o chão. — Sabe aonde posso achar o Damon? Tenho que terminar essa "brincadeira" - ele ri rapidamente.

— Não precisa procura-lo, ele vai achar você - me arrepio por completa, e Will, me dá as costas e entra novamente a torre.

Damon Torrance

Essa garota insiste em me tirar do sério, e fugir como uma cadela malcriada.

E agora está a poucos metros de mim, paralisada enquanto o filho de uma puta do Trevor passa suas mãos no que é meu. 

Ela já me viu, e não está fazendo essa merda para me irritar, porquê é claro que ele está assediando ela.

O ódio já me consumiu por dentro, sinto minha garganta sufocada, e juro por Deus que mataria Trevor se ela me pedisse, mas não.

Angel ao contrário do que pensam é mais valente do que muita gente que conheço. 

E se tem de uma coisa que essa garota não precisa, é de mim.

Tiro minha mascara sentindo meus músculos doerem a ver essa cena, e sorrio para ela, mesmo que esteja a um tris de surtar.

E então sumo a meio da multidão encontrando-me com Will e Emory, que olham a cena junto comigo.

— Porra, você não vai fazer caralho nenhum? - ele pergunta quase intervindo.

— Ela não precisa de ninguém - Emory me encara, com ódio, mas sei que a garota só quer proteger a amiga. 

Angel empurra Trevor para longe, e diz algo em seguida.

— Veja aonde essa idiota vai, ela é ótima em fazer burrices - digo a Will antes de sair ao encontro de Trevor. 

Assim que Angel sai, Trevor se levanta para ir na direção que ela foi, mas o surpreendo com um soco certeiro ao lado direito do rosto. 

Ele se levanta enquanto a multidão faz uma roda a nossa volta.

— Que porra é essa? - ele pergunta com o rosto vermelho e um corte ao supercilio.

Ele tocou nela. 

Avanço, empurro-o e lhe dou diversos socos, e ele revida, mesmo que eu não sinta nada além de puro ódio.

O mesmo cai quando acerto seu queixo, mas isso não me impede de parar. 

Sinto minhas mãos doerem enquanto o sangue de seu rosto só me incentiva a continuar. 

Ele parou de se defender o que significa que está apagado, mas ainda não me importo.

Eu quero que esse filho da puta saiba que não se pode tocar em algo meu.

Me puxam para separar a briga enquanto tento avançar novamente, mas não consigo, Trevor continua deitado ao chão cheio de sangue.

— Já deu porra! - Kai diz as minhas costas, me debato para que ele me largue. 

— Me solte caralho, eu descido quando essa merda acaba - Kai me solta, Emory está junto, um pouco assustada, mas não tanto quanto deveria. Todos me olham, algumas pessoas estão envolta do Crist, então eu rio e olho a multidão. — Isso serve de aviso, se algum corajoso quiser mexer com a Angel de novo - me viro para sair, mas Emory se põe a minha frente, e ela parece não ter medo do que acabou de ver.

— Você é um merda - ela diz ao fundo de meus olhos. O que essa garotinha que Will come as cegas pensa que é?.

— Aonde Angel está?  - pergunto a Kai, ignorando a garota. 

— Lá fora - sinto uma pontada no peito. — Mas Will está com ela, relaxa, ela não fugiu - e nem poderia.

Lhe dou as costas e sigo o caminho da saída, assim que cruzo a porta sinto outra pontada, ao ver Will e ela de pé, conversando normalmente.

E ela não parece desprezar tanto ele.

Essa merda toda vai acabar ou com a minha vida, ou com a dela. 

𝐋𝐢𝐥𝐢𝐭𝐡'𝐬 𝐫𝐞𝐮𝐧𝐢𝐨𝐧 { 𝘋𝘦𝘷𝘪𝘭𝘴 𝘯𝘪𝘨𝘩𝘵Onde histórias criam vida. Descubra agora