Desperto de uma vez, muito pensativo e confuso. Eu estive com Tyler ontem a noite, o que garante que isso não vai cair no meu cu? Sempre acontece isso comigo, eu já engoli muita porra calado, já botaram muito no meu cu, já me foderam várias vezes... eu aguentei cada caralho na minha vida que ninguém aguentaria um dia na minha pele, foi muita bolada nas costas, muita paulada por trás... me machucaram intensamente por dentro, já meteram muito pau em mim, mas hoje eu digo que basta! Não aceitarei que me me deixem de quatro novamente, eu provarei que não tenho nada a ver com isso. Aliás, tenho um álibi, o Lian; apesar que não sei se devo confiar nele. O cara apareceu em momentos muito oportunos, fingindo que acreditava em mim e querendo ganhar minha confiança. Eu conheço esse tipo de gente, eu não aguento falsidade, eu fico muito triste quando vejo uma pessoa se aproveitando de mim.
- Cara, tá ai? - Helloi pergunta. - Você parece meio nervoso...
- Eu não tô, porque estaria? Para de me acusar, que saco, eu não fiz nada! Eu só estava no mesmo lugar que ele antes dele sumir, só isso. - Cedo a insistência de Helloi.
- O que você fez? - Paulo arregala os olhos.
- Você é bobo? Acabei de dizer que não fiz nada. - Cruzo os braços.
- Calma, doidão, ninguém tá te acusando. - Ele coloca a mão no meu ombro. - Eu sou preto e carioca, sei o que é ser acusado de algo que não fiz... odeio quando dizem que eu tenho uma pomba imensa só porque eu sou negro, e também odeio quando perguntam se eu tenho um fuzil em casa só porque sou carioca.
- Você tem? - Helloi pergunta.
- Sim. - Paulo confessa.
- Uau, insano! - Digo. - Mas enfim, eu tenho medo de ser expulso, as aulas nem começaram e eu já estou metido em traquinagem, esse sentimento dói.
- Você não sabe o que é dor. Eu vi a morte. - Diz Elias, olhando para a parede. - Nada vai acontecer contigo, te juro. - Ele pega a minha mão e a beija. - Tô com você.
Agradeço Paulo devolvendo o beijo em seu rosto, então me levanto pra ir escovar os dentes, mas quando me viro, vejo Helloi emocionado.
- Que foi?
- Eu tô de TPM... - Ele deixa algumas lágrimas caírem. - E isso é tão bonito, dois brothers se amando, cara, isso é divino... - Ele passa a manga da camiseta no rosto para limpar o rastro das lágrimas.
- Eu tenho quase certeza que só quem menstrua tem TPM, Helloi. - Digo.
- Acho que você está errado. - Ele diz orgulhoso.
- Não... eu tô certo...
- Mas essa é a sua opinião, eu consigo respeitar. - Ele tira a camisa e pega outra para trocar. - Só acho que você é burro.
- Se toca, Helloi bosta! Não é opinião, é um fato! - Aponto o dedo na cara dele.
- E essa é a SUA OPINIÃO! - Ele aponta o dedo na minha cara também.
- Calem a boca os dois, o Roldem nem escovou os dentes ainda e eu cansei de ver os mamilos duros do Helloi, a gente tem que estar no auditório em 10 minutos. - Paulo dá um tapa em nossas mãos. - Vão logo, vocês tem três minutos antes que eu desça o cacete em cada um. - O gigantesco homem nos ameaça, eu meio que gosto.
- Vai me meter o cacete, é? - Boto o dedinho entre os dentes, fazendo cara de perverso.
- Ah se eu vou! - Ele se coloca na minha frente e me pega no colo. - Agora, vai escovar os dentes, menino safado! - Ele me carrega até o banheiro, enquanto eu balanço minhas perninhas tentando fazer ele me largar.
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Agreste Indigo
ParanormaleSeguir seus sonhos pode ser uma tarefa difícil para a maioria das pessoas, mas para Lucas, era o que o mantinha vivo. Saindo de Ijuí, ele conseguiu conquistar o que queria: entrar para a Academia Mulberry, a maior universidade do país, em Garanhuns...