Karma (Jaywon)

Me beije

Estava totalmente convicto de minha decisão de jantar com meu irmão, especialmente quando ele mencionou que o Sr. e a Sra. Yang não estariam presentes nesse reencontro familiar entre nós. A todo momento, tentava manter em mente as palavras de Jay, que afirmou que as pessoas podem mudar. Assim como eu evoluí, percebo agora que a raiva me impediu de considerar a possibilidade de que meu irmão também pudesse ter mudado e se arrependido.

Minha relação com Jay ainda estava um tanto conturbada desde nossa última conversa, por isso procurei realizar minhas atividades o mais distante possível de seu escritório. Agradeci a Buda pela proximidade da visita da avó dele, pois isso o mantinha bastante ocupado com a organização de alguns eventos que ambos participariam, além da apresentação dos últimos projetos da empresa. Ele comentou que preferia fazer tudo por conta própria, ciente das altas exigências que a avó tinha em relação aos resultados do trabalho na empresa.

Ao longo do dia, comecei a me questionar se ele estava bem. Não o havia visto sair do escritório, nem mesmo durante o horário de almoço, e agora já era tarde. Ninguém consegue trabalhar adequadamente de estômago vazio ou sem um bom descanso. Concentrar-se totalmente em uma única tarefa pode ser prejudicial, pois isso leva ao cansaço extremo e à perda de detalhes que, em uma situação normal, não passariam despercebidos.

Fui até a lanchonete localizada no primeiro andar da empresa em busca de um lanche rápido. Coloquei o que comprei em uma sacola plástica e, como precisava ir à copiadora naquele momento, deixei a sacola pendurada na maçaneta do escritório de Jay. Dentro dela, havia um pedaço de torta de morango e um delicioso suco de uva.

Nestes últimos dias, tenho me sentido muito estranho; uma sensação de culpa tem me atormentado por ter falado com Jay daquela forma. Ele não tinha responsabilidade por não me compreender, assim como ninguém deveria ter, e me sinto mal por ter descontado minha raiva nele, quando, na verdade, ele apenas disse a verdade. Não desejo essa proximidade que ele está conseguindo estabelecer, nem pretendo aceitá-la, pois, no final, sou eu quem sairá machucado de toda essa situação.

Não posso me deixar levar por esses traços de curiosidade e preocupação que Jay demonstra em relação a mim; a única pessoa a quem permiti esse tipo de apego é Jake. Qualquer sentimento que surgisse em meu coração em relação a Jay não seria apenas amizade, e essa ideia me consome, pois não desejo sentir nada que possa complicar tanto a minha vida quanto a dele.

Consigo controlar minhas emoções pelo tempo que for necessário, independentemente de quais sejam elas neste momento.

🖤💼

Após retornar da copiadora, tenho a tarefa de entregar os documentos a Jay. É uma tarefa simples: deixá-los sobre a mesa e sair sem pronunciar uma única palavra. Manter o profissionalismo é essencial, e isso é tudo.

Antes de retornar ao escritório de Jay, avistei Sunghoon engajado em uma conversa com um homem mais velho, enquanto mostrava algum documento contido em uma pasta. Recordando que ele é vice-presidente de uma grande empresa de entretenimento, percebo agora a aura empresarial que o rodeia: suas palavras são eloquentes, um sorriso aqui, uma expressão séria ali. Sorrio ao reencontrar meu amigo, quando seu olhar se fixou em mim, Sunghoon despediu-se do homem e dirigiu-se em minha direção.

- Notei que você está sorrindo para mim. Está feliz com algo? - ele indagou.

- É curioso pensar que você é o vice-presidente de uma grande empresa, enquanto eu já dancei com você de uma maneira um tanto quanto descontraída. Sabe, isso me faz sentir um pouco fora do lugar. - soltei uma risada.

- Ah, não diga isso! Você é uma das poucas pessoas que me proporciona momentos de leveza em meio a tanta seriedade. A cada dia, sou grato por ter te conhecido, Jungwon. - Uau! Minhas bochechas se aqueceram. Isso é um grande elogio para mim, pois ele acaba de afirmar que se sente bem ao meu lado. - Ontem, Jay atrapalhou nosso encontro por causa de um ciúme bobo, mas...