Leveza

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Sempre me perguntei como era viver o que as pessoas descreviam quando se referiam a estar apaixonadas por alguém. Os risos frouxos, momentos leves, conversas interessantes que parecem lavar a alma... um lado meu parecia já ter desistido da ideia de viver isso algum dia, mas agora ali estava eu. 

Felix não julgava meus gostos, não tirava sarro dos meus sonhos ou tentava me podar. Ele abria a minha mente para possibilidades que eu nunca tinha observado, me alertava para interpretações errôneas e apoiava o que eu queria. Era estranho. 

Ele parecia arrancar minha máscara e olhar diretamente na minha alma. Fora isso, ele também estava começando a se abrir comigo, o que me deixava relativamente apreensivo, mas feliz em saber que ele pelo menos estava confiando em mim como eu confiava nele. 

Ele tinha vindo pra minha casa domingo, no início da noite – mas ainda estava trabalhando em convencê-lo a dormir aqui. Minha irmã estava com hiper foco nos desenhos que fazia em seu quarto, meu pai estava viajando e minha mãe estava no quarto dela, como sempre. Tinha comprado alguns salgadinhos e feito alguns sanduíches para que a gente pudesse ficar mais a vontade no meu quarto. Além disso tinha trancado a porta, pra evitar que minha irmã entrasse e nos encontrasse só de cueca – como estávamos, naquele momento. 

– Alguma coisa está acontecendo com o Yohan e eu vou descobrir. – é o que ele diz, enquanto eu passeio minha boca pelo seu peito e barriga. 

– Eu vi a fita verde na sua escrivaninha. – Felix puxa a minha cabeça, fazendo com que eu o olhe nos olhos. 

– É a fita que seus amigos falaram? – pergunta. 

– É, mas o Erick disse que ela estava "reforçando" a embalagem. Eu não sei se ele é o traficante, ou se ele é a mula do traficante. – explico, beijando seu pescoço em seguida. Eu era viciado nisso. 

– Sabe quando alguma peça da sua vida estava desencaixada e você a encontra, mas não sabe qual lado realmente é o correto? – concordo com a cabeça. – Me sinto assim com ele. Será que eu subestimei a inteligência dele? A vida inteira achei que meu irmão não tinha coragem, porque a minha coragem é física... mas e se a coragem dele for psicológica? 

– Não é só pela fita que está assim, é? – pergunto, me deitando ao seu lado. 

– Essa parte vou guardar pra mim, investigador. – ele brinca e eu sorrio, o puxando pra mim e dando um beijo em sua cabeça. 

– Dorme comigo hoje. – peço, sussurrando em seu ouvido e Felix me observa. – Não sou uma pessoa com ego inflado, Felix, se eu tiver que implorar pra você ficar, eu vou. 

– Por quê?  

– Quero poder ficar confortável com você, do jeito que estamos. Intimidade maior é abrir o peito, poder te tocar assim... – passo minha mão pelos braços dele e Felix se aproxima.  

– Tudo bem, eu fico. – é o que ele responde e eu sorrio, concordando com a cabeça. 

No minuto seguinte, no entanto, alguém começa a bater na porta do meu quarto. Não sabia quem poderia ser, mas a pessoa tentou abrir a porta – que estava trancada – e eu encarei Felix por alguns segundos. Ele logo se levantou, pegou suas roupas e foi até o banheiro. Eu também me levantei e peguei meu roupão, vestindo-o e abrindo a porta. Erick entrou de uma vez, como se fosse um policial com mandato.

– Zach disse que não joga, enquanto você estiver no time. – é o que ele fala, irritado. 

– E você disse o que? – pergunto. 

– Que então ele vai ficar sem jogar toda essa temporada. 

– Não precisa agir como se fosse meu pai, Erick. – ele me observa. – Não vou jogar até melhorar. 

ELO - (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora