📍Rio de Janeiro, complexo do alemão. 20:12pm.
Ceci💐
Três dias se passaram desde que passei mal. Nada de surpreendente aconteceu, nada que me perturbasse, eu diria. Cibele vive aqui em casa comigo, talvez seja pela preocupação ou por simplesmente me amar demais. Não é tão chocante tê-la comigo aqui sempre, Cibele sempre esteve, não importa quando ou onde.
As coisas aparentemente andam normais. Nesses três dias eu peguei um atestado médico, e estou passando o dia todo e as madrugadas, colocando caderno em dia. Durmo tarde para acordar mais tarde ainda. O morro como já era de se esperar já sabe do "ocorrido", muita gente pediu para me seguir no instagram.
Minha conta que já era privada, ficou mais privada ainda, e se Deus quiser, continuará. Tenho mais de 300 solicitações de seguidores, fora as que rejeitei. Tem gente da escola me perguntando sobre isso, e com certeza, não estão, e não estarão sendo devidamente informados.
Ninguém sabia de mim, ninguém lembrava de mim até agora.
Nesse tempinho que passei em casa procurei me distrair. Comecei a maratonar uma série nova na Netflix, e a pesquisar franquias de filmes. Mas para ser sincera, não estou tendo muito tempo. Fim de bimestre está aí, e semana que vem minhas provas já começam. Eu não sei nada, absolutamente nada.
Eu tô tendo que aprender em uma semana o que eu tive três meses para aprender e não aprendi. A fofoca no morro corre solta, e minha mãe já está extremamente puta com isso. Por mais que ela não demonstre, eu sei que ela se importa que a filha dela virou assunto entre as vizinhas fofoqueiras.
Para ser sincera eu não estou sendo mal falada, estão comentando de mim, mas eles não tem o que falar. Sempre tirei notas boas, nunca dei trabalho, sempre respeitei vizinhos e professores, nunca nem namorei ninguém, e nem sequer beijei de língua ainda...
Eles não tem o que falar, e se tiverem, é porque inventaram. Eu sou quieta, tímida, mal tenho amigos, e ainda por cima nem de casa saio. Mas o povo fala, e fala muito...
— Filha? — Minha mãe me chama na porta do quarto, me despertando imediatamente.
Eu estava sentada na escrivaninha com vários livros e alguns cadernos espalhados por todo canto da mesa e quarto. A janela estava aberta, e o vento corria livremente pelo cômodo. Só a fraca luz do abajur em cima da mesa, acompanhada da grande luminosidade da luz da sala, que refletia levemente na cerâmica branca do corredor extenso, iluminavam o meu quarto.
— Meu Deus garota, tu tá enxergando alguma coisa? — Minha mãe perguntou enquanto entrava totalmente no meu quarto, acendendo a luz.
Meus olhos doeram e se fecharam, e imediatamente eu pedi:
— Apaga, por favor. — Falei enquanto esfregava os olhos cansados. A "escuridão" me trazia paz. A paz que abafava minha mente agitada.
Ela então apagou as luzes, se aproximou colocando as mãos nos meus ombros, deslizando e entrelaçando os braços no meu pescoço em um abraço gentil.
— Vem jantar filha — Falou enquanto deixava um beijo no meu rosto e massageava meu ombro direito.
Eu apenas dei um sorriso enquanto inclinei meu rosto para trás para olhar em seus olhos. Murmurei um simples "já vou" com um sorriso simpático, e ela assentiu saindo do quarto e dizendo para eu não demorar.
Eu suspirei. Eu não estava com fome, mas estava muito cansada.
Eu sentia minhas costas travadas e minhas pernas dormentes. Eu estava desde as quatro da tarde sentada ali, eu sentia minha mãos latejantes e tudo em mim extremamente emperrado. E então eu fechei os olhos abaixando a cabeça enquanto sentia o cansaço me consumir.
Fiquei algum tempinho naquela posição. Eu sentia minha cabeça pesada demais para mim mesma, pesada para meus braços sensíveis. Minha mente não estava diferente, mas não pesada fisicamente, pesada emocionalmente. Eu me sentia tão exausta, que poderia dormir ali mesmo. Mas não o fiz, não o fiz porque um vento feroz entrou no quarto.
Senti a fina cortina de pano balançar e roçar nos meus braços. Como um imã, uma ordem obrigatória de algum lugar do meu corpo, eu levantei o rosto olhando para frente. A casa dele, a casa tão escura quanto ele mesmo. O terraço sem nenhuma luminosidade, apenas repleto pela escuridão e levemente iluminado pelo céu estrelado.
A janela do seu quarto. Aquela que não era perto, mas também não era longe ao ponto de eu não poder senti-lo. Meu corpo todo se rangeu, senti um frio gigantesco na barriga e minhas mãos quiseram soar enquanto meu coração batia fortemente dentro de mim.
Ele sabia de tudo isso. Não sei como, mas ele sabia.
Eu sentia, sentia que ele sabia o que eu sentia. Estamos ligados a quatro anos, anos que passaram tão rápido, mas que agora, depois de tudo, parecem tão lentos. O tempo que nos rege, que toma conta de nossas vidas é o que nos fazem assim, intensamente inexplicáveis.
Eu queria poder falar com ele, explicar para ele sobre tudo, e talvez, ganhar uma explicação também. Mas ele pararia para conversar comigo? Ele me daria uma explicação? Nos seus olhos negros eu podia ver muitas coisas, coisas claras, mas coisas também que me confundiam.
Ele se apoiou na janela enquanto fumava um cigarro, ele olhava na minha direção e me via ali, uma bagunça. Mas nesse momento, eu não estava preocupada de estar uma bagunça fisicamente, eu estava preocupada, porque eu estava uma bagunça emocionalmente.
Eu tinha tudo, mas não tinha nada. Eu vivi muito nesses últimos meses, mas talvez, eu tenha vivido muito pouco. Eu poderia ter as resposta, mas também poderia muito bem não tê-las completamente em mãos.
O que o destino nos reservava?
Uma conversa? Ou uma simples sensação de que "apenas isso basta"? Eu fui cortada, cortada com a voz da minha mãe lá no fundo do corredor gritando meu nome. Minha mente mais uma vez se despertou, e eu tomei um susto desviando meu olhar do seu.
Minha boca tava seca e minha respiração agitada, e dando uma última olhada em sua direção, eu enfim me levantei saindo dali. Eu sabia que ele me assistiu saindo, e também previa que ele sairia logo depois de mim.
Continua...
APARECI!!!!
Gente desculpa, jurooo! Essa autora passou dos limites no nível de vagabundagem, né?😭
Mas é que semana passada eu tive provas, e só agora estou me recuperando psicologicamente para estar aqui.O que acharam do capítulo?
Votem muito e compartilhem, juro que ainda volto essa semana!
Amo vocês meus leitores malucos, fiquem bem e não me matem.💋
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Obsessão - Morro
Romance📍Rio de Janeiro, complexo do alemão. Duas almas, duas personalidades totalmente distintas. Uma doce garota, com uma grande obsessão. Maria Cecília se vê a mercê de uma paixão incurável pelo bandido mais perigoso do Rio de Janeiro. Obcecada em um oc...