𝖼𝗁𝖺𝗉𝗍𝖾𝗋 𝗌𝖾𝗏𝖾𝗇

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🚨Contém gatilho! Já foram avisados antes, então leiam por sua conta e risco

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🚨Contém gatilho! Já foram avisados antes, então leiam por sua conta e risco.

FUI RECOBRANDO A CONSCIÊNCIA aos poucos e, lentamente, abri os olhos. Não havia claridade, então demorei a entender onde estava, o que é completamente normal. Levo uma eternidade para acordar de verdade.

Olhar para o lado e ter a triste visão rotineira me trouxe desânimo. Por um momento, achei que veria Yoongi deitado ali, sentiria seu abraço quente e receberia um beijo de bom dia mais uma vez.

Mas não era dia e ele não estava ali.

Peguei meu celular, ligando-o e conferindo o horário, duas e cinquenta e seis da manhã. Só então lembrei que havia dormido às quatro da tarde.

Percebendo que o sono não voltaria tão cedo, decidi procurar pelo mais velho. Ele provavelmente estaria no estúdio, e talvez eu conseguisse fazer com que ele voltasse para a cama. Seria difícil, mas não custava tentar.

Segui então para fora do cômodo, rumo ao estúdio, pensando em argumentos que o fizessem voltar para o quarto. Porém, ao adentrar o local, vi que não estava lá. As luzes estavam apagadas e não havia nenhum sinal de Yoongi.

Confusa, fui em direção à sala e, mais uma vez, não encontrei o homem.

Onde ele está?

Pensei então, no único lugar do apartamento que sobrou, a cozinha.

Continuei andando até chegar ao local. A casa estava escura; as cortinas, que fechamos mais cedo, permaneciam da mesma forma. 

Mesmo assim, pude ver a pior cena de toda a minha vida.

O corpo se encontrava largado, como se alguém o tivesse jogado ali. As pernas estavam esticadas, enquanto as costas se apoiavam na porta de um armário. Os braços também estirados, proporcionavam uma visão ainda mais clara da situação. Seu sangue era notável: viscoso, escuro e tenebroso. Nos braços haviam cortes enormes, e a blusa branca agora exibia uma tonalidade vermelha. O líquido escorria em abundancia, tornando impossível ver quaisquer outros machucados.

Não soube como reagir, meus olhos se abriram e minha boca formou um perfeito O.

— O que você fez? — As únicas quatro palavras que consegui pronunciar.

Fazer qualquer mínimo movimento parecia impossível. Por mais que eu me esforçasse, meu corpo não me obedecia. Acho que foi aqui que realmente entendi o que era estar em estado de choque.

Não percebi quando as lágrimas começaram a cair, tampouco percebi quando comecei a tremer. Só sei que nunca me senti tão impotente, tão incapaz.

Afinal o que eu faria?

— O que você fez? — Obriguei meu corpo a se mexer e agachei em frente ao homem. 

Aqueles olhos, que me traziam todos os tipos de sentimentos — amor, tristeza, solidão, dúvida — agora já não tinham mais o brilho de antes; estavam vazios, assim como eu me sentia. Vazia.

— O que você fez? O que você fez? O que você fez? — Minha voz saiu mais alta dessa vez, mais potente. 

Estava apavorada.

O brilho do objeto ao seu lado atraiu minha atenção, apanhei-o e então um novo sentimento se fez presente, a culpa.

Eu não guardei direito.

Segurei a faca e a encarei. Assim como o platinado, ela estava coberta de sangue. Minhas mãos tremeram, um calafrio percorreu meu corpo, e minha mente girou. Senti a culpa me consumir por completo e, sem controle, voltei a chorar.

 — O que eu faço? — Murmurei ainda tremendo com o objeto em mãos.

Não sabia. Pela primeira vez não sabia o que fazer, não sabia como ajudá-lo. 

Estava perdida.

Yoongi continuou me encarando com seus olhos frios, mas desta vez parecia querer dizer algo. Senti suas mãos segurarem as minhas, fazendo com que meus olhos rapidamente se voltassem para ele.

Ligue para ele. — Sussurrou. 

Então, em um fio de esperança, peguei o telefone e digitei os números com a mão que não estava sendo segurada pelo mesmo, um trabalho difícil considerando minha inquietação, mas logo fui atendida.

Ainda tremendo, coloquei o telefone no ouvido, no mesmo momento em que o platinado desmaiou. Seus olhos se fecharam rapidamente, e seu corpo amoleceu, soltando minha mão.

— Ah não, por favor não dorme! — Exclamei. — YOONGI. — Comecei a entrar em desespero.

Hana?  — Ouço, me lembrando do telefone.

— Namjoom. — Minha voz saiu embargada. — Eu não sei o que fazer! Ele está todo cortado e cheio de sangue, não sei o que eu faço. Ele apagou agora, mas não pode desmaiar, o que eu faço? — Cuspo as palavras rapidamente.

— Ha, fala mais devagar...

Por favor eu preciso de vocês, todos vocês. 

Os soluços tomaram conta, e tenho certeza que apenas o meu choro foi ouvido em seguida.

Mesmo odiando pedir dessa forma, eu precisava de ajuda mais do que nunca. Embora fosse óbvio, eu não sabia o que fazer; mesmo querendo, eu não conseguia ajudá-lo, e, apesar de saber que não deveria, eu me sentia culpada.

Culpada por tudo: culpada por dizer que conseguiríamos lidar com isso sozinhos, culpada por não insistir para que ele deixasse os membros se aproximarem novamente, culpada por deixar minha mãe enche-lo de paranoias, culpada por não guardar os objetos afiados corretamente, culpada por não ter percebido suas atitudes otimistas demais ontem, culpada por toda essa situação.

Eu odeio tudo isso, eu apenas queria que ele fosse feliz de novo.

narrator's point of view

Um desejo e tanto, não?

Infelizmente, desejos não se tornam realidade, pelo menos não neste mundo. A realidade é cruel, mas ainda assim, é a realidade.

A vida é dura, mas ainda assim vale a pena ser vivida, porque, apesar de tudo, temos memórias felizes, temos âncoras que nos permitem viver de maneira mais leve, algo que nos impulsiona, nos motiva e nos faz querer continuar.

Algo que nos faz querer seguir em frente.

O que te faz continuar?

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𝐓𝐈𝐌𝐄 𝐁𝐎𝐌𝐁, 𝗆𝗂𝗇 𝗒𝗈𝗈𝗇𝗀𝗂Onde histórias criam vida. Descubra agora