Ele e uma guitarra

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- Jungwon? - abri os olhos.

Ó, todos os deuses que habitam o céu, ouçam meu clamor... O que eu fiz?

Viro meu rosto para o lado e encontro Jake, com um leve sorriso, apoiado no batente da porta. Uma sensação de inquietação percorre meu estômago e, como um relâmpago, levanto-me da posição quase fetal em que estava ao lado de Jay e corro em direção ao meu melhor amigo, segurando seu pulso enquanto saímos apressadamente daquele lugar.

- Jungwon! Por que você está correndo tanto? - ele me questionou, e só consegui parar na porta giratória da empresa. Tudo ao meu redor estava envolto em escuridão. - Se você pensa que fugir assim vai apagar o que acabei de presenciar, está muito enganado, meu caro. Você finalmente se entregou ao que estava evidente em seu rosto todos esses dias. Não crie um alvoroço por isso. Acha que não percebo o que está acontecendo entre vocês dois? O simples fato de Jay ter ficado em prantos, acumulando multas por excesso de velocidade para chegar aqui, enfrentando a chuva enquanto percorria todas as entradas deste prédio em busca de uma que não estivesse trancada, e ainda ter precisado chamar um técnico para desligar as travas de segurança... Se você não notou, seu desligado viajante de Marte, eu também estou molhado.

Eu estava totalmente alheio ao que acontecia ao meu redor. Ao parar na entrada, consegui observar Jake com mais clareza. Ele estava encharcado e, refletindo sobre isso, percebo que Jay também estava, já que algumas áreas da minha roupa estavam molhadas. A narrativa de Jake era verdadeira, mas...

Oh! Eu beijei Park Jay... Socorro!!

- Sim Jake, COMO É QUE EU NÃO POSSO SURTAR? - exclamei, enquanto acenava para um táxi que estava próximo. - Acabei de tomar uma atitude completamente insana, EU BEIJEI PARK JAY!!! Como é possível que meu cérebro idiota não funcione e me impeça de cometer uma loucura dessas? Deveria ser internado, pois me sinto completamente fora de mim, e nem preciso de um psiquiatra para perceber isso! Você não compreende as consequências disso?

- Eu entendo a consequência de vocês dois estarem agindo como se fossem cegos ao não perceberem que estão completamente apaixonados um pelo outro. - Jake entrou no táxi logo atrás de mim e fechou a porta. - Olha, desde que te conheci, Yang Jungwon, nunca vi você tão radiante quanto quando fala sobre Jay. Você realmente acredita que essa sensação de aquecimento no seu coração é um sentimento tão simples que não merece um nome? Se você está se sentindo estranhamente feliz e sorridente, só pode ser uma das duas opções: ou você está apaixonado, ou ficou louco. E, convenhamos, não há muita diferença entre as duas.

- Não é tão simples assim, Jake. Eu não posso simplesmente abrir a porta dos meus sentimentos e dizer: "Bem-vindo, Park Jay! Entre, a casa é sua!" Não desejo que isso aconteça, entende? Você, mais do que ninguém, sabe que não quero mais sofrer pelas pessoas, Jake. Este emprego é a única âncora que tenho neste momento, e temo que acabei de arruinar minha chance, pois cometi um erro que... que... foi além do que eu poderia suportar. - confessei em um tom baixo, enquanto sentia a mão do meu amigo segurando a minha.

- Esse erro, Yang Jungwon, é chamado de 'estar apaixonado', e isso é algo que vai além de você. Tentar escondê-lo é como tentar camuflar um elefante atrás de uma agulha. - Seu olhar era gentil, e eu sabia que o sábio Jake estava prestes a compartilhar mais uma de suas lições. - Apenas me prometa uma coisa. - Ele apertou minhas bochechas com firmeza. - Que você não permitirá que o medo de se arriscar te mantenha infeliz. Tenho certeza de que isso poderia dar muito certo. O coração possui sua própria vida, um sistema independente do nosso corpo. Quando algo nos faz vibrar, a alma se desperta e os pelos se arrepiam. É como se nos dissesse: vá em frente, você merece! Quando sentir essa sensação, pode ter certeza de que será o caminho certo a seguir.

Karma (Jaywon)Onde histórias criam vida. Descubra agora