Cap VII

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_Ahh! Cansei! Nossa, hihi, acho que ganhei!
_Se trapacear, claro que vai ganhar... Respondeu o príncipe Richard revirando os olhos
_Não sou trapaceira! Você que é lerdo, querendo manter a classe... Gesticulei
_Você devia convidar sua educação para entrar conosco na carruagem, ou vai deixá-la aqui novamente?
_Como é? Ah, sim! Tem razão, só um momento, falei me levantando e indo até a porta _Minha cara educação, venha se juntar a nós, e por favor traga a gentileza do senhor Richard que tá te fazendo companhia aí....
_O que disse? Perguntou apresentando estar bravo
_Sua gentileza, quase esquecemos dela também...
_Tem sorte que minha educação não permite que te ofenda como merece...
_Mas a minha permite, então fique calado se não pretende ir para algum lugar desagradável...
_Ja estou indo, e você é minha guia para minha infelicidade... Falou zombeteiro
_Vá pro inferno...
_Estamos indo para sua casa? Oh, não! Me recuso ...
_Sim estamos, inclusive és meu vizinho, não é?
_Olha aqui...
_Senhorita Angel, Príncipe Richard, chegamos!  Falou o cocheiro abrindo a porta para descer
_Ótimo, ei... Reclamei ser passada para trás
_Aqui! Falou dando sua mão
_O que?
_Para descer, pegue minha mão!
_Ah! Não...você pode me puxar para cair
_Seria ótimo te ver no chão, mas ainda sou cavalheiro.
_Ok, obrigada! Falei aceitando e colocando levemente minha mão sobre a dele
_Viu? Não foi tão ruim, não é?
_Hihi não foi tão ruim, imitei
_Não sei como consegue ser tão insuportável, não me admira realmente não ter amigos...
Aquelas palavras foram duras demais até para mim, não ouvi aquilo só como Angel, mas como Helena, a mulher que eu era antes de cair nesse mundo cheio de vestidos e etiquetas.
_Eu sei, falei indo na frente
_Então, como ganhou o que prefere como doce?
_Nenhum, era só uma brincadeira boba. Inclusive isso tudo foi uma má ideia, me desculpe.
_Até pouco tempo me atacava e agora recuou como uma gatinha assustada? Isso é anormal até menos pra você!
_Mais alguma coisa?
_Eu...
_Eu sei, você me detesta! Não queria tá aqui, e nem eu deveria. Obrigada mesmo assim, até mais ver!
_Eiiin! Onde vai? Perguntou pegando meu braço
_Para casa, já fiz o que devia fazer.
_Isso é outra coisa que ainda não acredito!
_É, eu estou tramando alguma coisa...eu amo Joseph e estou me fazendo de difícil para que olhe para mim e blá blá blá...
_Não deboche de mim!
_Richard, estou definitivamente cansada! Quer achar que sou alguém terrível que não merece uma chance, que não mereço respirar o mesmo ar que Liz, ache! Não ligo!
_Eu nunca...
_Eu sei, nunca quis ter tido contato comigo e devo voltar para minha caverna onde me escondo, afinal é lá que vivem as bruxas cruéis, não é?
_Angel, eu...
_Adeus Richard, se Deus me ajudar somente dessa vez nunca mais precisará me ver a partir de hoje! Falei dando as costas e indo sem rumo pela rua
Só queria estar no meu mundo, onde estava quase me tornando uma médica, onde tinha finalmente passado pelas coisas ruins e ia desfrutar do bom. Mas parece que estou condenada a viver sobre a sombra de outra pessoa, ser odiada e pisada só por estar ali. Pesa saber que Angel assim como eu, só tentou lutar pelo que acredita que a faça feliz e mesmo assim é dita como vilã.
Eu só queria viver tranquilamente, sem me preocupar com julgamentos.
O barulho quebrando contra a areia, e a brisa suave me chamava para aquele lugar que passava tão despercebida. Era a costa do porto, uma parte de praia assim por se dizer, o barulho das ondas era um calmante natural para meus ouvidos.
Lembro de ir sempre para a praia no meu outro mundo, quando queria paz. Seu som me conforta.
