Jogo de sedução 📿

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“ Perante cada desejo, é necessário fazer a pergunta: Qual a vantagem de não o satisfazer? ”
— Epicuro.

“ Perante cada desejo, é necessário fazer a pergunta: Qual a vantagem de não o satisfazer? ” — Epicuro

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Eleonor Ferrara

Sei que estou brincando com fogo, mas a ideia de seduzir Vincenzo me excita cada dia mais.  — Algo na maneira como ele fala sobre fé e amor me desafiam. Por trás de sua aparente serenidade, percebo um homem lutando contra suas próprias emoções, um homem que talvez não tenha experimentado o que estou prestes a lhe oferecer.

Minhas visitas à igreja estão cada vez mais frequentes, ainda sento-me nos bancos do fundo, usando sempre vestidos que marcam cada parte do meu corpo como uma obra de arte cara e desejada.  — Sempre lanço olhares e sorrisos bem sugestivos em sua direção, e posso jurar que o vejo queimar.  — Por mais que ele tente disfarçar, sua postura sempre muda quando me vê presente entre suas ovelhinhas, seus olhos o traem, posso ver lampejos de hesitação.

Mas hoje deixarei claro minhas intenções, quero ver até onde a fé dele o ajudará. — Após a finalização de mais uma missa, o vejo se afastar, já sei para onde ele vai, e lá será o lugar perfeito para encurralar meu homem de Deus.  —  Me aproximo, o vendo se preparar para começar a receber suas confissões, meu coração acelera ao vê-lo, ajoelhado naquele espaço tão pequeno.  —  Queria ele ajoelhado entre minhas pernas.  — Se controla Eleonor.

— Padre Vincenzo  —  O chamo, tirando sua concentração  —   Preciso lhe confessar algo  — Seus olhos se fixaram nos meus, é visível sua surpresa e curiosidade.

Vejo ele hesitar por um breve momento.

— Pode entrar no confessionário Eleonor  — Noto receio em sua voz.

— Não, Vincenzo, o que tenho que confessar direi fora desse confessionário.  — Digo séria.

Ele acena em concordância.

— Ultimamente, sinto que estou sendo levada por uma força que não consigo controlar  —  Faço uma pausa, olhando diretamente em seus olhos
—  E essa força me atrai para algo… ou alguém… que talvez não devesse.
— Me aproximo dele, até poder sentir sua respiração. Por mais que ele tente desviar os olhos de mim, não consegue. 

Seu olhar então fica intenso, sinto um calor se espalhar pelo meu corpo.

— Sei que o que estou dizendo é errado, mas não consigo controlar meus desejos  — Sussuro quase como um sopro em seu ouvido  —  Padre, eu sinto um desejo incontrolável por você, algo que não consigo controlar  — Digo ainda sussurrando em seu ouvido.

O silêncio é tanto que posso ouvir o coração de Vincenzo acelerado, sua boca se abre várias vezes mas nem um som sai de seus lábios.  —  Não resisto ao vê-lo sem reação, deslizo minha  mão sobre a dele, um gesto simples, mas que têm um peso enorme.  — O toque foi uma faísca, acendendo algo dentro de mim.

— Por favor, Eleonor, não… —  Ele finalmente consegue dizer algo, mas sua voz falha, traindo suas convicções.

Não recuo, pelo contrário.  —  Me aproximo mais, deixando nossos lábios tão próximos, que quase podem se tocar.

— Às vezes, padre, não podemos lutar contra o que sentimos…  —  Seus olhos se fecham.

— Eleonor, você não entende… — Ele abriu os olhos novamente lentamente.

— Entendo mais do que você imagina, padre  —  Digo baixo, com os lábios ainda próximos ao seu  — Eu entendo que somos seres de carne e osso, com desejos e sentimentos que às vezes  não podemos controlar.

Acabo com a pouca proximidade de nossos lábios, roçando os meus lábios nos seus.  —  Foi um contato breve, quase inexistente para mim.  — Mas Vincenzo recua tão rápido, com os olhos arregalados.

— Eleonor, isso… isso não pode acontecer  — Ele balbucia, tentando recuperar o controle da situação  —  Eu sou um homem de Deus, fiz votos que não posso quebrar.

Um sorriso nasce em meu rosto, sei que estou mexendo com algo sagrado para ele, mas, ao mesmo tempo, estou lhe oferecendo algo que ele nunca experimentou, um desejo real, cru, sem as barreiras impostas por dogmas e regras.

— Às vezes, o desejo nos leva a caminhos que a razão não compreende  — Dou um passo para trás, dando espaço para Vincenzo  — Eu não estou pedindo que você abandone sua fé, padre. Só quero que seja honesto consigo mesmo. 

— Eleonor, por favor  — Ele finalmente fala, quase como um sussurro  —  Preciso orar, refletir…  —  Há um conflito enorme em seus olhos.

— Claro, padre  —  Digo me virando de costas  —  Mas saiba que estarei aqui, esperando uma resposta, seja ela qual for.

Com isso, me afasto, deixando Vincenzo sozinho, naquela sala, com a cabeça baixa, como se o peso do mundo estivesse sobre ele.

— Vovó  — Digo adentrando novamente o salão onde era feito as missas  — Vamos?

— Claro, minha querida  — Ela me lança um sorriso  — Onde estava? Já estava pedindo para Abílio ir atrás de você.

— Eu fui me confessar vovó  —  Digo dando-lhe um sorriso.

— Que bom minha querida, fico feliz em saber disso.

Após deixar a vovó em casa, sigo para a empresa.  — Tenho muita papelada para revisar, espero que Francesco não tenha esquecido nada hoje.

Para minha surpresa ele não esqueceu nada hoje, todos os documentos estavam assinados e prontos para encaminhar para os engenheiros

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Para minha surpresa ele não esqueceu nada hoje, todos os documentos estavam assinados e prontos para encaminhar para os engenheiros.  — Mas fora os documentos, tinha algo diferente na minha sala, algo estava diferente. 

— Aquilo são flores? Quem diabos deixou flores aqui?  — Falo sozinha  observando um buquê de girassóis na escrivaninha.

Procurei por algum cartão, mas não havia nada além do buquê.

— Ana, pode vir até aqui, por favor  — Falo ao telefone com minha secretária.

Em menos de um minuto a vejo entrar na sala, como sempre muito bela, esbanjando seu cabelo vermelho e seu terninho bege.

— Pois não senhora?  — Pergunta com um lindo sorriso.

— Sabe me dizer quem me mandou essas flores?  — Pergunto apontando para o buquê.

— Francesco, senhora, ele deixou aqui pela manhã.

— Obrigada Ana, já pode ir agora.
Era só o que me faltava, o que será que ele pretende com isso?

Meu doce Pecado 📿Onde histórias criam vida. Descubra agora