Capitulo 1

401 28 7
                                    

Wednesday Addams
----------------------------------

Acordo com a sinfonia estridente e irritante do despertador, me viro de lado e o desligo. Novamente uma segunda-feira.

Detesto segundas-feiras.

Me levanto após cinco minutos e arrumo a cama. Prontamente vou até o closet e procuro alguma roupa que me agrade em meio a todo aquele mar preto e branco. Encontro uma blusa completamente preta e minha calça cargo e percebo que essa será a melhor opção para o dia. Vou direto para o banheiro e tomo um banho quente de quinze minutos, o mínimo necessário para me dar energia. Depois de me vestir vou para a cozinha para fazer meu café da manhã.

Hoje será o primeiro dia de aulas do ano. Adoro meu trabalho, a arte da esgrima sempre me chamou atenção e ensinar pessoas foi minha forma de segui-la. Claro que existem algumas pessoas estressantes que eu gostaria de não ter em minhas aulas, mas como faz parte do trabalho, prefiro ignora-las. Obviamente existem dias ruins no trabalho em que preferimos não ir, e hoje é um dia desses. Segunda-feira é o dia que eu ensino as crianças.

E eu detesto crianças.

Não tem muita coisa que eu goste. Não aprecio cores ou comidas doces como a maioria das pessoas. Não aturo pessoas irritantes que falam demais. Não gosto de barulho excessivo. Prefiro viver minha vida reclusa sem me importar com outras coisas que não sejam a mim mesma e minha sobrevivência. Minha mãe sempre diz que se eu continuar assim vou morrer sozinha. Eu já aceitei isso e ela também. Meu pai apenas concorda com ela, mas prefere não se meter muito, já que ele sabe que irei fechar minha cara e apenas fingir que estou ouvindo.

Desperto dos meus pensamentos e percebo que já está na hora de ir. Lavo a louça rapidamente, pego o elevador direto para a portaria. Passo pelo porteiro e o desejo bom dia, obviamente com a cara não muito boa, acho que ele já está acostumado porque parou de me perguntar o que eu tenho. Avisto o meu carro na vaga do estacionamento e o destranco, entro nele e jogo minha bolsa com a roupa de esgrima no banco do passageiro, ligo o carro e conecto meu celular na mídia do mesmo e coloco minha playlist de músicas clássicas, ótima maneira de me manter centrada para não ter um ataque de nervos durante o dia.

Chego na academia de esgrima, estaciono o carro e pego minha bolsa no banco do passageiro. Quando entro, avisto a recepcionista e dou um meio sorriso como forma de comprimento. Vou para o vestiário e ponho minha roupa de esgrima preta, pego minha espada de esgrima e me dirijo para a sala de aula. Como cheguei um pouco em cima do horário, já tem alguns alunos, a maioria está correndo e gritando enquanto as mães falam com vozes irritantes para eles pararem, elas sabem que eles não vão parar, mas ficam falando para complementar a junção de barulhos estressantes.

Ponho minha bolsa no cantinho e verifico se minha espada está polida como deve estar. Uma das partes ruins de ensinar crianças é não poder lutar com elas, são tão fracas que no meu primeiro golpe cairiam no chão.

Enquanto fico atônita em meus pensamentos outras crianças começam a chegar, faltam cinco minutos para a aula começar. Até que olho para a porta e vejo uma mulher de traços asiáticos chegar com uma criança, um menino de aparentemente seis anos com cabelos loiros e olhos claros, uma aparência angelical e de invejar alguns por aí, a genética dele realmente foi forte.

– Já sabe as regras não é? - A mulher pergunta com olhar apreensivo. Me permito escutar aquela conversa no meio daquela sala com um barulho infernal.

– Sim titia Yo, não precisa se preocupar, a mamãe me explicou tudinho - O menino a responde com uma voz doce e gentil, realmente foi muito bem educado.

– Ótimo, você sabe que se algo acontecer com você sua mãe me mata e me corta em pedacinhos - Ela fala com um pequeno sorriso travesso no rosto.

– Sim titia, eu sei - O garoto fala enquanto solta uma pequena risada – Titia Yo, a mamãe não vem mesmo ver minha primeira aula?

– Não pequeno, a sua mãe tá na faculdade lembra? E depois ela vai para o trabalho, ela não vai poder vir ficar com você - A moça fala em um tom perceptível de tristeza – A titia também não vai poder ficar, eu tenho que trabalhar carinha, mas no meu intervalo eu venho te buscar e você me conta tudo que aconteceu, tá bom?

– Tá bom titia - O garoto responde com um semblante meio triste.

– Ei, não fica assim por favor. É a sua primeira aula, você tava louco pra fazer esgrima - Ela fala tentando consola-lo – Prometo que mais tarde vamos eu, você e sua mãe tomar sorvete pra compensar, tudo bem?

– Sim! Obrigado titia! - O menino fala com uma perceptível animação.

– Eu já vou indo carinha, qualquer coisa fala pra professora - Ela fala e dá uma ajeitada na roupa do garoto – Cadê meu beijo?

– Aqui titia! - O garoto fala risonho e dá um beijo molhado na bochecha esquerda da mulher – Até mais tarde, te amo!

– Eu também te amo, até mais tarde - A asiática abre a porta da sala e vai embora, deixando o garoto lá.

Olho para o meu relógio digital e vejo que já são oito e cinco.

Hora de começar a aula.

-------------------------------------------------------------

O que acharam do capítulo?

Até o próximo 🖤

Just my love - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora