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São Paulo, 2019. Dezembro, 01.

Já tem sete anos que fui adotada e essa vida ainda é muito estranha pra mim. Tô na mansão dos influenciadores da empresa do meu pai, a Loud.

Eu gosto da maioria deles, principalmente as meninas. O estranho é perceber que passo mais tempo com eles doque com o meu pai.

Ele me adotou quando eu tinha sete anos, por ele ser famoso e novo, as pessoas falaram muito e julgaram muito também.

Lembro que encontrei ele no dia em que eu tentei fugir do orfanato, ele me ajudou e me ouviu, foi a primeira vez que eu comi um hambúrguer. Infelizmente me encontraram logo após, foi horrível. Quando cheguei, Dona — Assim que chamávamos a nossa supervisora e dona do orfanato. — Me bateu até eu parar de sentir todo o meu corpo, fiquei anestesiada de dor.

Semanas depois ele veio por mim. Fiquei tão feliz e com tanto medo. No final de todo processo, no dia da minha adoção, Dona me disse algo que nunca saiu da minha cabeça.

"— Você nunca vai ser amada, entenda isso.

— Ele me ama.

— O que ele sente é pena de você. Acha mesmo que você vai conseguir ser amada, sua bobinha? — Apertou minha bochecha, de  um jeito agressivo. — As pessoas nunca vão sentir nada por você, além de pena.

— Mentira.

— Depois de um tempo ele vai se arrepender de ter adotado você. E vai te trazer de volta.

— Mentira."

Ela me bateu no rosto. Ela conseguiu estragar o dia mais feliz da minha vida, o único que eu senti felicidade. Odeio ela.

Bom, agora eu tenho quatorze anos, e isso me atormenta. Será que ele repensou na ideia? E se ele desistir de mim, por eu ser difícil de lidar.

— Lauraaa — Bárbara chama minha atenção — A gente vai fazer uma resenha hoje, você se importa? – Nego.

— Só vocês?

— E um amigo, o Gustavo. Ele é gente boa — Sorriu.

— Vou pro quarto, então. — Sorrio, deixando um selar em sua bochecha.

Merda, hoje eles estão insuportável. Não consigo dormir, não com tanto barulho. Olho meu celular vendo que Bruno me mandou mensagem

"Oi, filha. Como você está? Tô com saudades!"

Ele sempre manda essa mensagem. Parece até que ele tem essa mensagem copiada e pronta. Saco.

"Tô bem. Volta quando?"

Ele nunca responde de volta.

Deixo meu celular de lado e sigo pro banheiro, faço minha higiene e limpo o rosto. Até que a porta é aberta, deve ser a babi.

— O que foi? Não vai me dizer que o Victor fez merda mais uma vez..— Saio do banheiro sorrindo, mas não durou muito tempo. — Quem é você, porra!

O garoto, homem na realidade, me olha e sorrir doce. Nossa, que sorriso lindo.

— Eu pensei que era o quarto do Bak. Sinto muito. — Balançou as mãos, tímido. — Sou o Gustavo, prazer

               𝑌𝑜𝑢 𝐸𝑦𝑒𝑠 - 𝐓𝐀𝐘𝐋𝐎𝐑 𝐌𝐀𝐗Onde histórias criam vida. Descubra agora