Compreensão

423 67 60
                                    

º 3 anos antes º

– Esse é meu lugar favorito da cidade, Tyler. – meu irmão comenta, depois de descermos de sua moto. 

– Pra mim parece mais um parque qualquer. – falo e ele sorri. 

Às vezes meu irmão desaparecia. Sempre perguntei pra ele onde ele ia quando as coisas pareciam meio sem nexo e sentido. Ele nunca quis me mostrar, sempre desconversou, como se esse fosse o único segredo que valesse a pena pra ele guardar. Agora, no entanto, ali estávamos nós. 

– E é. Mas é aqui as pessoas choram, sorriem, se pedem em casamento, amam seus cônjuges e seus filhos. A vida acontece. Aqui é onde vejo que todos os meus problemas são tão minúsculos que mesmo que esteja cheio de pessoas, nenhuma delas sabe, se preocupa ou se importa. – ele responde. – Espero ter a oportunidade de viver tudo isso aqui também. 

– Pensei que não quisesse morar aqui pra sempre. – respondo, vendo ele se sentar no banco, dando dois tapas ao seu lado. Me sento ao lado dele. 

– Claro que não quero, pra sempre é muito tempo. – ele reponde e caímos na risada. – Pega um pra você. – meu irmão me entrega um energético e começamos a tomar. 

Estamos no parque da cidade. Não é nada muito elaborado ou diferente de outros parques do mundo. A diferença estava ali, naquele momento, na companhia. Meu irmão era a minha bússola de vida. Eu queria ser respeitado, amado, queria que as pessoas me levassem a sério e contassem comigo, como contavam com ele. 

As palavras do meu irmão não faziam curva, ele era quem as pessoas chamavam quando precisavam de apoio e socorro, era o ombro amigo de todos que um dia precisaram... e tudo isso era natural, vinha dele. Ele nasceu assim. Já eu, precisava fabricar para tentar alcançá-lo. 

Era cansativo, sempre foi, mas sempre vivi dentro dessa realidade e almejando o mesmo objetivo. O que faria se mudasse a rota de repente? 

– Já decidiu onde vai fazer faculdade? Se for muito longe a mãe vai ficar chateada. – pergunto a ele, que dá de ombros. 

– Vou pra Inglaterra. 

– O que? 

– Temos que pensar de forma expandida, Tyler. A vida acaba em um segundo, então precisamos organizar nossas prioridades e objetivos, colocar na ponta do lápis e correr atrás, o mais rápido possível. Nossa família tem dinheiro, sabe o quão privilegiados somos? Aproveita essa porra antes de parar em um caixão e ser esquecido pra sempre. – é o que ele responde. 

– Nunca tinha pensado realmente e levado a sério o papo de sair aqui. 

– Pois passe a levar, irmãozinho... queira ser maior do que tudo o que seus olhos conseguem ver. Quando isso acontecer, vai começar a ficar sedento por realizações. E ao me referir a realizações, não falo só de dinheiro, dinheiro é consequência. Você tem achar o que faz seu coração acelerar, o que vai fazer você querer sair da cama, quando a tristeza bater. – ele responde. 

º Agora º

Pisco algumas vezes e lembro que estava sentado no parque com Knox. Decidi que aquele seria o momento ideal para abrir o que meu pai tinha me dado de presente, porque meu irmão certamente estaria ali comigo. Tiro a caixinha da minha mochila e ele me observa. 

– O que é? – Knox pergunta. 

– Provavelmente dinheiro. – é o que respondo, abrindo e vendo que se tratava de um cheque de mais de 100 mil dólares. – Touché. – mostro o cheque pra ele. 

ELO - (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora