Da Bagunça à Elegância

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Bom, agora que você já conhece um pouco da minha história, posso te contar como os hábitos, que eu mal sabia que existiam, começaram a se revelar diante dos meus olhos.

Não houve um momento específico de despertar; a verdade é que eu estava tão cega que acreditava ser organizada. Eu sempre dizia que 'me encontro na minha bagunça', como se isso fosse algum tipo de mérito. Isso é tão ingênuo quanto alguém dizer que 'dinheiro não traz felicidade' enquanto luta para pagar as contas.

Pois é, ainda acho engraçado. Eu sempre fui aquela que fazia planners, estabelecia metas e até me aventurei no mundo dos mapas mentais. Ainda tenho o meu guardado com cuidado. Nos primeiros dias, eu realmente o mantinha à vista, como se isso por si só fosse suficiente para me manter no caminho certo...Até achei que poderia dar certo, mas acabei desistindo. Depois de tentar uma estratégia diferente a cada semana, percebi que o problema era eu. Ou melhor, talvez não exatamente eu, mas o fato de que eu não me conhecia de verdade. Como eu poderia mudar algo sobre mim, se eu nem sabia quem eu era? 

Eu não iria muito longe em direção a um futuro promissor se continuasse daquele jeito. Eu me sentia ofendida quando alguém dizia que eu era inconstante e não terminava nada do que começava, até o momento em que tive que admitir para mim mesma que isso era, de fato, verdade

Eu não mudei muito, devo admitir, mas agora estou em uma constante metamorfose, só que do jeito certo. Sei que você deve estar cansado de me 'ouvir' falar de mim mesma, então vamos aos fatos. Finalmente, saí do meu estado de letargia e fui atrás de como dar um jeito na minha vida. E sim, eu estava insuportavelmente chata e meio doida. Passei por todas as fases deprimentes que alguém que não teve uma infância decente pode passar. Recebi muitos conselhos... que, honestamente, não faço ideia de onde foram parar...

Fiz grandes pesquisas — e outras nem tanto — sobre a vida de pessoas ricas. Não porque eu queria o dinheiro delas, mas porque eu queria ser mais elegante e, sinceramente, muito mais fácil de conviver. Vamos ser realistas, ninguém quer ficar perto de alguém que vive na lama e ainda reclama sem fazer nada para mudar, né? Então, li os livros que precisava, e confesso: foi horrivelmente tedioso no começo. Saí dos meus adorados livros de romance de banca, como Harlequin, Jessica e Bianca, que alimentavam meu amor pela leitura, e mergulhei de cabeça em tijolos gigantescos sobre negócios e mente humana. Imagina a complicação! Eu, que me achava toda intelectual, precisei ler o livro 'Foco' de Daniel Goleman mais de três vezes para conseguir entender alguma coisa.

Depois de toda essa saga literária, fui percebendo que ser 'elegante' não tem nada a ver com usar roupas caras ou falar difícil, mas sim com ter controle sobre a própria vida, saber onde quer chegar e, principalmente, parar de reclamar sem agir. Percebi que a mudança começa quando você decide parar de se sabotar e enfrentar a realidade com coragem, mesmo que isso signifique sair da sua zona de conforto — ou dos seus romances favoritos.

A verdade é que a jornada não foi nada glamourosa. Entre uma leitura e outra, me peguei muitas vezes pensando em desistir, mas algo dentro de mim dizia que eu estava no caminho certo. E, aos poucos, comecei a perceber mudanças sutis. Me tornei uma pessoa mais consciente, comecei a aplicar algumas ideias aqui e ali, e, de repente, as coisas começaram a fazer sentido.

Então, se tem algo que aprendi até aqui, é que a mudança não é mágica. Ela é construída com pequenas ações diárias, muita paciência e, claro, algumas boas doses de autoironia para não levar tudo tão a sério. E assim, de uma pessoa que mal conseguia terminar um planner, me transformei em alguém que está constantemente evoluindo — ainda que de maneira atrapalhada e cheia de falhas, mas evoluindo.

Ninguém faz nada por outro de graça; fazemos porque faz sentido e porque ganhamos algo em troca. Vamos ser sinceros, não há espaço para hipocrisia aqui, e eu definitivamente não vou fingir o contrário.

E aqui estou, encerrando este capítulo, com a certeza de que, embora a estrada seja longa e cheia de curvas inesperadas, estou determinada a continuar, uma página de cada vez.

O amor que habita em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora