CAPÍTULO 03

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Cristian saiu do portal ainda ofegante, sentindo o peso da batalha e a excitação de sua primeira grande vitória. Thales estava esperando por ele, visivelmente preocupado, mas também curioso para saber como tudo havia se desenrolado.

Thales: "Como foi lá dentro? Conseguiu a arma?"

Cristian acenou afirmativamente, enquanto ambos começavam a caminhar em direção a uma lanchonete próxima.

Cristian: "Foi difícil no começo... Eu não tinha ideia de como usar minhas habilidades direito. Mas, depois de entender melhor como a Fúria da Sombra funciona, as coisas começaram a se alinhar. Matei o lobo, e o sistema me deu uma SCAR como recompensa. Ela é... diferente. As balas são explosivas, e ainda ganhei um bônus de força."

Thales sorriu, impressionado com o progresso rápido do amigo.

Thales: "Cara, você realmente está indo bem! Mas, se gastou toda essa energia, nada melhor que repor com comida, né?"

Cristian riu, sentindo sua barriga roncar em resposta. Estava faminto depois do esforço no portal, e a ideia de uma boa refeição era tentadora.

Ao chegarem na lanchonete, o lugar estava um pouco cheio, como era de se esperar naquele horário de pico em Belo Horizonte. Ambos estavam distraídos, conversando sobre a missão, quando Thales, sem querer, esbarrou em um jogador que estava apressado.

Carlos: "Quem é você, moleque, pra esbarrar assim em mim?"

Thales rapidamente se virou para pedir desculpas, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, os amigos do jogador começaram a rir. Carlos, ao reconhecer o irmão ao lado de Thales, mudou sua expressão para uma de escárnio.

Carlos: "Ah, então é aqui que meu maninho está. Vai voltar pra casa, não? Ou foi tão vergonhoso ser um fracassado que você preferiu fugir?"

Cristian sentiu o estômago revirar, não só pela fome, mas pelo desprezo na voz de seu irmão. Carlos sempre soubera como feri-lo com palavras, e aquele momento não foi diferente. O silêncio pairou no ar, enquanto Cristian tentava controlar a raiva que crescia dentro de si.

Cristian respirou fundo, preparando-se para se defender das ofensas do irmão, mas foi surpreendido por Thales, que interveio com firmeza.

Thales: "Olha, não fala assim com seu irmão. Ele é uma pessoa ótima, mesmo eu o conhecendo há pouco tempo. Ele tem algo especial. Sempre lutou pelo bem da família, e a batalha dele começou muito antes desse sistema. Ao contrário de você, que só pensa em mulheres, ele é um cara de caráter, em quem se pode confiar."

Cristian ficou sem palavras. Ninguém jamais havia falado tão bem dele na sua frente, e a sinceridade de Thales o tocou profundamente. Carlos, por outro lado, estava indignado. Quem era Thales para falar assim com ele? E como ele conhecia seu irmão? Até onde Carlos sabia, Cristian não tinha amigos, muito menos alguém que o defendesse.

Quando Carlos estava prestes a responder, seus amigos começaram a rir, zombando da situação e da resposta bem dada por Thales. Um deles deu um tapinha nas costas de Carlos.

Amigo de Carlos: "Deixa pra lá, Carlos. Vamos embora. Outra hora você dá o troco. Já passou vergonha demais por hoje."

Carlos foi embora irritado, com a raiva fervendo dentro dele e a determinação de descobrir quem era Thales e qual a relação dele com seu irmão.

Cristian e Thales respiraram aliviados. Finalmente, poderiam ter uma refeição em paz. Enquanto se acomodavam em uma mesa, Cristian virou-se para Thales, ainda surpreso com o que acabara de acontecer.

Cristian: "Obrigado, Thales... Sério, por me defender daquele jeito. Ninguém nunca fez isso por mim."

Thales: "Não foi nada, Cristian. Na verdade, já estava querendo calar a boca do Carlos há um tempo. Não entendo como ele pode tratar você tão mal."

Os dois começaram a comer, desfrutando da companhia um do outro e da sensação de segurança. Era raro para Cristian sentir-se assim, tão acolhido. No meio da refeição, um garçom chamado Ícaro aproximou-se da mesa.

