𝖈𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 25

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𝕬𝖒𝖇𝖊𝖗

me aconcheguei no sofá grande e cinza de Kaleb.
o edredom tinha um cheiro suave de lavanda, assim como a fronha do travesseiro.
olhei em volta, percebendo que o ambiente ainda era o mesmo.
me sentia doente e problemática por perceber que aquele lugar me trazia conforto.
me senti quente lembrando das mãos de Kaleb por meu corpo, seus olhos me queimavam analisando minhas curvas e ele parecia não se importar com isso.
toda aquela situação era desconcertante, minha vida era uma bagunça.

iria ajudar Kaleb a recuperar seu irmão, me sentia horrível ao lembrar das marcas em seu corpo pequeno e frágil.
eu não queria que nada disso houvesse acontecido, nunca quis.
Kaleb havia concordado em dar um basta nesse jogo sanguinário e violento que havíamos iniciado, isso era bom.
logo iria começar uma nova vida, longe de problemas, longe de violência, longe de máfias...

longe de Kaleb.

• • • • • • • • • • • • • • • •

acordei com raios de luz entrando pela janela, escutei um barulho na cozinha e resumi que Kaleb já estava acordado.
sequei com as costas da mão a baba que escorria pelo canto da minha boca, passei as mãos pelo cabelo e esfreguei os olhos para tirar as remelas.
ele apareceu subitamente no cômodo, me fazendo dar um pulinho de susto.
suas mãos seguravam duas canecas brancas lisas.

-café? (ele estendeu uma das canecas para mim)

-aceito. (dei um sorriso fraco, segurando a caneca em minhas mãos)

ele se sentou ao meu lado, se aconchegando no sofá.

-alguma idéia? (ele deu um gole no café)

-pensei em uma troca... mas não sei se ele iria querer. (falei cabisbaixa)

-troca?

-sim, trocar o seu irmão por mim.

-não. (ele falou simplista) -não vai ter troca nenhuma.

-alguma idéia então? (suspirei, virando um gole de café)

-ele me mandou mensagem... (ele puxou e soltou o ar de maneira brusca) -quer que eu vá encontrá-lo sem ninguém.

-ele quer negociar? (perguntei confusa)

-ele quer me matar.

senti o ar fugir dos meus pulmões por alguns segundos.

-eu não tenho herdeiros. (ele olhou para mim) -se eu morrer, night crows acaba.

ficamos nos olhando por alguns segundos, minha expressão era apreensiva e a de Kaleb passiva.

-você não vai, né? (perguntei nervosa)

ele pareceu surpreso com a minha pergunta, mas se virou para a frente e deu mais um gole em seu café.

-não confio que ele vá deixar o meu irmão ir. (ele disse por fim)

ficamos em silêncio por alguns segundos, uma idéia surgiu em minha mente.

-você vai encontrar ele! (Kaleb me olhou confuso) -mas vamos ser mais espertos do que ele.

Entre máfiasOnde histórias criam vida. Descubra agora