Na manhã seguinte, Cristian estava na janela do quarto, observando o início do movimento pelas ruas de Belo Horizonte. O sol ainda estava baixo no horizonte, banhando a cidade com uma luz suave. Ele estava perdido em pensamentos, seus olhos fixos na cidade abaixo.
Thales, que havia acabado de acordar, notou a expressão séria de Cristian e se mudou em silêncio. Ele o abraçou por trás, envolvendo-o com seus braços, e inclinou a cabeça para cheirar o pescoço de Cristian, como se quisesse capturar o momento e o cheiro de sua pele.
— O que o meu soberano tanto pensa, hein? — murmurou Thales, sua voz suave e carinhosa, tentando a aliviar a tensão que ele sentiu em Cristian.
Cristian chegou sério, ainda olhando o horizonte por alguns segundos antes de se virar para Thales. Seu rosto foi marcado por uma preocupação profunda.
— Quando eu fui sugado pelo buraco ontem... — começou ele, sua voz grave. — Encontrei uma mulher. Ela disse que Dominic foi apenas um teste de força.
Thales franziu o cenho, preocupado.
— E o que mais ela disse? — Disse, a leveza de antes desaparecendo à medida que a gravidade da situação se instalava.
Cristian respirou fundo, sentindo o peso das palavras que primeiramente compartilhei. Ele sabia que a batalha com Dominic tinha sido intensa, mas a ideia de que aquilo era apenas o começo fazia o perigo parecer ainda mais real.
— Ela disse que o verdadeiro desafio começa agora. Que essa guerra foi apenas um prelúdio para algo muito maior. E que nem todos os deuses estão ao nosso lado — completou Cristian, olhando nos olhos de Thales, tentando encontrar alguma forma de consolo ou compreensão.
Thales abriu seus braços ao redor de Cristian, sentindo a gravidade das palavras. Eles sabiam que tempos difíceis estavam por vir, mas naquele momento, a única coisa que podiam fazer era ficar juntos e se preparar para o que viesse.
Thales observou Cristian por um momento, percebendo a seriedade em seus olhos. Ele suspirou, aliviando tentando a tensão.
— Então nossa guerra não acaba aqui — disse Thales, tentando manter o tom leve. — Eu sabia que não me acostumaria mesmo com Belo Horizonte tão calma assim.
Cristian deu um sorriso de canto, mas o peso da conversa anterior ainda pairava sobre ele. Ele respirou fundo, tentando se concentrar em outra coisa.
— Bárbara me disse que hoje a gente vai para o restaurante Sabor de Minas. Parece que da última vez que eles foram, a gente não estava — disse Cristian, mudando de assunto, mas logo retomou o olhar sério. — E tem outra coisa que eu queria falar... Por que não me disse que você não é um deus completo ainda?
Thales se atrasou um pouco, desviando o olhar. Era um assunto delicado, um que ele evitava tocar.
— Se eu me tornar completo, não vou poder mais viver na Terra com você — Thales confessou, a voz mais baixa. — Então escolhi ter só metade da minha capacidade. Prefiro estar ao seu lado do que ser um deus pleno.
Cristian ficou em silêncio por um momento, absorvendo o que Thales havia aqui. Então, com um movimento lento e deliberado, ele segurou o queixo de Thales, obrigando-o a olhar nos olhos. Sua expressão era fria, mas o tom de sua voz tinha uma atenção especial.
— Vamos dar um jeito de completar sua força sem que isso nos separe, Thales. Eu não vou perder você.
Thales sentiu uma onda de emoções ou invasão. Ele sabia que Cristian era determinado, mas ouvir aquelas palavras trouxe uma mistura de esperança e medo. Ainda assim, ele confiava no seu soberano, sabendo que juntos poderiam enfrentar qualquer desafio que viesse pela frente.
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O Eclipse do Rei Sombrio / Vol 1
AventuraO Eclipse do Rei Sombrio Cristian, um jovem comum que trabalha como garçom em Belo Horizonte, vê sua vida virar de cabeça para baixo quando um portal para outro mundo surge na estação de metrô, trazendo monstros e um misterioso sistema que transform...