Em meio às dificuldades e frustrações para executar seu plano de se tornar Corsário, Law definitivamente não esperava encontrar um novo usuário da Nagi Nagi no Mi, a Fruta do Silêncio. Tampouco imaginava que a Caçadora Silenciosa, herdeira dos poder...
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Foram precisos seis longos e intermináveis meses para que Ágappe desse qualquer sinal de vida. Pensei que o tempo e a distância me ajudariam a esquecer a paixonite ridícula que havia desenvolvido por ela; que, à época em que ela retornasse ao Polar Tang, eu estaria livre daquela inquietação enlouquecedora e do apego desesperador que sentia. Só que assistir seu reencontro com Hunter apenas desencadeou o efeito contrário.
Ele havia batido nela. Aquele desgraçado de um olho só dera um tapa no rosto da minha caçadora. E ainda tivera a audácia de abraçá-la depois, como se não tivesse acabado de humilhá-la.
A cena me deixara tão revoltado, tão cheio de ódio e aversão que fiquei completamente paralisado. Quando finalmente consegui me recompor, os dois já estavam se afastando, dirigindo-se ao QG da Organização ou sabe-se-lá aonde aquele filho da puta pretendia levá-la. Então, precisei ignorar a urgência em segui-la e arrancá-la dos braços dele e voltar sozinho para o porto, onde embarcaria em um navio anônimo para retornar à Colina Violeta e encontrar minha tripulação.
As primeiras semanas foram torturantes. Não conseguia me concentrar em nada, os pensamentos constantemente se voltando para Ágappe, para sua segurança e para a cena de Hunter agredindo-a com tanta brusquidão. Mal conseguia dormir, me perguntando como ela se sentia, se estava bem, se ainda estava viva. E, principalmente, quanto tempo levaria até que ela estivesse sob a minha proteção outra vez.
Porém, fosse por cansaço mental ou mera resignação, por volta do segundo mês, minha mente pareceu virar a página. Em vez de me afligir com cenários cada vez mais perturbadores sobre as coisas que a Caçadora Silenciosa poderia estar enfrentando, comecei a sentir muita falta dela. Estranhava o silêncio que havia reivindicado os corredores e a maneira como permanecíamos submersos em tempo integral, sem a necessidade de subir à superfície para que um certo alguém pudesse fumar. Sua ausência gritava, inequívoca e irremediável, e não foram poucas as vezes em que me peguei desejando ir à Cidade das Estrelas apenas para trazê-la de volta.
E foi a partir daí que veio a pior fase de todas, na qual eu me encontrava completamente preso, como um rato em um labirinto sem saída. Quando comecei a sonhar com seu retorno, preso em devaneios absurdos de como a receberia com um abraço apertado — um abraço de verdade, e não aquela nojeira que Hunter havia feito com ela — e como ela abriria aquele lindo sorriso para mim outra vez. Passei a imaginar como seria cheirar seu cabelo e sentir o calor de seu corpo contra o meu, e se ela se incomodaria se eu alisasse suas bochechas com os dedos e segurasse suas mãos. E, antes que me desse conta, me vi completamente obcecado pela caçadora, mais enrolado naquela atração sem precedentes do que quando ela ainda estava por perto.
Frequentemente me flagrava pensando em suas tatuagens escuras, no formato de seus lábios, em seus dedos ágeis ajustando as trincas de suas pistolas. Os pensamentos quase sempre evoluíam para fantasias perigosas, nas quais eu a segurava pela cintura e mordia seu pescoço e percorria cada centímetro do seu corpo com a língua. Cheguei a até mesmo sonhar, no sentido literal, com Ágappe; sua boca macia, suas unhas compridas arranhando meus braços, a respiração descompassada, arfando e chiando e choramingando sob o meu controle.