📍Rio de Janeiro, complexo do alemão. 15:36pm.
Ceci💐
Perdida.
Eu me encontrava assim, totalmente perdida. Olhei para o teto branco provavelmente recém pintado, juntamente do ventilador de madeira no teto, totalmente empoeirado. Meus olhos estavam tendo dificuldade para ficarem totalmente focados, eu ainda estava com dificuldade para entender o que estava acontecendo, pois minha mente girava.
Olhei para meu braço muito branco, talvez pela iluminação ou pela falta de sol que meu corpo estava sentindo. Na minha veia, tinha um acesso, eu estava tomando só. E só depois de um tempo, eu reconheci onde eu realmente estava. Ouvi a porta de (sei lá onde eu estava), se abrir, e logo avistei a minha amiga com dois copos de água na mão, adentrar o local.
— Tu acordou, graças a Deus. — Falou, e eu podia sentir a sinceridade e o alívio na sua voz.
Não falei nada, minha boca estava seca demais para que eu pudesse falar qualquer coisa. Meus olhos estavam cansados, acompanhados da minha mente. Lá no fundo, puxei as lembranças de mais cedo.
Eu, banheiro, trovão, água.
Meu Deus! Eu simplesmente desmaiei em um banheiro de restaurante fazendo o traficante que eu sou apaixonada quase arrombar a porta para me salvar? Caralho!
Me sentei rapidamente na cama, fazendo a porra da agulha no meu braço doer, mas eu ignorei a droga da dor, pois tenho certeza que isso não se compara ao que aconteceu horas atrás.
— Cibele — Me esforcei para chamar seu nome, minha voz estava extremamente rouca, e minha garganta parecia querer doer. Ela aproximou de mim. — Escuta, eu tô louca ou...
Ela nem sequer fez questão de me deixar finalizar minha frase, logo emendou:
— Não filhona, ce não tá louca — Completou.
Minha mente se apertou imediatamente, fazendo meus olhos cansados doerem de tanta informação acumulada. Estiquei o braço pedindo o copo d'água que a Cibele tinha em mãos, ela me entregou e eu bebi tudo de uma vez só.
Minha garganta seca agradeceu, e aposto que meus rins também. Enfim senti minha garganta ressecada se aliviar. Olhei ao redor, procurando por ele, mas lá não tinha mais ninguém que não fosse eu e ela. A morena na minha frente acompanhou meu olhar, provavelmente entendendo por quem eu procurava.
— Ele não tá mais aqui — Graças a Deus? — Só literalmente saiu com tu do banheiro nos braços, e te trouxe pra cá igual um louco e foi embora. — Explicou. — Foi bem estranho na real, estranho pra caralho. Enfim, até o fim da noite seis tão em todos os sites de fofoca do morro. — Disse enquanto esfregava o rosto cansado, e se sentava na ponta da cama.
Porra, meu Deus! As coisas da minha vida só pioram cada vez mais, perdem o rumo que eu nem tenho. Eu tô cansada, caralho! Eu não quero virar a nova fofoca do morro, eu sou inexistente demais pra isso acontecer agora!
Senti meu coração acelerar e tudo em mim piorar, lágrimas queriam descer, eu estava desesperada, eu não queria sair em site de fofoca. De repente, senti falta de quatro anos atrás, daquela sensação de ser uma adolescente do 9° ano que tinha uma paixão secreta e absurda com base em uma tragédia.
Senti falta das teorias, das noites em que não dormi porque pensava nele. De todas as fotos e cartas que eu tinha dedicadas a ele, dos ciúmes, medo, da angústia e do ódio de ser apenas uma adolescente invisível diante dele. Mas agora, tudo mudou. Mudou tanto, que mudou a sensação que eu tenho sobre nós.
Eu não sou mais uma adolescente invisível do 9° ano, e pelo que parece, ele não é mais o cara mais velho e gostoso que não sabia da minha existência.
— Preciso sair daqui. — Falei tentando arrancar as fitas do meu braço, para tirar aquela agulha de mim.
— Nem a pau!! Maria Cecilia tu chegou aqui fria, branca, com o corpo mole. Liguei pra tua mãe e já já ela tá aqui, você tem exame de sangue pra fazer e comida pra comer! — Falou deixando o outro copo de lado e vindo me impedir de tirar o acesso.
— O que? Não! Por que ligou pra ela? Não precisava, eu tô bem. — Falei irritada, fazendo ela murmurar palavras que não prestei atenção o suficiente para entender.
Provavelmente dona Rosa uma hora dessas deve estar desesperada querendo me ver, e isso é o que mais me preocupa no momento.
Eu também sentia que precisava ver o trovão, falar algumas coisas acumuladas de todos esses anos. Eu precisava esclarecer tudo, me libertar, e eu iria fazer isso! A cada minuto que se passava na minha vida, todos esses sentimentos ficavam mais acumulados, e isso tá me deixando abalada.
— Cibele me deixa sair!! — Falei irritada, puxando o braço dela para impedir ela de me atrapalhar de sair dali.
— Não! Para Maria Cecília, para! Tá me machucando! — Recolheu seu braço vermelho por meus puxões.
Parei imediatamente tudo.
— Desculpa. — Falei arrependida. — Eu não queria machucar você, Cibele. — Dei uma pausa — Eu só tô com medo.. — Falei sincera. Eu estava cansada, tudo em mim gritava por uma pausa.
A morena sentou novamente ao meu lado, pegando no meu braço como uma forma carinhosa de me confortar.
— Tá tudo bem, sempre vai estar bem amiga. — Falou carinhosamente. — Sou tua irmã, tô aqui contigo pra sempre. Pro que der e vier. — Me abraçou.
A porta do quarto do postinho se abriu, e pude ver minha mãe entrar por ela. Ela veio até mim preocupada, quase chorando, o que doeu meu coração. Ela me abraçou e beijou o topo da minha cabeça, enquanto fazia perguntas para Cibele que respondia automaticamente.
Tentei despreocupar ela, mas não adiantava. Então apenas ouvi ela falar e falar, e eu sabia que seria um longo fim de tarde.
Continua...
Apareci!✨️
Ficou muito ruim? De longe esse capítulo depois dos primeiros tá sendo o mais odiado por mim, sério mesmo. Mas vou postar ele mesmo assim para vocês não morrerem do coração. Enfim, amo vocês🤍
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Obsessão - Morro
Romance📍Rio de Janeiro, complexo do alemão. Duas almas, duas personalidades totalmente distintas. Uma doce garota, com uma grande obsessão. Maria Cecília se vê a mercê de uma paixão incurável pelo bandido mais perigoso do Rio de Janeiro. Obcecada em um oc...