Capitulo 8

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Wednesday Addams
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Eu vergonhosamente diria que hoje é a primeira segunda-feira que estou realmente animada para dar aula. Não porque aprendi a gostar de crianças ou por simples interesse meu, mas porque vou convidar Enid para sair comigo.

Pus meu melhor uniforme para esgrima, o que pode soar meio esquisito já que todos são do mesmo jeito. Poli minha espada mais ainda, sempre tive essa mania, mas hoje aparentemente eu nunca a quis tão limpa. Tomei café em uma empolgação tão grande que pude jurar ouvir meu coração que até então era monótono, dando sinais de vida. Quando cheguei ao trabalho, fui imediatamente ao vestiário me trocar e depois fui para a sala. Ao abrir a porta, vi o cenário catastrófico de todos os dias, mas nem ao menos me importei, deixei minha bolsa no lugar de sempre e fui até a recepção tomar um café. Fui andando pelos corredores e acenando para alguns colegas de trabalho que encontrei pelo caminho, a maioria fez uma cara estranha, provavelmente porque nunca tive esse comportamento sociável, nem eu sei descrever o que deu em mim hoje.
Pus meu café em um copo descartável e me dirigir novamente à sala para o inicio da aula, já no início do corredor escutei uma voz já conhecida por mim e levantei minha visão, meus olhos puderam visualizar Enid e Logan passando pela porta e adentrando a sala, imediatamente apressei meus passos e em um tempo recorde repeti a mesma ação que eles, olhei para o ambiente onde estavam as mães e quase que de imediato reparo em Enid sentada em uma cadeira olhando para o filho. Um incômodo estranho me atingiu e uma vontade avassaladora de sorrir me atingiu quando ela me olhou com aqueles olhos, meus lábios formaram um sorriso quase que imperceptível e não pude deixar de reparar em como meu corpo respondia a simples existência dela. Após quinze segundos me encarando ela sorriu para mim de volta, um sorriso receptivo e caloroso, do qual eu já havia presenciado algumas vezes.

Quando finalmente despertei de meus devaneios olhei para o relógio e vi que era hora de iniciar minha aula. Enquanto ensinava os golpes aos alunos, senti um estranho calor em minhas costas, olhei de canto de olho para o lado e vi Enid me encarando indiscretamente, quando ela reparou que foi descoberta, apenas virou o rosto como se não estivesse fazendo nada, poderia jurar que vi ela corando e eu soltei um riso interno.

Céus, eu pareço uma adolescente cheia de hormônios.

Depois de longos minutos, a aula chegou ao fim, arrumei minhas coisas e quando me virei para ir até a porta, vi Enid e Logan saindo por ela, rapidamente corri e encontrei eles no corredor indo em direção a recepção.

- Enid! - Grito sem me importar que outras pessoas possam ouvir - Espere aí!

- Wednesday? - Ela se vira para mim com uma expressão surpresa - Aconteceu algo?

- Não queria lhe assustar, perdão - Chego perto deles um pouco envergonhada - Oi, Logan, nem falei com você hoje.

- Olá, senhorita Wednesday - O garoto me deu um sorriso sincero.

- Eu gostaria de saber - Inicio e direcionou meus olhos para a mulher de olhos claros - Se você está disponível hoje à noite.

- Eu... - Ela para como se tivesse recebido uma informação absurda - Eu não tenho nada hoje, por quê?

- Eu queria - Olho para os meus pés, um pouco envergonhada - Eu queria saber se gostaria de sair comigo.

- Um encontro, Wednesday? - Ela dá um sorriso brincalhão e sinto minhas pernas travarem, definitivamente eu não esperava aquilo.

- Eu... Eu não queria dizer isso... - Sinto que estou perdendo as palavras junto com meus movimentos - Era só um convite, se não quiser aceit-

- Sim, eu aceito - Ela me encara com um sorriso lindo - Eu aceito sair com você.

- Ótimo! - Minha alma volta ao meu corpo e solto o ar que nem percebi que estava prendendo - Ás 19 horas eu te busco, certo?

- Ok, até mais tarde - Ela se vira segurando a mão do filho, me dá um sorriso aberto e vai embora.

- Até - Digo enquanto vejo ela se distanciando de mim pelo corredor.

