Capítulo 27

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📍Rio de Janeiro, complexo do alemão. 15:10 Pm.

Ceci💐

Não acho que você tenha me explicado direito. — Cibele reclamou, cruzando os braços e se jogando de bunda na cama. 

Meus olhos estavam fixos através da janela, o sol quente do Rio de Janeiro batendo contra o meu rosto, um silêncio momentâneo pairando sobre o quarto. Eu mordi o lábio inferior, fechando os olhos por um breve momento ao sentir uma brisa raramente fresca atingir o minha face. 

Eu girei o corpo em cima da cadeira da escrivaninha, suspirando e olhando para ela com ceticismo. Já estávamos em casa, e meu Deus, eu nunca fiquei tão feliz por estar em casa. Eu sabia que depois de tudo isso, eu precisaria de um tempo enorme para digerir tudo o que aconteceu. Bom, não se é todo dia que sua vida vira de cabeça para baixo, é? Eu não tinha contado exatamente tudo para a Cibele. Na verdade eu tinha ocultado algumas coisas. 

Ok, eu não contei nem a metade.

— Já te falei tudo, Cibele. Puta merda, eu e ele nós só... — Parei, ponderando o que dizer. fiz uma leve pausa. Fechei os olhos e me controlei para não corar ferozmente, lembrando de tudo o que aconteceu. — é só isso que aconteceu. — Sim, só isso, tirando o fato de que ele me chupou até eu desmaiar em cima da bancada.

A morena estreitou os olhos, sua testa se franzindo. Rugas pequenas se formaram ao redor dos seus olhos, e ela mordeu o interior da bochecha enquanto inclinava a cabeça apenas para me estudar. Ela me conhecia, sabia que tinha algo mais, mas não estava exatamente interessada na ideia de me deixar em paz.

— É mesmo? — Ironizou, inclinando o tronco do seu corpo, para que se erguesse e ela pudesse me encarar. — Eu não acho que seja. — Problema seu, eu pensei. Mas não poderia falar isso, poderia?

Na verdade eu não sabia o porquê de eu estar simplesmente ocultando isso para ela, já que sempre fui um livro aberto para a Cibele. É impossível que eu não seja, na verdade. Ela é simplesmente mestre em descobrir, extrair e interpretar assuntos da minha vida. Amizade de infância é assim. Bom, eu acho que é.

É meio difícil lidar com isso às vezes, já que de vez em quando eu tenho alguns motivos para não contar exatamente tudo para ela. Ok, não são exatamente vários motivos. As vezes preguiça, timidez, medo de ser julgada, ou até mesmo, falta de memória. Não são normalmente coisas realmente importantes, não tanto quanto isso.

Não que eu não confie nela. Na verdade, eu confio muito. Ela com certeza é o tipo de amiga que leva o seus segredos até o túmulo, mas acho que existem coisas que não são tão necessárias de serem ditas. Mesmo que literalmente tenha sido um evento canônico na minha vida, e provavelmente seria um desses eventos para qualquer uma, não acho que seja de extrema importância dizer que fui comida em cima de uma bancada como algum tipo de prostituta em filme medieval.

— E-eu.. — Ela nem me deixou dizer qualquer coisa, na verdade me interrompeu bem antes de eu sequer ter raciocínio. para argumentar ou arranjar alguma desculpa.

— Tá bom, se não quer contar, não conta! Eu achei que depois de tudo, tu tivesse um pingo de confiança em mim, mas obviamente estou muitíssimo enganada. Então faz o seguinte, fica aí com seus segredinhos e... — Arregalei os olhos com a explosão de Cibele, e tive vontade de rir. Ela continuou á dizer, mas eu estava meio abismada com o seu drama para prestar atenção.

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