13 - "Olhe as estrelas..."

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𝟭𝟬 𝗱𝗲 𝗺𝗮𝗶𝗼 𝗱𝗲 𝟮𝟬𝟮𝟱 — 𝟮𝟯:𝟰𝟬.

𝗠𝗼𝗮 𝗻𝗮𝗿𝗿𝗮𝗻𝗱𝗼.

Estou com frio. Tanto, tanto frio que, parece que irei congelar.
Minhas mãos doem, mesmo que eu tente esquentá-las com o tecido de meu moletom cor de vinho.

𝘔𝘰𝘭𝘦𝘵𝘰𝘮 𝘤𝘰𝘳 𝘥𝘦 𝘷𝘪𝘯𝘩𝘰?!

Onde estou está bastante escuro, mas olhando em volta, avisto uma loja de conveniência, onde entro em busca de luz e calor. O ambiente mantém um tom azulado, não importa em que direção eu olhe, apenas frio, escuridão e azul.

De repente, ouço o sininho da porta tilintar, alguém havia entrado. Mas quem sairia na rua nesse frio extremo? Nem sei o que estou fazendo aqui, na verdade.
Mas então sinto um peso em meu braço, olhando percebo ser uma cestinha plástica com chocolates, miojos, biscoitos e etc.

𝘌𝘮 𝘲𝘶𝘦 𝘮𝘰𝘮𝘦𝘯𝘵𝘰 𝘱𝘦𝘨𝘶𝘦𝘪 𝘪𝘴𝘴𝘰?

Foi o que pensei, tentando lembrar quando peguei as coisas. Agora indo ao caixa, pois senti que não precisava pegar mais algo, pago tudo e saio dando de cara com uma antiga colega da faculdade. Éramos uma dupla desde o início do curso e, seguimos assim até o fim, na formatura.
Levamos horas colocando os assuntos em dia e, então só percebi estar bem tarde quando a mesma recebeu uma ligação de seu namorado a perguntando o motivo de sua demora, pois já batiam quase 2 da manhã. Com isso, nos despedimos e eu fui embora com pressa, mesmo sem saber o porquê.

Assim que chego em casa, vejo minha garota sentada no tapete, de costas para a porta. Chamo sua atenção, porém não obtenho resposta, então me aproximo.

— Amor, trouxe os doces que você me pediu... — sussurro, percebendo que minha voz está um pouco mais infantil. Então ela se vira para mim. — Yui....

Seus olhos estavam brancos, com os globos oculares levemente podres; de sua boca, escorria saliva espumada, densa e fétida, misturada ao sangue que também saía de sua boca.
Sua garganta estava cortada e, em sua mão havia uma garrafa de veneno de rato. E então, ela sorriu para mim, se rastejando em minha direção.

— Por que demorou tanto, princesa? Estava lhe esperando...Tão agoniada e morrendo de frio. — diz e, quanto mais falava, mais sangue jorrava de sua garganta. Sinto meu estômago se embrulhar com a cena.

𝘗𝘰𝘳 𝘲𝘶𝘦?

— Por que me deixou sozinha por tanto tempo, Moa? Por que não os fez parar? Você não me ama de verdade?! — à cada pergunta, sua voz saía mais fraca, mais arranhada e lenta. De repente ela cai, parecendo morta, franzo o cenho querendo me aproximar, mas meus pés não saem do lugar. O que está acontecendo?

𝘚𝘦𝘳𝘢́ 𝘲𝘶𝘦 𝘦𝘴𝘵𝘰𝘶 𝘴𝘰𝘯𝘩𝘢𝘯𝘥𝘰?

E então, seu corpo começa a solavancar no tapete, ela estava tendo convulsões. Seus olhos podres se reviram e seus ossos se estalam como se fossem quebrar, e talvez fossem mesmo. E então ela para...
Com a boca aberta e os olhos arregalados olhando em minha direção, Yui se levanta lentamente, como se seu corpo não tivesse ossos, seus membros se retorcem e seu pescoço é mole, deixando sua cabeça pendurada.
Então ela sussurra meu nome, tão suave que parecia uma melodia calma, me hipnotizando. A visão horrenda que tenho dela se distorcia lentamente, para uma pior ainda, Yumi agora estava em seu lugar, me chamando...Sussurrando meu nome enquanto se aproxima com a mandíbula pendurada.

Então eu abro os olhos, Yumi estava à minha frente, gritando meu nome, com o rosto molhado por lágrimas. Em minha mão, próxima ao meu pescoço estava uma faca de cozinha, usada para cortar carnes e outros alimentos que necessitavam de uma faca grande e bem amolada.
Jogo a faca no chão procurando, em mim, qualquer corte ou resquício de sangue. Minhas mãos tremiam, meu corpo tremia. E Yumi me abraça apertado, seu corpo dava espasmos à cada soluço dado por ela e, eu só a abraço de volta, me sentindo aliviada por tudo não ter passado de um pesadelo.

Tarja preta - MOAMETALOnde histórias criam vida. Descubra agora