Capítulo 13

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📍Rio de Janeiro, complexo do alemão. 20:33pm.

Ceci💐

Suspiro fundo enquanto observo o céu estrelado na minha frente. Eu estou cansada, extremamente cansada. Nada se encaixa e minha mente parece cada vez mais se fechar diante de tudo. Tudo me deixa sensível, instável, duvidosa. Me pego pensando nele diariamente, mas adianta alguma coisa isso?

Adianta pensar em alguém que nem olha na sua cara?

Não, não adianta. Inspiro o ar, sentindo a brisa fresca balançar meus cabelos. Meu pescoço trava, minha garganta se fecha, meu olhar falha, tudo em mim parece se fechar e a confusão toma conta do meu corpo.

Sento na cadeira do terraço, me perdendo em meio a escuridão, tentando afastar meus pensamentos negativos. Eu preciso me controlar, não é como se tudo estivesse claro na minha frente. Um barulho chama minha atenção, alguém entrando. Continuo estática, esperando quem quer que fosse se aproximar.

— Amiga..  — Cibele se aproxima colocando a mão no meu ombro. — Tudo bem? — ela sai de trás de mim, caminhando e ficando na minha frente.

— Tô, tô bem. — Respondo simples.

Ela cruza os braços e me encara. Cibele me conhece muito bem, bem até de mais. Suspiro cansada, afastando os pensamentos que me rodeam para o mais longe possível.

— Fica triste não gata, tu tem é motivos pra ficar muito feliz, isso sim. — Estica a mão tocando meu ombro. — Tenho uma coisa pra te falar.

Meus olhos sobem até os seus, e encaro eles. De repente tudo some, todas as sensações desaparecem, agora eu estou aqui, com expectativa. Céus, o que ela quer falar? Ela tem alguma coisa para falar? É algo normal, é alguma coisa sobre... ele?

— Se senta.

— Eu tô sentada. — Falei sincera, era a verdade, eu estava sentada. Essa maluca é cega?

— Ah é, — Ela ri. — É que.. é meio bombástico sabe? — Cruza os braços tensa.

Bombástico? Cibele quer me matar do coração, é isso? Porra! Essa garota fez o que? Meu Deus, não consigo nem raciocínar, todos os meus sentimentos somem e aparecem em questão de minutos, e agora isso.

— Conta logo porra! — Digo estressada me levantando e me aproximando dela.

Ela me olha estranho, levanta uma sobrancelha e quebra o quadril ainda com os braços cruzados.

— Da uma segurada bonitinha. Que foi? Tpm? — Reviro os olhos.

— Tpm do seu cu Cibele. — Ela me olha incrédula.

Mumuro um "desculpa". Ela não tem culpa de nada, pelo contrário, ela mais me ajuda do que tudo. Cibele é importante pra mim, e ela sabe disso, assim como eu sei que sou importante para ela também.

— O bagulho é o seguinte.. — Da uma pausa. — Não sei como falar isso. — Começa rir nervosa. Essa desgraçada quer me torturar, só pode.

— Fala logo!! — Digo estressada.

— Tá, então, é que... — Da outra pausa.

— Porra Cibele! — Explodo.

— O trovão é obcecado por você também. — Fala rápido.

O que? Balanço a cabeça rindo, isso só pode ser um sonho, meu Deus. Ela não mentiria, mentiria? Ela pode muito bem estar zoando, né? Caralho. Meu Deus, isso é verdade? Cibele está falando a verdade?

— Não ri doida, é sério. Eu pedi pra Vanessa perguntar uns bagulho pro cabeça, tá ligada? Ce sabe quem é o cabeça né? — Balancei a cabeça positivamente. — Então, ele falou uns bagulho muito surreal amiga. Coisa de fanfic mesmo, sabe? Ele não mentiria Ceci, ele não mentiria para a Vanessa.

Eu estava sem reação, não sabia como reagir a tudo aquilo. Me sentei perplexa e coloquei a mão no rosto.

— Tem certeza? — Perguntei.

— O cabeça não é louco Maria
Cecília.

Cibele tem razão, ele não é louco a esse ponto, é? Não, ele não é. Eu espero que ele não seja, mas meu Deus, isso faz algum sentido? Não, não faz!

— Explica direito Cibele. — Pedi o mais calmamente possível.

Minhas mãos e pés estavam gelados, meu coração agitado e minha respiração ofegante. Meu peito se acelerou, eu não tive reação. A minha reação foi não ter uma reação.

— Falou que ele sabe da tua obsessão desde o inicio, sério. Falou que te vigiam, o que eu não duvido. Falou também que ele te acompanha sempre, e sabe tudo da tua vida ceci, tudo mesmo, o que tu come, assiste, faz, com quem tu conversa, tudo, tudinho, ele sabe de tudo amiga. — Um nó se formou no pé da minha barriga.

Eu deveria ficar feliz com isso? Porque eu não estou. Ele deve achar que eu sou uma adolescente virgem, maluca e psicopata. Uma verdadeira garota doida e carente.

— O que eu faço? — Perguntei nervosa. Eu não tinha muito o que fazer. Minha cabeça girava e meu cérebro latejava, várias coisas se passavam na minha mente.

Puta que pariu, que vergonha.

— Sei lá porra, eu esperava tudo menos isso. — Cibele disse sincera. — Isso é muito problemático porra, é tipo ce saber que tem um stalker mesmo ce sendoanônima, tá ligada? Mó loucura.

— Não posso falar muita coisa, eu realmente sou uma stalker. — Falei irônica e ela riu.

— Disso eu tenho certeza fia, e ele também tem. — Que ótimo consolo.

— Merda. — Falei baixo enquanto me sentava na cadeira apoiando meu rosto nas mãos.

Eu não sabia se ficava preocupada, feliz, triste, alegre, se eu ria, chorava, então eu preferi não fazer nada. O silêncio tomou conta do local enquanto o meu subconsciente processava e me humilhava por mil coisas. O nó na garganta, continuou lá. O meu rosto que estava quente de calor, ficou quente de vergonha. 

Cibele veio até mim me abraçando. E mais uma vez, eu estava confusa. Trovão tem o poder de me deixar confusa, esse mérito é só dele.

E agora? O que eu faço?


Continua...

Obsessão - MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora