O rei Leão Alfa e o seu amor secreto

Capítulo - 2

A cidade, onde viviam Shia e Milan, estava na fronteira do "Reino de Rufus."

Essa área havia sido, por muito tempo, uma região próspera para a arte, e, por isso mesmo, ainda havia pequenos ateliês de cerâmica aqui e ali em lugares muito estratégicos. Hoje em dia, quase tudo era produzido em massa em grandes fábricas no meio da cidade, mas, mesmo agora, ainda havia muitos artesãos que cuidadosamente criavam peças bonitas e funcionais, prestando especial atenção aos detalhes, forma e cor.

Neste lugar, metade da cidade tinha oficinas, a outra metade era de famílias de agricultores e uma parte eram fazendas leiteiras. Além disso, as pessoas da cidade eram relaxadas, e até mesmo estranhos como Shia eram voluntariamente aceitos como aprendizes de artesãos, vendedores ou ajudantes de fábrica.

Quando Shia terminou de se vestir e desceu para o térreo, Margo começou a repreendê-lo, dizendo coisas como "a carruagem vai chegar logo" ou que "era completamente irresponsável por não aparecer para comer desde que ela o chamou".

Milan já tinha terminado de comer primeiro e agora estava bebendo uma xícara de leite bem quente.

Margo era uma mulher besta, uma raposa. Afinal, parecia que esta cidade tinha muitos homens besta com ancestrais de raposa, e era comum encontrar famílias inteiras deles em diferentes localidades e bairros. Sua cauda estava escondida atrás de uma saia longa, mas suas orelhas marrons e pontiagudas ainda eram bastante evidentes sobre sua cabeça.

"Obrigado, Margo, por cuidar do meu filho."

Shia nem percebeu que Milan tinha trocado o pijama por outra roupa.

"Você está enganado, Shia. Milan trocou de roupa sozinho."

"Sério? Meu filho? Aquele menino ali?"

"Sim. Ele consegue trocar toda a roupa sozinho agora e até conseguiu encaixar cada botão no buraco certo."

Ele não conseguia acreditar que Milan conseguisse abotoar todos os botões perfeitamente. Quando ele cresceu tanto assim?

Milan sorriu um pouco envergonhado quando percebeu o quão animado seu pai estava e, finalmente, cobriu o rosto com as duas mãos e começou a se encolher no lugar.

Nesse momento, o marido de Margo, Claude, entrou correndo:

"Shia, Milan, a carruagem chegou antes do previsto. É melhor vocês correrem ou ela vai partir sem vocês."

"Ah! Já estou indo!!!"

Ele correu até o segundo andar e pegou a bolsa de viagem que havia preparado. Depois, correndo novamente, colocou um casaco em Milan, colocou um gorro de urso que cobria completamente as orelhas dele e ajeitou o cabelo para que não sobrasse um fio sequer. Era uma peça feita de lã marrom com orelhas redondas e rosto de um urso pardo.

"Vamos sair da cidade, amor, então não tire o gorro até eu te dizer.“

Sempre que saíam para a cidade, Shia dava esse tipo de aviso olhando diretamente nos olhos dele. Milan fez um bico porque dizia que não conseguia controlar a coceira, mas o homem apenas sorriu de maneira enorme e estendeu as mãos em direção ao seu rosto para começar a enxugar as lágrimas que escorriam de seus olhos.

Shia colocava esse gorro de lã para cobrir as orelhas dele porque dessa forma, ninguém poderia dizer de imediato se ele era humano ou um homem besta. Ele não o fazia no verão porque estava muito calor, mas era uma maneira fácil que tinha de disfarçá-lo.

Rufus era um país de homens besta. Originalmente, era um lugar livre e próspero, e desde que o atual rei assumiu o poder, começou a aceitar residentes estrangeiros repetidamente, o que resultou em um aumento significativo da população humana. No entanto, ainda eram uma minoria, e como Shia era um humano sem orelhas ou rabo e, além disso, estava acompanhado de uma criança besta, isso despertaria suspeitas.

Chamar atenção na capital real seria um suicídio em todos os sentidos.

Enquanto se preparava para sair, Margo embrulhou o café da manhã que ele havia perdido e preparou uma marmita e uma garrafa de água.

"Obrigado, Margo. Eu te amo!"

"Se realmente me ama, por favor, acorde cinco minutos mais cedo na próxima vez".

Depois de cutucá-lo nas costelas, Shia não pôde responder mais nada sem começar a rir.

"Vou considerar. Vamos, amor. Vamos."

Quando saiu do quarto, a carruagem já estava estacionada na rua em frente. Claude trouxe a bolsa de viagem enquanto Shia corria para o carro com um bebê nos braços, que não parava de dizer que o gorro estava coçando os olhos.

"Obrigado a ambos! Muito obrigado!"

Depois de conseguir entrar na carruagem, eles partiram imediatamente em direção à capital.

"Diga "adeus" amor".

"Adeus!"

Se despedindo do casal, Shia e Milan acenaram para eles pela janela da carruagem antes de fechar ascortinas.