Capítulo 20 - Não estamos sozinhos

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CLARKE
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Eles estavam caminhando há horas, traçando círculos cada vez maiores pela floresta na tentativa de cobrir todo o terreno. As panturrilhas de Clarke estavam queimando, mas ela achava a dor uma distração bem-vinda dos pensamentos perturbadores: as chamas consumindo as laterais da barraca da enfermaria, os braços de Wells a prendendo, o estalo nauseante quando as paredes desmoronaram.

— Ei, olha isso. — Clarke se virou e viu Bellamy ajoelhado perto do local onde ela havia encontrado o laço de Octavia, examinando atentamente o que pareciam ser pegadas na terra. Embora Clarke não fosse uma rastreadora, as marcas de luta eram evidentes. Quem quer que tivesse deixado essas pegadas não estava apenas caminhando pela floresta.

— Parece que alguém estava correndo ou lutando — observou Clarke suavemente, deixando a frase incompleta: quase como se alguém tivesse sido arrastado. Eles tinham assumido que Octavia tinha fugido, mas e se ela tivesse sido capturada?

Clarke viu a mesma dúvida na expressão de Bellamy e se ajoelhou ao seu lado.

— Ela não pode estar muito longe — disse Clarke, acreditando verdadeiramente nisso. — Nós vamos encontrá-la.

— Obrigado. — Bellamy assentiu e se levantou, e eles continuaram sua busca. — Estou... feliz por você estar aqui comigo.

Eles seguiram em frente, caminhando pesadamente por horas enquanto o sol subia e depois mergulhava no céu. À medida que seus círculos se alargavam, Clarke percebeu que se aproximavam da borda da floresta. Entre os troncos das árvores, ela avistou uma clareira e parou. As árvores ali pareciam diferentes, com troncos nodosos e galhos grossos cobertos por uma copa de folhas verdes. Os ramos se curvavam sob o peso de frutas vermelhas e redondas. Maçãs.

Clarke se aproximou das macieiras, com Bellamy logo atrás.

— Isso é estranho — disse ela lentamente. — As árvores estão tão espaçadas. Parece um pomar. — Ela se aproximou da árvore mais próxima. — Será que ele poderia ter sobrevivido todos esses anos?

Embora a árvore fosse muito mais alta do que ela, o galho mais baixo estava próximo o suficiente para que Clarke, na ponta dos pés, pudesse alcançar uma maçã. Ela a atirou para Bellamy antes de pegar outra para si.

Clarke segurou a maçã perto do rosto. Plantavam frutas nos campos solares na nave, mas aquelas maçãs eram diferentes. A casca não era apenas vermelha; tinha listras rosa e branca e exalava um aroma inédito. Ela deu uma mordida e se surpreendeu com o sabor doce e azedo ao mesmo tempo. Por um momento, Clarke permitiu-se esquecer o que havia acontecido na Terra e se entregou ao prazer da fruta.

— Você está pensando o mesmo que eu? — perguntou Bellamy, e Clarke se virou para ele.

Enquanto ela comia, ele havia começado a medir a distância entre as árvores com galhos caídos.

— Para ser sincera, eu só estava pensando em como isso é delicioso — admitiu Clarke, um sorriso surgindo em seus lábios. Mas Bellamy não sorriu nem a provocou. Ele continuou a observar as árvores perfeitamente espaçadas.

— Essas árvores não sobreviveram ao Cataclismo e simplesmente cresceram assim — disse ele lentamente, com uma mistura de admiração e medo na voz. Clarke sentiu o coração apertar com um pressentimento. — Alguém as plantou.

THE 100 ᵇᵉˡˡᵃʳᵏᵉOnde histórias criam vida. Descubra agora