Capítulo 10 - Weight of truth

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Camila Cabello.

Eu já estava acordada quando o despertador tocou exatamente às seis da manhã, como de costume. Havia adormecido tarde, meus pensamentos se dividindo entre a conversa com Dinah e a necessidade de me resolver com meus pais. Não importava o quanto eu estivesse tentando focar em meus estudos, toda essa confusão estava me distraindo.

Levantei-me com um suspiro e fui direto para o banheiro, lavando meu rosto e tentando espantar o cansaço. Me vesti rapidamente, dessa vez optei por uma calça jeans confortável e uma blusa simples. De repente, minha aparência parecia importar cada vez menos. Desde que o casamento se tornou A notícia, minha rotina virou de cabeça para baixo. O que antes eu chamava de uma vida tranquila e organizada, se transformou em uma montanha-russa de emoções e expectativas.

Enquanto tomava meu café da manhã, ignorei as notificações constantes que chegavam em meu celular. As solicitações para seguir meu perfil no Instagram estavam incessantes, mas eu não tenho energia para lidar com isso, nunca fui muito de usar redes sociais. Preferi focar na leitura do caso que seria discutido na aula de hoje. Direito Penal sempre foi uma das minhas disciplinas favoritas, e eu me agarrava a isso como uma tábua de salvação em meio ao caos.

No caminho para a universidade, mais uma vez tive que enfrentar os olhares curiosos das pessoas e dos meus colegas. Alguns até tentaram puxar assunto e me fazer perguntas sobre o casamento, sobre Lauren, mas eu preferi responder com o mínimo de palavras possível, apenas o suficiente para ser educada. Quando finalmente cheguei na sala de aula, sentei em meu lugar de sempre e me senti um pouco mais aliviada.

Quando o professor se virou para o quadro, eu me ajeitei na cadeira e tentei focar no que ele escrevia. A aula de Direito Penal sempre me fascinou, mas hoje eu estava mais dispersa do que de costume. O professor Garcia falava sobre os princípios do direito penal, e eu me forçava a manter a concentração.

— "Nullum crimen, nulla poena sine lege" — ele repetiu, apontando para o quadro com a mão firme. — Alguém pode me dar um exemplo de como esse princípio pode ser aplicado em um caso recente?

Eu evitava olhar diretamente para ele, torcendo para não ser chamada. Ainda estava cansada de responder perguntas sobre meu casamento e o burburinho que o rodeava.

Mas claro, não tive sorte.

— Camila, que tal você? Pode compartilhar algum exemplo?

Levantei o olhar e todos os olhos estavam sobre mim. Respirei fundo e forcei um sorriso leve, tentando parecer mais tranquila do que me sentia.

— Bom, um exemplo seria um caso em que alguém foi acusado de um ato que, na época em que foi cometido, não era considerado crime. Por exemplo, a retroatividade de uma lei penal mais gravosa em casos de mudança de legislação sobre determinadas drogas. Não se pode aplicar uma penalidade retroativa se o ato não era crime na época — expliquei, tentando soar confiante.

O professor assentiu, satisfeito.

— Exato, muito bom, Camila — disse ele, voltando-se para o quadro. — Esse é o fundamento central do princípio da legalidade.

Aliviada por não ter errado, voltei a focar nas minhas anotações. Mas, mesmo assim, senti alguns olhares sobre mim, sussurros baixos aqui e ali. Algumas pessoas claramente não estavam interessadas no meu desempenho acadêmico, mas sim na "Camila" que estava casada com uma celebridade.

Concentre-se, pensei, tentando bloquear os olhares curiosos. Minutos se passaram e, por fim, a aula se tornou um refúgio temporário.

No intervalo entre uma explicação e outra, Shawn, um colega que sentava algumas fileiras atrás, aproximou-se inclinando para falar comigo.

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