Espelho

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Nunca tinha me esforçado tanto para conseguir chegar ao orgasmo como naquela noite e ali eu sabia que seria a última vez com ela. Estávamos na última festa antes das voltas às aulas, era meu aniversário de 18 anos, sendo comemorado na casa de um cara X do time que eu sequer tinha contato direito e naquela cama minha companhia era ninguém mais, ninguém menos que a líder de torcida mais comentada da escola inteira.

Não existia um homem dentro da minha escola que não tivesse olhos para Beth Jones. Acontece que eu esperava estar errado, mas ao meu ver, o auge dela infelizmente seria durante o ensino médio. Nunca tínhamos trocado mais que 5 frases, porque pra ela essa cidade era tudo que ela tinha e poderia ter durante a vida. Éramos completamente diferentes.

Na verdade eu não sei explicar. Parecia que eu nunca estive verdadeiramente alinhado com a minha vida de forma geral. Enquanto meus amigos bebiam para se divertir, eu bebia para esquecer o quão patético era, o quanto aquilo realmente não traduzia nem metade de quem eu queria ser e como queria ser visto pelas pessoas ao meu redor.

Enquanto meus amigos transavam para sentir prazer, eu transava, porque era o que esperavam de mim e enquanto eles estudavam para continuar no time, eu estudava para conseguir aplicar para a universidade mais distante que pudesse.

Era como se eu estivesse em uma linha paralela a vida das pessoas ao meu redor e era por esse motivo que geralmente ficava em silêncio, falando somente quando fosse extremamente necessário.

– Vamos começar a andar juntos na escola? – Beth me pergunta, depois de terminarmos o que estávamos fazendo. Eu estava sentado no canto da cama, fumando. Não demorou muito tempo até que ela me abraçasse por trás, apoiando sua cabeça em meu ombro. Permaneci em silêncio. – Zach tinha me chamado para sair, ele meio que sabe que a gente tá transando, mas não desiste. – me levanto.

– Deveria sair com ele. – é o que respondo.

– Como assim? Você não se importa se eu de repente começar a sair com outro cara? – nego com a cabeça. – Como pode ser tão babaca?

– Beth, começamos a sair, porque você disse que sempre teve um crush em mim, desde o fundamental. E pra mim, tudo bem. Mas sempre te falei que nunca consegui desenvolver um verdadeiro interesse por ninguém. – não sou o tipo de cara que ilude meninas, para se sentir superior.

– É, mas eu achei que isso mudaria depois... – olho em seus olhos, soltando um pequeno sorriso. Gosto de pessoas que acreditam em seu próprio potencial, mas naquela altura do campeonato eu já sabia que meus sentimentos estavam empedrados há um tempo.

– Depois de eu transar com você? A vida não funciona assim comigo, eu acho. – respondo.

– É por isso que eu sou a primeira da escola pra você? – fico momentaneamente surpreso. Eu já tinha ficado com algumas meninas de outras escolas, principalmente líderes de torcida, depois dos jogos que competimos.

Na nossa escola, no entanto, as meninas pareciam ter um certo medo de levar um "fora" meu, mesmo que isso fosse literalmente impossível de acontecer. Como consequência, pela Beth ter sido a única corajosa, ela foi minha primeira em nossa escola. E assim permaneceu, até esse momento.

Eu nunca fui atrás dela, nem nada do tipo, mas para ela isso não parecia importar. O Erick – meu melhor amigo e capitão do time de futebol americano – dizia que ela era assim, porque tinha problemas na família. Segundo ele, a mãe dela dizia que ela precisava aproveitar o corpo bonito para arrumar um relacionamento estável, antes de ficar velha e burra. Se ele está certo ou apenas sendo venenoso por causa do pó, eu não sei.

O que sei é que eu não era o cara certo pra ela. Jamais me perdoaria por privar alguém de encontrar uma pessoa verdadeiramente boa, pra viver um relacionamento péssimo comigo. 

ELO - (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora