Capítulo 7- A Fuga

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Pov Kylie

Não consigo acreditar que a Malia, realmente, não vai falar comigo...Já passou uma hora e ela não interagiu comigo, estava apenas deitada na toalha, com os seus óculos de sol postos e a conversar com o Joshua e com a Ruby. A minha brincadeira pode não ter sido a melhor, mas não é motivo para ela parar de falar comigo. Deve estar a tentar provar a si mesma que é capaz de me ignorar o dia todo ou, talvez, a semana inteira.

Decidi ir dar um mergulho, amo o mar, poderia ficar a nadar por horas, acho que em outra vida devo ter sido um peixe. A água estava perfeita, deixei-me ficar nela por uns trinta minutos, apenas, a observar as pessoas a passar, a brincar...O meu olhar repousou sobre a Malia, ela não pode ficar sem falar comigo. Reparei que ela estava deitada sobre a minha toalha e resolvi brincar com ela, para tentar quebrar o Iceberg que se criou entre nós.

Saí da água, caminhei, silenciosamente, como ela estava deitada de barriga para o chão, deitei-me sobre suas costas.

- Ai! Mas quem é que...- ela não terminou de falar assim que girou a cabeça e viu que era eu quem estava sobre ela.

- Desculpa, mas estás deitada na minha toalha e precisava de um lugar para me deitar. - disse fazendo a minha melhor cara de inocente. Surpreendentemente, ignorou-me e voltou a falar com os nossos amigos. Eu continuei deitada sobre ela e vou continuar aqui até ela falar comigo, podemos ficar assim o dia todo, eu não me importo...

Pov Malia

A Kylie só pode ter bebido algo, hoje, ela estava extremamente elétrica e libertou a sua criança interior. Agora, encontra-se sobre as minhas costas e eu estou a tentar ignorá-la, porém, o calor do seu corpo deixa-me um pouco desalinhada. Não é que eu não queira falar com ela, mas ela duvidou das minhas capacidades. Além disso, eu não queria admitir que fiquei desesperada por achar que algo lhe tivesse acontecido. Durante esses simples minutos, o medo de não vê-la mais invadiu a minha mente. Pareço uma descontrolada e dramática, no entanto, foi o que senti, naquele momento. Aqui está uma nova coisa que aprendi sobre o amor: Ele deixa as pessoas mais dramáticas.

Apesar de estar a adorar todo este silêncio, provocador, comecei a ficar desconfortável, eu não estava, propriamente, numa posição muito favorável, a minha barriga já estava a doer. Lutei contra o meu orgulho e resolvi falar com a Kylie.

- Kylie, podes sair de cima de mim? A minha barriga está a começar a doer. - supliquei-lhe.

- Ah, afinal falas? - questionou levantando-se.

- Ou falava, ou morria, então preferi falar. - revidei olhando para ela e dando um sorriso sínico.

- Hey, estás a dizer que sou pesada?- ela fingiu que estava ofendida.- Anda, vamos para o mar- ela disse puxando-me.

Ficámos sentadas a observar a dança que as ondas faziam, elas iam e voltavam em completa sintonia, o silêncio que existia entre nós era saudável. Permitiu-nos ouvir o barulho do mar.

A Kylie levantou-se e deixou-se levar pelas ondas, mergulhou e quando o seu rosto perfurou a onda, olhou na minha direção e sorriu. Veio até mim, estendeu a sua mão, com o intuito de eu me levantar e, depois, abraçou-me, com tanta força, que perdi o ar, por meros segundos. Se ela soubesse o quanto eu me sinto confortável nele, nunca me soltaria.

 Eu não queria sentir isto, sei que, no final, me irei magoar. Tudo nela me deixa atordoada parece que me viciei numa espécie de droga, tenho amado tanto sentir esta sensação que me esqueci que somos amigas e não quero que nada mude entre nós, por culpa de um sentimento inventado pelo meu coração. Desfiz o abraço, bruscamente, e saí de perto dela da maneira mais rápida que consegui, numa falha tentativa de fugir. Sabem...aprendi outra coisa sobre o amor: não podemos fugir dele, mas eu irei conseguir!

Running away from loveOnde histórias criam vida. Descubra agora