Ícaro: "Com licença, eu não pude deixar de ouvir a conversa de vocês. Sou Ícaro, e faço parte de uma guilda recém-criada. Estamos procurando jogadores especiais como vocês dois. Tenho certeza de que o sistema vai falar com vocês em breve sobre isso."

Cristian e Thales se entreolharam, intrigados. E, como Ícaro havia previsto, o sistema se manifestou logo depois.

[Sistema Alerta]

Aviso: Não confiem em qualquer guilda por enquanto. Sua própria guilda será criada em breve. Aguarde mais informações.

Cristian e Thales ficaram pensativos. A oferta de Ícaro parecia tentadora, mas o aviso do sistema os fez hesitar. Eles concluíram a refeição em silêncio, processando todas as novas informações.

Enquanto Cristian e Thales terminavam sua refeição, o telefone de Thales tocou. Era Bárbara, e ela não parecia feliz.

Bárbara: "Onde vocês estão? Já passa das 12h, a feijoada está esfriando, e se vocês não aparecerem logo, vou expulsar os dois do apartamento!"

Os dois riram ao ouvir a bronca, rapidamente pagaram a conta da lanchonete, e pegaram um Uber para voltar para casa o mais rápido possível. Durante o trajeto, Cristian estava pensativo. Sentia que precisava voltar para casa, pelo menos para conversar com sua mãe. Talvez ela pudesse explicar melhor o que havia acontecido. Estava decidido: depois do almoço, iria vê-la sozinho. Não podia depender de Thales o tempo todo; tinha que resolver as coisas por conta própria também.

O almoço foi tranquilo, com Bárbara e Thales brincando muito com Cristian, o que o deixava à vontade. Eles riam e conversavam, e por um momento, Cristian se sentiu parte de uma família que realmente se importava com ele. Mas a leveza da refeição foi interrompida pelo som da campainha. Quando Cristian foi atender, ficou surpreso ao ver sua mãe, Abigail, na porta. Como ela havia o encontrado?

Abigail entrou sem dizer muito e pediu para falar com Cristian em particular. Eles foram para o escritório, enquanto Thales e Bárbara observavam de longe, um pouco preocupados. Cristian estava nervoso, mas ao mesmo tempo esperançoso de que finalmente teria algumas respostas.

No escritório, Abigail virou-se para ele com uma expressão fria e calculista.

Abigail: "Olha, Cristian, vou ser breve. Tome esse dinheiro." - Ela colocou um envelope cheio de notas sobre a mesa. - "Vai ser o suficiente para você sobreviver o resto da sua vida. Mas não nos procure mais. Não queremos ter um filho como você. Todos esses anos foram horríveis, aguentar você. Seu pai nem sabe que estou aqui, e muito menos que te dei esse dinheiro. Esse é nosso segredo."

Cristian sentiu o chão desabar sob seus pés. As palavras de sua mãe o atingiram como um golpe mortal. Tudo que ele havia feito, todo o esforço para cuidar da família, não significou nada para eles. As lágrimas começaram a rolar por seu rosto, mas ele sabia, no fundo, que essa seria a última vez que se deixaria humilhar daquela maneira.

Abigail, vendo o estado do filho, ainda acrescentou:

Abigail: "E eu não sei como você conseguiu seduzir aquele garoto, Thales. Mas aproveite a boa vida que ele pode te dar. Viva ao máximo."

Cristian caiu no chão, sentando-se enquanto chorava, incapaz de acreditar que tudo aquilo estava realmente acontecendo. Abigail saiu da sala com um sorriso satisfeito, certa de que havia feito o que era necessário para ser feliz.

Pouco depois, Thales apareceu, e ao ver Cristian no chão, em lágrimas, não hesitou. Ele correu até o amigo e o abraçou com força, sem fazer perguntas. Sabia que o que quer que tivesse acontecido era delicado, e que Cristian falaria sobre isso quando estivesse pronto. Com a voz suave, Thales apenas disse uma coisa que fez o coração de Cristian acelerar.

Thales: "Calma, Cristian, eu estou aqui por você. Nunca vou te abandonar."

O Eclipse do Rei Sombrio / Vol 1Onde histórias criam vida. Descubra agora