CAPÍTULO 28

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Era uma noite quente em Belo Horizonte, e as luzes da cidade brilhavam intensamente, refletindo o ritmo frenético da vida noturna. Cristian estava em uma boate lotada, cercado por mulheres que riam e tentavam chamar sua atenção. A música alta e os flashes de luzes coloridas criavam uma atmosfera caótica, mas ele gostava dessa sensação. Era como se o poder estivesse em suas mãos, controlando tudo ao seu redor.

Enquanto bebia, Cristian se permitia afundar mais na bebida, buscando o esquecimento em cada gole. No entanto, a euforia foi interrompida quando um bêbado infeliz começou a tocar uma música de Zezo. No momento em que a melodia começou a tocar, suas memórias de Thales voltaram com força total, passando como flashes rápidos em sua mente. Ele viu os momentos que compartilhou com Thales, a paixão em seus olhos, o calor de seu toque... e seu coração doeu. A dor era intensa, e antes que pudesse perceber, lágrimas escorriam por seu rosto.

Respirando fundo, Cristian gritou, a voz carregada de raiva e desespero:

— Tire essa música agora!

A boate inteira parou por um momento, o barulho diminuindo enquanto todos olhavam assustados para ele. O bêbado, aparentemente alheio à tensão, se aproximou com um sorriso descontraído, balançando uma garrafa na mão.

— Acalma aí, moço. Vamos beber escutando Zezo. Você tá precisando de uma dose de 51 pra esquentar o coração.

Cristian estava tomado por uma fúria intensa. A música, as lembranças... tudo era insuportável. Ele queria destruir aquele lugar, matar todos ali, mas a dor das memórias era ainda pior. Sentindo-se sufocado, ele se sentou em uma mesa, tentando controlar a raiva que borbulhava dentro de si.

O bêbado se sentou ao lado dele, ainda sorrindo, e entregou-lhe um copo cheio de uma bebida forte.

— Quero algo que me faça esquecer essas lembranças — disse Cristian, a voz tensa e carregada de amargura.

O bêbado empurrou o copo para ele, os olhos brilhando com uma certa sabedoria inesperada.

— Essa sua aliança é bonita — comentou o bêbado, apontando para a mão de Cristian. — Talvez seja ela que esteja causando essas memórias.

Cristian olhou para sua mão, fixando os olhos na aliança que ainda usava. Um pensamento passou por sua mente como um relâmpago: Essa aliança... é um artefato de ligação?

Ele girou o anel no dedo, sentindo a energia que emanava dele. A dor em seu peito intensificou-se à medida que percebeu o significado do que o bêbado havia dito. A aliança não era apenas um símbolo de seu amor por Thales; era um elo que o mantinha ligado às lembranças e ao homem que ele ainda amava, mesmo que não quisesse admitir.

Cristian sentiu uma mistura de raiva e tristeza. Ele queria arrancar o anel do dedo, quebrar aquela conexão que o atormentava, mas ao mesmo tempo, não conseguia se desfazer dele. A aliança era uma parte de si, um lembrete do amor que ele tentou sufocar, mas que ainda queimava em seu coração.

— O que você sabe sobre dor, velho? — perguntou Cristian, com a voz rouca e carregada de emoção, enquanto apertava a aliança.

O bêbado deu de ombros, pegando sua própria bebida e tomando um longo gole antes de responder.

— Todo mundo carrega dor, moço. A diferença é que alguns de nós aprendemos a viver com ela, enquanto outros tentam afogar no álcool ou na violência. Mas vou te dizer uma coisa: o que realmente importa é o que você faz com essa dor. Vai deixar ela te destruir ou vai usar isso pra ser mais forte?

Cristian ficou em silêncio, as palavras do bêbado ecoando em sua mente. Ele não sabia a resposta, mas uma coisa era certa: a batalha interna que ele enfrentava era tão feroz quanto qualquer luta que ele já travou no campo de batalha. E, de alguma forma, ele precisaria encontrar uma maneira de vencer essa guerra dentro de si mesmo, antes que ela o consumisse por completo.

O Eclipse do Rei Sombrio / Vol 1Onde histórias criam vida. Descubra agora