O retorno 📿

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“ Não é livre quem não tenha obtido domínio sobre si mesmo ”

— Demófilo

Eleonor Ferrara

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Eleonor Ferrara

Desci do avião com a cabeça cheia de pensamentos, a viagem foi um respiro necessário, mas os sentimentos que me atormentam ainda estão presentes apenas organizados em novas formas de dúvidas e incertezas.  — O tempo que passei longe trouxe uma nova perspectiva, mas não a clareza que esperava.

Enquanto dirijo de volta para casa, as paisagens familiares da cidade passam pela janela, como um filme que eu já conheço de cor.  —  Tudo parece igual, mas algo dentro de mim mudou, Vincenzo ainda ocupa meus pensamentos, suas palavras, seus gestos, a maneira como ele me olha… Mas sei que não posso deixar essa confusão tomar conta da minha vida.  —  Ele me quer longe, então terá.

Assim que entro em casa, sou recebida pelo toque do meu celular.

— Eleonor? Tudo bem?  — Francesco diz do outro lado da linha  — Como foi sua viagem?

Hesito um pouco, sentindo uma mistura de alívio e apreensão, desde de nossa última conversa, algo entre nós mudou, e não sabia o que fazer com isso ainda.

— Estou bem  — Digo com uma voz suave  — A viagem foi boa, precisava desse tempo. E você? Como estão as coisas no escritório?

— Tudo sob controle. Mas…  — Ele fez uma longa pausa  — Eu senti sua falta, Elen  — Fazia tanto tempo que não o ouvia me chamar assim.

Suas palavras, tão simples e diretas, me atingem de uma maneira que não esperava.  —  Durante
a viagem, pensei muito sobre Francesco, ele é gentil, atencioso, e ao contrário de Vincenzo, está disponível para mim, sem complicações ou amarras.

— Também senti sua falta  — Respondi sinceramente, afinal Francesco me fazia muito bem.

— Gostaria de jantar comigo amanhã?  — Perguntou um tanto animado.

Faço uma breve pausa, as imagens de Vincenzo ainda estão impregnadas na minha mente.  —  E isso é culpa minha, afinal eu que comecei com isso.  —  Mas tenho que seguir em frente, preciso viver, dar uma chance ao que pode ser.

— Sim, Francesco. Eu adoraria.

Ao desligar o telefone, sinto uma mistura de alívio e apreensão.  —  Mas Vincenzo pediu para me afastar, e não sou um monstro, não quero carregar a culpa de fazer um homem desistir do seu sonho, por um desejo fútil meu.  — Ou será que sou?

O restaurante  que Francesco escolheu é muito aconchegante e elegante, a iluminação suave cria um ambiente tranquilo, e a comida está deliciosa.  —  E apesar do ambiente romântico, a conversa entre nós está leve e descontraída.

— Então, como foi realmente sua viagem? Já se sente renovada?  — Pergunta enquanto corta seu bife, com um sorriso casual.

— Foi boa, sabe? Eu precisava desse tempo para repensar sobre algumas coisas. Às vezes, a distância ajuda a clarear as ideias  — Dou um sorriso relaxado.

— Concordo, às vezes, só precisamos de um pouco de espaço para enxergar as coisas com mais clareza. E a Espanha? Como estava?

— Linda, como sempre. As paisagens, a comida, a cultura… Foi um ótimo escape  — Respondi olhando meu prato, pensativa  — E você, como tem estado? Ocorreu tudo bem no escritório?

— Sim, tudo tranquilo. Eu estava pensando em como é bom você estar de volta, estamos com um novo projeto para desenvolver. Já fiz algumas plantas, mas você tem um olhar único para detalhes.

Levantei os olhos, encontrando seus olhos verdes, brilhando com uma admiração, que não sei se  mereço.

— Fico lisonjeada que tenha me esperado para olhar  — Falo dando um sorriso  — Mas sabe que confio em você quando se trata de fazer boas plantas  — E confiava mesmo, ele podia ser muito esquecido, mas era tão bom arquiteto quanto eu.

— Eu sei que confia Elen  — Ele abre um lindo sorriso  — E, por falar em trabalho, que tal irmos ver como anda o projeto dos Willians? Sempre admirei como você consegue transformar uma visão em realidade.

Sorri, apreciando o elogio.

— É uma ótima ideia, vamos marcar um dia para visitar os engenheiros.

— Que tal brindarmos?  — Disse enchendo minha taça e a sua.

— Ao que exatamente? — Pergunto curiosa.

— As novas ideias e a seguir em frente  — Fala erguendo sua taça.

O acompanho, levantando a minha também.

— As novas ideias e a seguir em frente  — Repito sorrindo.

A conversa flui naturalmente, cheia de perguntas e respostas sinceras.  — É um momento agradável, sem pressão ou expectativas, apenas a reconexão de dois amigos que estão tentando descobrir se podem ser algo mais.

Meu doce Pecado 📿Onde histórias criam vida. Descubra agora