Capítulo - 8

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Quando ele perguntou "por que decidiu estudar em Kanus", o homem simplesmente suspirou um pouco e disse:

"Quando estou em casa, as pessoas ao meu redor o tempo todo me pedem para me casar. Acho que estava tentando escapar dessa responsabilidade."

Mas, se ele estava estudando no exterior por uma razão tão estranha quanto essa, então significava que sua vida era bastante acomodada, não é? Shia imaginou um cenário em que ele era o filho mais novo de uma família de condes em Rufus e também pensou que era normal parecer tão mimado devido ao ambiente em que foi acostumado. De fato, pela maneira como falava e se movia, Shia se preocupava com a possibilidade de ele sobreviver neste país com fortes preconceitos e discriminação e decidiu que seria seu amigo enquanto pudesse.

Quando chegou a hora do almoço, Shia levou Vislan para a cafeteria anexa ao dormitório de estudantes. Como era de se esperar, todos o olhavam como se esperassem que ele começasse a voar a qualquer momento e, entre eles, havia alunos que lançavam insultos de maneira bastante aberta:

"Ele é enorme."

"Todos parecem monstros em Rufus?"

"Como era de se esperar, não posso estar no mesmo espaço que um homem-bestia."

"É repugnante vê-lo de perto."

E depois, até o atacaram:

"Shia Lind, cuide do seu traseiro."

Antes que todos começassem a rir.

Shia olhou para o colega que lhe dirigiu palavras tão vulgares e, em seguida, voltou sua atenção para seu novo colega de quarto para se desculpar por todo o espetáculo. No entanto, Vislan olhava para a frente, ainda com um leve sorriso no rosto e com as mãos cruzadas sobre o peito, e então balançou a cabeça dizendo que "estava tudo bem" e que "já havia suportado pessoas piores".

Era quase como se ele não tivesse ouvido nada.

"... Sinto muito."

Depois de pegar um prato de comida na barra, os dois se sentaram na mesa que estava quase no fundo.

O refeitório era gigante, cheio de mesas e pessoas, e isso garantia que eles passariam despercebidos. Vislan parecia ter estudado bem os costumes do país de Kanus e, mesmo sem que Shia o ensinasse, seguiu a etiqueta gastronômica do país tão perfeitamente que parecia até que já havia feito isso antes.

Não se pode dizer que a comida no dormitório de estudantes fosse deliciosa. Não, para ser direto, era terrível. Até mesmo Shia, que não se importava muito com o sabor, às vezes se cansava a tal ponto que passava dias sem comer. No entanto, mesmo que a sopa estivesse salgada e os pãezinhos tivessem partes que pareciam duras demais para mastigar, a maneira como Vislan usava o garfo e a colher era simplesmente linda e elegante, fazendo Shia pensar que estavam em um banquete em algum lugar que não fosse uma escola.

"Sinto muito."

Shia disse isso a Vislan novamente no momento em que ele levava à boca um purê de batata. Vislan parou a mão e inclinou a cabeça:

"Hmm? Do que você está falando?"

"É uma experiência horrível. Os colegas, a comida..."

"Não é sua culpa se desculpar. Está tudo bem, eu prometo que consigo aguentar mais do que isso."

"... Bem, para ser honesto, é exatamente por te ver tão relaxado que me sinto mal."

"Sinto que você está falando comigo com muito cuidado. Por que não tenta me chamar de 'Vis' e pronto? Ver você tão sério é o que está me fazendo sentir mal."

O rei Leão Alfa e o seu amor secretoOnde histórias criam vida. Descubra agora