Desço devagar os degraus que separavam a cidade do mar, da areia e das ondas. Pego gentilmente meus sapatos nas mãos e deixo meus dedos do pé sentir a areia entrando entre eles, sentir na sola o atrito da minha pele com aquele lugar.
_O que está fazendo? Perguntou Richard parado no topo da escada
_Relaxando?
_Ai? Você?
_Da para parar com isso!
_Desculpa...
_Vai embora, ficarei aqui!
_Não!
_O que ?
_Disse que não irei, combinamos de comer um doce! Não me fez vir aqui e ir embora!
_Ok! Senhor, hum ... Seu nome, cocheiro?
_Hã? É Artur, senhorita!
_Por favor, senhor Artur, poderia por favor buscar três cupcakes, dois croissant, quatro folhados salgados e um suco?
_Claro, senhorita! Já volto! Falou se curvando e indo como pedido
_O que irá fazer?
_Por favor, pegue aquela toalha que tenho em meu banco na carruagem...
_Ta bem, falou indo até a mesma
Enquanto isso procurava um bom lugar para esticar o pano e desfrutar do dia.
_Aqui, falou voltando rapidamente
_Tire seus sapatos e desça aqui!
_Poderiamos ir a um campo, comentou se sentindo desconfortável
_Gosto daqui...
_Senhorita, a comida que pediu!
_Por favor Artur traga aqui.
_Sim, aqui!
_Muito Obrigada! Falei colocando no centro do pano _Pronto podemos lanchar adequadamente agora!
_Até que ficou bonito...
_Repare nesse som!
_ O que ? Perguntou me encarando curioso
_Olhe para o mar, feche os olhos e deixe o vento tocar seu rosto, escute os som das ondas, descubra que música toca...
_Musica?
_Sim, o mar tem sua própria música, seu próprio jeito de fazer, vai gostar se prestar atenção...
O mesmo fechou seus olhos e ficou quieto por alguns instantes, seu sorriso se rendeu naquele momento.
Ele relaxou seus ombros e deixou sua guarda pela primeira vez na minha presença, sua expressão era calma e sua voz era tão suave que acompanhava o ritmo da brisa.
_Isso é muito bom!
_Eu disse que gostaria.
_Talvez posso ter te julgado mal, ou algo em você mudou...
_Talvez os dois, falei abrindo um sorriso calmo que fez o mesmo corar levemente
_Obrigado por isso...
_Eu que agradeço a companhia, você é alguém muito gentil! Falei tocando suavemente em sua mão
_Posso perguntar algo um pouco diferente?
_Claro!
_Desistiu de Joseph, por estar apaixonada por outro alguém? Perguntou tapando sua boca e apresentando cor em suas bochechas
_Quem sabe, talvez seja isso mesmo! Falei com um sorriso fraco em espírito de brincadeira
_Entendo! Respondeu olhando para ao redor constantemente
_Venha Richard, quer molhar os pés comigo?
_O que? Oh, não! Obrigado! Pode ir...
Me levantei, segurei um pouco para cima meu vestido e caminhei sobre a borda onde a água tocava. Era gelada. Mas isso não importava naquele momento, era tão bom que sua temperatura não era realmente importante.
A sensação era prazerosa.
Caminhei a frente para acompanhar a onda que voltava, e fui com ela quando voltou.
_Ah!
_Angel!? Levantou Richard para me ajudar _Levante essa água está gelada!
_Hihi está tão boa hihi
_Venha, eu te ajudo!
_Claro, hihi, falei o puxando para o chão comigo _Hihi
_Ah, você está bem? Perguntou tão perto que sentiu meu corpo esquentar
_Estou, falei olhando em seus olhos tão perto dos meus que não dava para deixar de notar que seus olhos eram azuis como o mar
Tinha as ondas no olhar, e seu corpo era um tsunami me arrastando e colidindo com o meu corpo. Sua respiração era tão quente quanto uma brisa de verão em alto mar.
_Quanto tempo pretende ficar em cima de mim, me encarando?
_Desculpe, senhorita! Falou todo vermelho e sem jeito suas falas quase saiam gaguejadas
'Tudo bem...'

Angel  Onde histórias criam vida. Descubra agora