O que foi isso? Eu travei por conta de uma mulher?! Wednesday, o que fizeram com você?! Ela aceitou meu convite mesmo?!

Certo, eu tinha muitas perguntas nesse momento, porém preferi deixar para surtar depois e não ficar no meio do corredor parecendo uma doente mental. Ao chegar em casa, fui direto ao meu escritório, procurei pelo cazer do meu violoncelo e o abrindo, pus as partituras na estante, resolvi tocar Joy Full, do Bethoven, me sentei corretamente com meu violoncelo e iniciei a música. De todas as coisas que controlam minha ansiedade, definitivamente tocar é a que mais me acalma, eu aparentemente estava muito nervosa e necessitava demais desse momento para conseguir pelo menos acalmar meus nervos sem ter um ataque do coração, a última vez que fiquei nervosa desse jeito foi quando perdi a medalha de melhor aluna para uma outra garota da minha sala, neste dia cheguei em casa com vontade de quebrar tudo e sumir, meu pai já sabendo o que fazer me levou até a sala de instrumentos que temos em casa e me acompanhou em uma música, eu no violoncelo e ele no piano, definitivamente aquela foi uma das melhores tardes que já tive, e onde eu aprendi a controlar minhas emoções apenas por meio da música.

Depois de finalmente conseguir tocar a música inteira, me dirigi à cozinha e preparei um filé com cogumelos, particularmente especialidade da minha mãe, mas posso dizer que também sei cozinha-lo suficientemente bem para dizer que é bom, terminei o prato depois de quase duas horas e o comi vagarosamente, apenas apreciando a magnifica mistura de sabores. Olhei para o relógio que fica na cozinha, ainda eram três horas. Fui até a sala e liguei a televisão em um documentário de casos criminais, já devo o ter assistido umas três vezes, mas sempre faço questão de ver novamente, posso dizer que cada vez é uma experiência inovadora. Depois de assistir a três episódios, liguei o celular para ver se havia alguma mensagem e reparei na hora, eram cinco e meia, eu precisava me arrumar. Calmamente me dirigi até o banheiro e tomei meu demorado banho de trinta minutos, pouco me importando com a situação do planeta, apenas querendo aproveitar esse pouco tempo para manter minha paz mental.

Quando terminei meu banho, fui até o closet e me deparei com as inúmeras roupas que eu tinha, nenhuma era boa suficiente, nenhuma seria boa para aquela ocasião. Sim, eu só tinha roupas pretas e acho que aquilo ficaria bem claro para qualquer pessoa que tinha um mínimo de convivência comigo, porém, naquela situação, talvez outra cor seria melhor, ou apenas um pouco mais adequada para o momento. Depois de quase vinte minutos encarando minhas opções, resolvi optar por um terno de linho preto com alguns detalhes brancos, uma camisa social branca e um sapato com salto fino, após tantas escolhas acho que essa seria a opção perfeita. Fui até a penteadeira do closet e fiz minha maquiagem básica, apenas um pó para dar um pouco de cor ao rosto, uma base, contorno e um batom. Finalmente estava pronta quando o relógio marcou seis e quarenta e cinco, era hora de buscar Enid.

Me sentei no banco do motorista e dirigi até a casa da mulher que seria minha companhia esta noite, já que fui deixar ela depois da sorveteria, sei vagamente o caminho pelo qual seguir, fui cantando a melodia de uma música que passava no rádio tentando dispersar minha mente e o suor em minhas mãos. Assim que estacionei em frente à seu prédio, senti meu coração parar na garganta, eu não sabia o que fazer a partir dali, apenas sabia que não podia morrer nem fazer isso dar errado.

Adentrei o prédio e pedi educadamente para o porteiro avisa-la que já havia chegado, não tinha o número dela, mas teria que providenciar o mais rápido possível, depois de alguns minutos esperando, pude ouvir a porta do elevador abrindo e se fechando, quando mirei a imagem à minha frente vi uma das visões mais lindas que meus olhos já puderam presenciar. Aquele era meu fim e eu sabia disso.

Só não sabia que um fim poderia ser tão gratificante.

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O que acharam do capítulo?

Mil perdões pelo sumiço, galerinha, tava com um bloqueio criativo enorme 😔
Mas prometo ficar atualizando o mais rápido possível!

Com amor, Rodrigues 🖤

Just my love - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora