Capítulo - 11

182 45 1
                                    

Durante o ano e meio que passou com Vislan no país de Kanus, raramente falava sobre si mesmo. Frequentemente, falava sobre Rufus como um país, mas nunca sobre sua família.

De vez em quando, no entanto, conseguia entender as complexidades do ambiente familiar de Vislan ao juntar o que era dito entre linhas. Por exemplo: Vislan mencionou que era o mais novo de cinco irmãos e tinha uma mãe diferente. Também contou que a maioria das pessoas era polígama e que, por isso, seu pai conseguiu ter duas esposas. Uma secundária e uma legal. A esposa legal deu à luz o primeiro e o terceiro filho, a esposa secundária deu à luz o segundo e o quarto filho, e uma amante deu à luz o filho mais novo, Vislan.

A mãe de Vislan morreu quando ele tinha quatorze anos. E o filho mais velho, seu meio-irmão, morreu de uma doença pouco antes de ele ir para Kanus estudar.

Ao ouvir isso, Shia se sentiu mal. Vislan parecia querer dizer isso há muito tempo.

"Já se passaram dez anos desde que minha mãe morreu. Mas, desde que nasci, tenho vivido separado dos meus irmãos mais velhos."

Depois disso, ele imediatamente mudou de assunto, então Shia imaginou que não queria entrar em muitos detalhes.

Como Shia havia decidido "mudar" sua personalidade no meio do segundo semestre, começou a interagir com outros estudantes, tanto mais jovens quanto mais velhos, para tentar fazer amigos. Até então, sempre que estava com Vislan e alguém lhe falava, ele dava um passo para trás e tentava não participar da conversa o quanto fosse possível. Depois de decidir que iria ser diferente, preferiu ficar onde estava e fazer um ou dois comentários que sempre terminavam em risadas. Às vezes, tomava a iniciativa de falar com outros estudantes e, lentamente, a cada dia, começaram a se aproximar de sua carteira para perguntar sobre a lição de casa ou dizer coisas muito simples, como: "Você está estudando para os exames finais?"

No início, ele se desconcertou, mas mesmo quando estava inseguro a respeito, assentia com a cabeça e se esforçava para falar e responder de forma tão dinâmica quanto fazia quando estava com Vislan.

E assim, Shia começou a sair de seu casulo. Foi realmente um processo gradual.

No entanto, no dormitório, Vislan e Shia estavam abraçados ou de mãos dadas, e quando saíam ou se desejavam um bom dia, alguns estudantes ainda zombavam dele, dizendo coisas como: "Já vão se beijar?" De uma maneira bastante grosseira.

Sólo reclamava, chamava-os de "idiotas", mas não brigava com eles. Afinal, perder tempo escolhendo palavras para responder era um esforço desnecessário, e era bem sabido por todos que o tempo de um estudante era limitado e efêmero. E como o próximo ano seria o último da faculdade, seria mais prudente aproveitar o momento juntos do que desperdiçá-lo com coisas que na verdade não significavam nada para sua vida.

"Por quanto tempo você vai ficar aqui, Vis?“

Shia ainda estava se decidindo se iria para a escola de pós-graduação ou conseguiria um emprego. No entanto, se possível, gostaria de ficar com Vislan o maior tempo possível e fazer algum tipo de plano que se ajustasse aos dois.

A temporada já havia se tornado inverno e, no país de Kanus, onde essa estação era especialmente severa, costumava-se usar um aquecimento central, no qual o calor da lareira na sala de estar era transportado por toda a casa através de condutores que percorriam as paredes. O quarto em que estavam agora tinha aquecimento no chão, utilizando o vapor que se desprendia das águas termais, mas, ainda assim, o frio era bastante assustador. Durante a primavera e o verão, conversavam à mesa no centro do quarto, mas agora que o clima frio havia se intensificado, Vislan e Shia, em vez de compartilhar suas bebidas, estavam deitados na cama e cobertos até o nariz.

O rei Leão Alfa e o seu amor secretoOnde histórias criam vida. Descubra agora