Capítulo 39

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A semana anterior à mudança foi uma verdadeira correria

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A semana anterior à mudança foi uma verdadeira correria. Cada dia parecia mais curto, com listas intermináveis de coisas para providenciar. Audra e sua mãe, sempre tão prestativas e atenciosas, me ajudaram com tudo. Desde escolher móveis simples, mas funcionais, até organizar as caixas com minhas poucas coisas. Apesar do ritmo frenético, eu sabia que esse era um passo importante para mim, algo que precisava fazer sozinha, mas ainda assim, a presença das duas tornava tudo mais leve.

Quando finalmente cheguei ao meu novo apartamento, tudo estava em silêncio. As luzes suaves que entravam pelas janelas deixavam o ambiente acolhedor. As paredes eram de um tom neutro, um cinza claro que contrastava bem com o piso de madeira clara. O apartamento era pequeno, mas tinha tudo que eu precisava. Uma sala integrada à cozinha, com uma janela ampla que dava para a rua movimentada lá embaixo. O quarto era aconchegante, com espaço suficiente para uma cama e um pequeno armário. O banheiro, simples e funcional, completava o lugar. Não havia luxo, mas o ambiente era acolhedor, prático, como eu sempre preferi. Havia uma sensação de paz ali, algo que eu não sentia há muito tempo.

Eu entrei carregando minhas malas, as únicas coisas que ainda me acompanhavam depois de tudo. Coloquei-as no chão e olhei ao redor. Era engraçado como, em tão pouco tempo, tudo havia mudado. Um aperto no peito me fez lembrar do que eu deixei para trás, principalmente dele, Russell. Lembrar do nosso passado juntos era inevitável. O apartamento estava vazio, mas minhas memórias estavam repletas de momentos que vivemos. Havia uma nostalgia pesada no ar.

— Ah, Grace, não me diga que está pensando nele agora! — Audra comentou, com um sorriso malicioso, quebrando o silêncio. Ela sempre tinha um jeito de tornar tudo menos complicado. Sua mãe riu suavemente, enquanto terminava de ajeitar algumas coisas na cozinha improvisada.

— Talvez só um pouquinho — admiti, rindo um pouco, mas sabendo que o "pouquinho" era muito mais do que isso.

Depois que Audra e sua mãe se despediram, o silêncio voltou a preencher o espaço. O tempo passou rápido, e quando percebi, já estava sozinha no apartamento. A noite havia caído, e a rua lá embaixo estava movimentada. Fui até a janela da sala e observei a vida acontecendo quatro andares abaixo. As pessoas passavam apressadas, algumas rindo, outras parecendo tão perdidas quanto eu me sentia. A sensação de estar acima de tudo, mas ao mesmo tempo tão distante de qualquer coisa, era esmagadora.

Enquanto olhava para fora, minha mente começou a vagar. As lembranças da infância vieram à tona. O orfanato, os abrigos, as noites que passei nas ruas frias. Havia uma dor que nunca me deixou, uma sensação de que sempre faltava algo, de que eu nunca seria suficiente. Sobreviver havia sido a única coisa que eu conhecia, mas estar aqui agora, com um teto sobre minha cabeça, me fazia questionar tudo que passei. Tudo aquilo me moldou, mas também me deixou cicatrizes que eu ainda estava aprendendo a lidar.

E então, como sempre acontecia, meu pensamento se voltou para Russell. Lembrei do dia que nos conhecemos. Eu estava no fundo do poço, sem perspectiva, e ele apareceu, tão confiante, tão determinado. Não sabia o que esperar dele, mas a forma como ele me acolheu... Aquilo foi algo que jamais esquecerei. Ele me ofereceu uma saída, uma chance de algo melhor. Eu ri sozinha, lembrando do nosso começo, dos pequenos momentos que compartilhamos. Ele sempre tinha uma maneira de me fazer sentir segura, algo que eu nunca havia experimentado antes.

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