— Finalmente encontrei você, Paint! Já voltei para casa várias vezes, mas continuei sentindo sua falta. A propósito, você pegou o violão que deixei com a mamãe para devolver para você? Já mandei. Sabe, está ficando difícil encontrar você hoje em dia.
— Hum, sim, entendi — Paint respondeu.
Foi desconfortável. Dentro da casinha aconchegante, Paint mexia-se desajeitadamente no sofá. Ele costumava ficar emocionado sempre que via o homem alto e magro com um sorriso que fazia seus olhos semicerrar. Mas então, ele desejou que o Phi da casa ao lado fosse para casa rapidamente. O motivo foi a expressão nos olhos do homem sentado ao lado dele.
Paint nunca achou seu tio assustador, mas sim, naquele momento, Aphros parecia intimidador. Não porque ele tivesse uma expressão feroz ou um olhar ameaçador, mas porque ainda era o mesmo Aphros com um sorriso descontraído e fácil. No entanto, quando aqueles olhos se fixaram nele sem desviar o olhar, Paint sentiu como se facas afiadas estivessem cortando sua carne.
— Aqui está sua água, Phi.
— Obrigado.
— De nada. Sinta-se em casa.
Mesmo quando seu Phi se virou para sorrir para sua irmã mais nova, Pai, e pegou o copo d'água para bebericar, Paint ainda sentia como se a aura ao redor de Aphros fosse um furacão rodopiante cortando sua pele. Ele só conseguiu forçar um sorriso para o Phi da casa ao lado, que conversava com entusiasmo.
— E onde está o meu?
— Sua casa é logo ali. Vá beber em sua própria casa.
— Ei, Ruup! — Paint rapidamente repreendeu seu irmão mais novo, que o interrompeu do nada. Este encolheu os ombros com indiferença e esticou os braços para evitar que o irmão fosse à cozinha buscar água para o outro hóspede.
— O que eu fiz para deixar você com raiva, Ruup? Sempre fui um bom irmão para você.
— Eu só tenho um irmão — Ruup murmurou baixinho, deixando Paint sem saber como repreendê-lo. Felizmente, o vizinho parecia acostumado com o comportamento do irmão gêmeo e continuou a conversa sem problemas.
— Vim agradecer a você, Paint, pelo que você fez da última vez. Muito obrigado. Se não fosse por você, eu estaria em apuros. Nunca pensei que esqueceria o anel. Fiquei tão animado naquela noite, fiquei abrindo a caixa para conferir, não percebi que deixei cair. Acordei tarde na manhã seguinte, peguei o que pude e fugi.
— Idiota — mais uma vez, Ruup interrompeu calmamente, tão suavemente que o contador de histórias provavelmente não ouviu.
Paint sorriu sem jeito, mas de alguma forma a aura intimidadora de seu Phi pareceu desaparecer e seu sorriso relaxado se transformou em um sorriso satisfeito.
— Vocês dois estão no 11º ano, certo? — Aphros virou-se para os gêmeos, que passaram de mal-humorados a sorridentes e respondendo educadamente.
— Sim, Phi. Teremos nossos exames finais em breve.
— Vocês já decidiram sobre uma universidade?
— Ainda estamos procurando, mas Ruup pode não conseguir me seguir até a mesma.
— Desculpe por ser burro.
Paint suspirou de alívio, sentindo a atmosfera aliviar significativamente, e sorriu para o Phi da casa ao lado.
— Não é só graças a mim, na verdade. Você deveria agradecer a sua mãe por vasculhar as coisas naquele dia, e também agradecer a Aphros. Se fosse só eu, como eu poderia chegar a Khao Yai? Não tenho carro — Paint não estava dizendo isso para agradar o outro homem; era verdade que a proposta não desmoronou por causa do tio. Ele sozinho não teria conseguido.