Meu Passado Me Condena

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A novidade do ano: Jungwon estava atrasado!

Corro pelas calçadas e atravesso as ruas loucamente, esperando que nenhum carro me atropele. Escuto xingamentos de todos os motoristas em várias línguas; afinal, estou na cidade mais diversificada do mundo, Seul. Com todo o gosto, mostro alegremente meu dedo do meio enquanto imagino que todos os xingamentos, mesmo em vários idiomas, significam um "vai se foder".

Nesse instante, me encontro em uma situação deplorável. Acordei com o pé esquerdo e atrasado - a bateria do meu celular estava acabando e, como uma anta, esqueci de colocá-lo para carregar. Não tive tempo de tomar café - meu estômago está roncando mais que minha avó após a ceia de Natal. Não consegui pegar um táxi - pelo visto, ganhei o poder de ser invisível e nem fiquei sabendo. Estou correndo pelos cinco quarteirões que separam meu apartamento do prédio onde tenho uma entrevista de emprego. Para completar, estou com um suor nervoso surgindo nos lugares menos glamurosos, fazendo com que, além do meu emocional, meu físico também esteja debilitado.

Sei como a aparência conta quando queremos arrumar um emprego em uma empresa tão grande quanto a Hybe. Nesse momento, minha autoestima está no chão ao dar uma olhada no meu estado na vitrine espelhada de uma loja. Preciso desse emprego como ajudante de qualquer jeito. Não é porque faço orações que minhas preces são atendidas; as contas continuam chegando, mesmo que eu reze todos os dias para que elas sumam. Não posso deixar tudo nas costas de Jake, meu colega de apartamento, que é paranoico com limpeza. Ele é um pouco louco, mas muito responsável em seu emprego de administração.

Mas o assunto do momento não é ele, e sim minha situação desesperada ao olhar para o relógio e perceber que estou quinze minutos atrasado, enquanto as pessoas já estão sendo chamadas para a entrevista com o maioral da empresa. Ao ver todos os candidatos de terninhos de primeira linha, postura ereta, treinando falas com palavras difíceis e com um perfume maravilhoso, já me sinto derrotado. Sento-me após receber uma sobrancelha arqueada da secretária que estava recebendo os candidatos.

Minha perna está tremendo.

Não de leve.

Está chacoalhando de um jeito que nunca vi.

Meu estômago está dando cambalhotas e fico enjoado só de pensar no fracasso que serei ao entrar pela enorme porta preta que encaro de onde estou sentado. Enquanto não sou chamado - pelo visto, é por ordem de chegada -, observo as pessoas ao meu redor. Todos são tão profissionais, parecendo ter saído de um comercial de carros, com sorrisos perfeitos. São ótimos em comunicação e interações, enquanto eu olho para meus pés, vendo meu All Star preto bem detonado que comprei em um brechó, nada combinando com o terno emprestado de Jake.

Não me encaixo neste lugar, mas estou determinado a dar o meu melhor, com muito sangue nos olhos, mesmo que a cada minuto eu me sinta menor e mais invisível. Vejo que uma garota, provavelmente da minha idade, está conquistando todas as atenções. Com certeza, ela já é conhecida.

- Eu sei que isso é uma entrevista para um teste de experiência, mas tenho certeza de que viro a secretária dele depois de uma semana. Minhas habilidades são excepcionais, estudei na melhor universidade e fiz muitos cursos. Sou a mais adequada para a vaga, não querendo menosprezar vocês, é claro, mas acho que o currículo vale muito. - É uma garota loira com um sorriso extremamente branco, vestindo um terninho com uma blusa rosa bebê decotada. - Ah! Meu nome é Kim Sooha, ravi de vous rencontrer.

- Falaram que ele é um gato, quem já trabalhou aqui o chama de bonitão. Ele deve fazer jus ao apelido? - Uma outra garota comenta com Sooha, enquanto eu simplesmente fico em silêncio, absorvendo informações. Não estou interessado em saber sobre a aparência do chefe, apenas se ele é mais inclinado para o lado de Deus ou do capeta mesmo.

Enquanto as duas garotas fofocam, eu fico repassando mentalmente tudo o que quero dizer ao chefe: minhas qualidades e talvez ganhar alguns pontos mencionando meus defeitos. As pessoas vão entrando e saindo da sala, algumas com sorrisos, outras com expressões de desânimo. Parece mesmo um corte, e estou sentindo minha cabeça rolar depois do discurso da Miss asiática Sooha.

Depois que ela sai da sala, simplesmente fala:

- Ele, com certeza, faz jus ao apelido.

Caguei para você garota e sua opinião. Quero socar sua boca cheia de gloss por ter me feito ficar escutando por uma hora opiniões merdas sobre a sua vida.

Agora meu medo de falhar apita que eu deveria ir embora. Mas não posso. Preciso disso.

- Yang Jungwon. Você é o próximo, pode entrar. - A moça que me chamou antes fala meu nome com seriedade, e eu levanto rapidamente, tentando ajeitar meu cabelo arrepiado, mas ele continua firme e forte, então no fim eu desisto. - Como você é o último, espero que se apresse na apresentação. Meu chefe está cansado de tantas entrevistas, todos os funcionários já estão querendo ir embora. Essa nem era mesmo a função dele.

- Tudo bem, farei o meu melhor. - Seguro a maçaneta, sentindo meu corpo vibrar um pouco pelo misto de nervosismo e confiança que se apossam de mim. O suor aumenta nas palmas das minhas mãos, e peço desculpas mentalmente por deixar uma marca na maçaneta que parece cara. Entro de cabeça baixa, sentindo uma pressão sufocante tomar conta do local. Assim que levanto meu olhar, entendo muito bem o motivo do ar ter ficado tão rarefeito de uma hora para outra.

Na mesa principal do lugar, vejo-o sentado com uma pose superior e elegante, vestindo um terno caro e de boa costura, com um sorriso fixado no canto dos seus lábios - que, com certeza, não é de Deus. - Uma pasta próxima ao seu peito e um topete certinho em seu cabelo castanho escuro luminoso completam o visual impecável de Park Jay.

O mesmo Park Jay que reconheço muito bem, aquele nerdão apaixonado por mim no Ensino Médio, que se confessou numa bela manhã de primavera e recebeu um grande NÃO da minha boca em frente à escola inteira no pátio.

Poderei me declarar um desempregado eterno se for depender dele e assim me pergunto...

Por que fui rejeitar Park Jay?

Karma (Jaywon)Onde histórias criam vida. Descubra agora