꧁༺ 𝔈𝔡𝔦𝔢𝔱𝔥 ༻꧂

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ℙrólogo

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ℙrólogo

  O garoto estava sendo levado a um lugar que nunca tinha visto antes. A grandeza do palácio e seu brilho o deslumbravam a cada passo. Olhando por cima do ombro, ele viu que os dois guardas ainda o acompanhavam de perto, e uma pergunta o consumia: por que precisavam dele, justamente dele? Será que havia feito algo errado?

Quando chegaram aos degraus, foi revistado. Claro, como se um garoto de doze anos pudesse portar algum tipo de arma.

Assim que adentraram o jardim imenso, percebeu que aquele espaço facilmente ocupava metade da estrutura do orfanato onde crescera. A porta de entrada era desnecessariamente alta, e o interior luxuoso o fazia questionar se o orfanato algum dia poderia se comparar àquilo. Ele sabia que não.

Uma figura se destacou no salão, iluminada pelo sol. Descia ao centro, e as maiores e mais graciosas asas que o rapaz já havia visto bateram até desaparecerem quando os pés encontraram o chão.

O homem tinha cabelos dourados sem um fio fora do lugar, uma postura ereta e olhos verdes como esmeraldas que observavam o garoto de cima a baixo, notando seus cabelos sujos, roupas rasgadas e pés descalços que sujavam o chão impecável. O órfão teve a impressão de que o homem não estava nem um pouco satisfeito com aquilo.

Sua expressão neutra o deixava ansioso, imaginando o que ele pretendia fazer. O garoto percebeu, então, que estava diante do príncipe. Ajoelhou-se de imediato, fazendo uma reverência apressada como sabia, com o coração disparado. Sentia-se um tolo e, pior, sujava ainda mais o chão com seu corpo imundo.

Os passos do príncipe ecoaram pelo salão e pararam bem próximos. O rapaz não ousou levantar o olhar, rezando para que sua punição não fosse tão severa.

As botas impecáveis do príncipe surgiram em seu campo de visão, e ele manteve a cabeça abaixada.

— Qual é o seu nome? — a voz do príncipe era firme, carregada de autoridade.

O garoto sentiu-se obrigado a responder.

— Lanyarinn Althus, vossa Majestade — disse, a voz trêmula.

— Por que achou que poderia enfrentar um kohan sozinho, Lanyarinn?

O órfão não respondeu. Sabia a razão, mas recusava-se a lembrar o que havia acontecido na noite anterior.

— Olhe para mim — ordenou o príncipe.

Hesitante, Lanyarinn levantou os olhos, encontrando o olhar rígido e inexpressivo do homem.

— Sabe por que está aqui? — o príncipe continuou.

O rapaz balançou a cabeça em negação, mas podia imaginar. Estava quase implorando para não ser punido por ter deixado o kohan escapar.

O príncipe estendeu a mão, e sua expressão suavizou um pouco. Lanyarinn hesitou antes de oferecer sua mão suja, mas quando o fez, o príncipe não pareceu se importar.

— Você possui um domínio da magia acima do comum — admitiu o príncipe. — É impensável continuar em um orfanato para humanos.

Lanyarinn, esperançoso, imaginou se seria enviado para um orfanato em Astoria, onde teria aulas de magia, algo inexistente entre os humanos. No entanto, o príncipe ergueu a mão em sua direção, como se tivesse lido sua mente, e disse:

— Escolas de magia não estão aptas para receber um talento como o seu. Deixe-me fazer de você meu aprendiz.

Lanyarinn sentiu o coração acelerar. Eu, aprendiz do príncipe? Pensou que talvez estivesse alucinando após a noite anterior, era difícil acreditar.

Arriscou olhar nos olhos do príncipe e, pela primeira vez, viu neles algo acolhedor, quase solidário. Não era o príncipe de antes, mas alguém que o reconhecia. Um sorriso de alegria e ansiedade escapou de seus lábios. Não, só podia estar sonhando, não havia outra explicação.

— Está falando sério? — perguntou, imediatamente cobrindo a boca, arrependido por ter se dirigido ao príncipe naquele tom.

O príncipe sorriu, confirmando. Mas como nada é perfeito, a animação de Lanyarinn rapidamente deu lugar à incerteza quando se lembrou de seu maior defeito, aquele que era impossível de mudar. E, mais cedo ou mais tarde, o príncipe descobriria.
Decidiu contar-lhe.

— Vossa Majestade — começou, curvando-se —, há algo que precisa saber sobre mim.

Mesmo assim, o garoto estava determinado. De alguma forma, ele faria o príncipe se orgulhar. Estava certo disso.

A Queda de AhasaliaOnde histórias criam vida. Descubra agora