É muita, muita, mas MUITA gente aqui. Me sinto um outro Lucas, aquele que era intruso no formigueiro, não lembro o nome do filme... mas me sinto igual a ele. É muito difícil andar por aqui, mas eu preciso achar o Tyler logo, nossa conversa já esperou muito. Meus amigos de quarto se espalharam, minha namorada está beijando uma menina aleatória, minha melhor amiga provavelmente está em um canto assistindo algum edit do nijiro e o restante eu não faço ideia de onde esteja. Bom, eu vou curtir enquanto não vejo o calvo, afinal, estou numa festa, ora bolas!
Passo pelo corredor desviando das pessoas em minha volta. Um cara super bêbado com um saco na cabeça tentou me alugar pra falar sobre carros e aviões, e depois de dois minutos eu notei que o bêbado era o Paulo. Tirei o saco de sua cabeça e disse que ia continuar minha jornada, precisava resolver isso logo. Chegando no saguão, onde tinha a maior concentração de gente, eu vi um palco no centro com uma bateria e um baixo. Certamente Tyler e Josh irão se apresentar hoje, o que é engraçado, porque esse menino acabou de sair do coma e já está aqui e vai cantar, ele é um exemplo pra todos, é o nosso herói! Enfim, percorro os olhos em meio a multidão fedida e não vejo nenhum dos dois, mas como sei que não vai demorar pra que eles cheguem até aqui, decido não sair e me misturar, parecer um deles. Vou até o cooler e pego de lá uma Skol Beats Tropical, desviando de todas as latinhas que tinham ali. Eu tenho pavor de cerveja, nem gosto de imaginar o sabor disso na minha língua, é tão amargo que eu poderia chorar só de provar, prefiro mil vezes tomar suco de macho à uma brahma gelada no copo, se bem que eu gosto de Maltada, uma bebida Pernambucana. É, algo de bom esse lugar tinha que fazer... isso e a minha Reptilia.
Fico ali, quietinho, girando meu colar da Reyna entre meus dedos e bebericando minha doce e saborosa bebida alcoólica, até que tenho meu ombro cutucado por dedos longos.
- Oi, Lian. Quanto tempo. - Digo, me fazendo de indiferente.
- Oi, Roldem... é, eu tive saudades de você, mal pudemos conversar essa semana. - Ele sorri pra mim. Lian tinha em suas mãos um copão de um drink com gin, e eu confesso que salivei muito, até babei em mim mesmo.
- Me dá um pouco do seu copo? - Pido.
- Tem certeza? é meio fraco, você tá tomando algo forte, pode ser pouco pra ti...
- Relaxa, gosto de drinks mais suaves também! - Pego o copo da mão dele e dou um gole, sentindo o sabor frutado na minha garganta, quase tendo uma ereção. - Que delícia, onde você pegou?
- Nem sei, só peguei, bem gostoso, né? - Ele pega o copo de volta. - Mas então, como está... você sabe... seu tio na facção? - Ele sussurra, eu quase não escuto.
- Se eu vou pra fundição? - Fico confuso.
- NÃO! A cobra no seu calção... - Ele sussurra novamente.
- Um dia no minhocão? - Ainda acho que não entendi.
- QUE PORRA! A SUA INVESTIGAÇÃO! - Ele berra, e agora eu ouvi bem muito.
- Não precisa gritar, é só ter dicção... - Disfarço, mas acho que os populares não nos ouviram.
- Você não me escutou! Tive que apelar. - Ele se recompõe. - Enfim, descobriu algo novo?
- Tive um sonho sobre aquele lago poluído e Tyler durante uma semana, depois passou, e olha que engraçado... bem no dia que ele teve alta, engraçado, né?
- Sim, tou rindo. - Ele ri.
- Agora preciso falar com ele e tirar isso a limpo. - Digo determinado, com uma expressão facial irada.
- E como você vai fazer isso, gênio? Vai peitar ele por conta de um sonho? - Lian me dá um tapinha na testa. - Não seja um bobo, você tem que pensar melhor.
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Agreste Indigo
ParanormalSeguir seus sonhos pode ser uma tarefa difícil para a maioria das pessoas, mas para Lucas, era o que o mantinha vivo. Saindo de Ijuí, ele conseguiu conquistar o que queria: entrar para a Academia Mulberry, a maior universidade do país, em Garanhuns...