O rei Leão Alfa e o seu amor secreto

Capítulo - 13

A véspera de Ano Novo foi muito divertida ao estar com Vislan. Durante o inverno, Shia e Vislan cavaram secretamente uma vala fora da casa de banhos e conseguiram despejar água termal e água de poço nela. Estava lamacento porque abriram a terra de maneira desorganizada, mas nunca pararam de rir. Quando o diretor os encontrou, os repreendeu tão severamente que começaram a pensar que ele poderia lhes dar um castigo, mas, no final, o diretor também se animou a mergulhar nas águas termais e se tornou cúmplice. Comentava-se por toda parte que o homem estava tentando ser gentil para convencer Vislan a ficar na universidade no futuro.

"Se Shia for para a escola de pós-graduação, eu também irei."

Então, eles iriam fazer um negócio juntos. Essa sempre foi a promessa.

Uma vez que percebeu o quanto estava apaixonado por ele, o corpo de Shia esquentava tanto que dormir na mesma cama se tornou uma tortura. Felizmente, a posição normal de Shia era dormir com Vislan abraçando suas costas, então ele pensava que Vislan não deveria ter notado o quanto ele estava nervoso ou o calor que sentia quando sentia suas mãos em seu corpo.

Enquanto isso, os dias passaram e começou o terceiro semestre do novo ano, e depois chegaram as férias de primavera. Shia era um estudante do quarto ano agora, e isso significava que esse seria seu último ciclo na universidade.

Graças a Vislan, um nobre que veio estudar no exterior e se acomodou no dormitório da universidade, começaram a chegar mais homens-besta do que nunca na história do campus. Aparentemente, houve uma pequena disputa sobre aceitar ou não mais deles na instituição, considerando sua natureza e seus ciclos de cio, e, no entanto, no final era bastante evidente que tudo estava cheio até o topo.

Há algum tempo, eles estavam conversando sobre como seria bom se o número de estudantes "homens-besta" aumentasse, mesmo que fosse apenas um pouco. Mas Shia e Vislan nunca imaginaram que isso aumentaria tanto a ponto de se tornar algo assim.

"Meu nome é Kyare Callum. Na verdade, tenho um nome mais longo, mas é demais até para mim. Kyare é mais do que suficiente."

O novo estudante, outro homem-besta, se posicionou em frente a Shia e lhe mostrou um sorriso bastante bonito. Ele não usava um chapéu como os outros e exibia orelhas pontudas e fofas que apareciam o tempo todo entre seu cabelo prateado. Além disso, embora sua cauda estivesse escondida sob as calças, era possível imaginar que ele fosse da raça dos gatos apenas pela sua expressão. Ou seja, ele tinha um ar bastante distinto ao seu redor e Shia o viu lamparina-se a mão uma vez. Para completar, usava um colar ao redor do pescoço que era mais grosso na parte de trás para cobri-lo.

Já tinha dito, a maioria dos homens-besta em Kanus escondia suas orelhas, mas ele parecia estar bastante orgulhoso de sua espécie. Também gostava que seus olhos parecessem determinados.

"Vislan-senpai, soube de você por um primo distante. Desde então, sempre sonhei em me matricular aqui e conhecê-lo!"

Vislan e Shia estavam almoçando no gramado do campus universitário quando ele chegou e começou a se apresentar. Ao mesmo tempo, também puderam notar que havia alguns outros estudantes olhando na direção deles com olhares incrivelmente ansiosos. Independentemente de serem homens-besta ou humanos, todos admiravam os aristocratas estrangeiros que eram fortes, bonitos, academicamente excelentes e cavalheirescos. Shia se sentia orgulhoso como amigo, mas ciumento como amante.

"Prazer em te conhecer, Callum."

"Isso não está certo, Vis-senpai. Por favor, me chame de Cal."

Em resposta a Vislan, que lhe falou com uma atitude suave e cavalheiresca, Cal lhe deu um tapinha no ombro enquanto sorria. O homem-Leão riu por um momento, "Haha", mas não disse mais nada depois disso. E ao ver Shia engolir o último pedaço de pão do almoço, levantou-se e o agarrou pela camisa de tal maneira que Shia também pareceu se assustar.

"Bem, nos vemos depois. Tenho algo para fazer com Shia."

Antes que pudesse responder, Vislan entrelaçou seus dedos com os dele e começou a caminhar em direção à porta de entrada. Na verdade, ele estava incomumente insistente e se sentia como um boneco de pano sendo arrastado contra sua vontade.

"Ei!"

Depois de caminhar um pouco e se afastar de Cal, Vislan finalmente pediu desculpas.

"Desculpe. Eu queria fugir rápido. Isso me fez sentir estranho."

Foi estranho perceber que Vislan claramente não parecia bem para conversar com os Ômega, mesmo sendo sempre cavalheiro com cada pessoa no campus. Ele nunca dizia nada ruim para ninguém, nem mesmo para alguém com uma atitude ruim.

Quando Shia perguntou "Por quê?", Vislan coçou a cabeça, envergonhado, e respondeu:

"Em outras palavras, tenho medo."

"Por que você tem medo?"

Afinal, ele era um jovem magro e muito mais baixo que Shia.

"Porque ele é um Ômega. Se ele entrasse no cio na minha frente, eu não seria capaz de resistir. Não quero passar por isso."

Shia voltou a lembrar dos hábitos de seu mundo: se um Alfa fosse provocado pelo cheiro do cio de um Ômega, ele seria obrigado a entrar no calor e perderia a razão.

No entanto, mesmo que isso acontecesse, ele sabia que não era esse tipo de pessoa e também podia apostar que ele pararia antes de machucá-los.

Como se lesse seus pensamentos, Vislan murmurou: "Pode ser um delírio de perseguição, mas prometo que estou assustado. Não sou bom em me controlar nessas circunstâncias. Já experimentei isso acidentalmente uma vez e é... Até doloroso."

Shia o tomou pela mão.

"Está bem. Vamos procurar um lugar tranquilo então, certo? Onde ninguém possa nos incomodar."

Quando ele sugeriu isso, Vislan mostrou uma expressão de alívio e imediatamente passou a exibir um sorriso doce.

"Ótimo. Vamos procurar um lugar secreto só para nós dois."

<Para nós dois.> Essas palavras fizeram com que ele se sentisse animado. E, embora tenha se surpreendido com a força do empurrão de Vislan e a forma brusca com que ele o puxou, Shia ainda achava que era muito doce.

"Perfeito."

Mas o primeiro incidente ocorreu pouco depois.