Por que fazemos isso com nós mesmos?
Por que nós não permanecemos na insignificância da nossa existência?
Se somos menos que Mushi
Se somos tão horríveis assim
Por que insistimos em continuar?
Eu olho para o ecrã, e não reconheço a pessoa que sou mais
Sou agarrado à cara da máscara, que é a única coisa que me faz sentir eu, mesmo que não seja
Sempre durmo no vestiário como um cão
Sempre olhando pro ecrã, maldizendo a vida e quem vive
Vendo sempre a nata da repulsa, e do que não devia existirAs chances de nascer são ínfimas, e existir é horrível,
Mas, mesmo assim, todos nós nascemos.
Um deus bondoso e de grande poder não permitiria que seus filhos viessem a nascer
Pois ele sabe como todos vamos sofrer e causar sofrimento.
Num ciclo vicioso e infinito, a humanidade ruma.
Rumo ao caos total, mas nunca se permitindo ser extinta.
Sempre que olho pro ecrã, é fato que verei o nojo da vida
Pessoas que sofrem, pessoas que causam sofrimentos
E pessoas boas e normais, que não sofrem.
Mas é cada vez mais impossível ver a bondade,
Ver a bondade nesta terra pútrida que chamamos de lar,
É cada vez mais impossível.
A vida é jogar uma moeda duas milhões de vezes, e cair sempre cara, e ainda assim é nojenta.
Não deveríamos estar aqui, e talvez tudo se tornasse lindo se até os animais desaparecessem;
Quando olho pro ecrã, nunca vejo alguém com quem eu possa me conectar de verdade
Todos eles fetiches os quais deposito ou ódio, ou amor
Mas nunca são eles quem cruzo no dia a dia,
Afinal, estou sempre apenas
Olhando pro ecrã.