Músculos

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Acordei um pouco desorientado e comecei a tossir furiosamente, como se meu corpo estivesse expelindo água dos pulmões. Minha cabeça doía pela força que estava fazendo, e meu peito ardia, assim como minhas narinas. Quando recobrei meus sentidos, percebi que estava na maca de um hospital, com uma agulha enfiada na pele. Não sou muito fã de agulhas, e quando coloquei a mão sobre a agulha para tirá-la, outra mão sobrepôs a minha.

- Está ficando louco? - ouvi a voz de Sunghoon ao meu lado. - Não vai arrancar nada até que termine de tomar o soro, seu doido.

- Onde estou? O que aconteceu? - perguntei, enquanto me ajeitava na cama. Ao me mover, senti a agulha puxar um pouco, provocando dor. - Ai! Eu não gosto de hospitais... Então é melhor eu ir embora daqui - falei, tentando arrancar aquela coberta brega do meu corpo.

- Você não vai a lugar nenhum - ouvi a voz inabalável de Jay, que entrou ao abrir a cortina. Seu tom me fez ficar quieto e obedecer. - Estamos no NY Health e você desmaiou. Agora que suas perguntas foram respondidas, precisa ficar quieto até terminar de tomar o soro.

Abaixei a cabeça, envergonhado. Depois, ao levantar, percebi, na minha lerdeza, que Jay estava parcialmente molhado.

- Quando cheguei, você estava no cais e, de uma hora para outra, desmaiou. Você tem algum problema de saúde? - perguntou Sunghoon, sempre preocupado. Um fofo.

- Não comi, acho que foi por isso. Minha hipoglicemia atacou - falei, continuando a encarar Jay. Coloquei a mão no cabelo, ainda molhado, percebendo que não devo ter ficado desmaiado por muito tempo.

- Quando você desmaiou, caiu na água. Como estava sem reação, Jay, que estava mais perto, correu para te salvar antes que se afogasse - explicou Sunghoon. Olhei para meu chefe, completamente sem chão. Como ele me encontrou? Ele saiu do jantar com Heeseung e Sooha? - Depois que ele conseguiu te tirar da água, trouxemos você para o hospital.

- Talvez eu devesse virar salva-vidas - comentou Jay, arregaçando a manga da camisa social e bagunçando o cabelo, que agora estava sem topete, com a franja caindo sobre os olhos e alguns pingos de água ainda se manifestando. - Você criou mais uma dívida. Eu paguei pela sua estadia aqui no hospital. Por que não comeu no trabalho? Arrumou almoço para todos, menos para você?

- Com tantos acontecimentos, acabei esquecendo - respondi. Eu era idiota; uma das coisas que mais amo fazer é comer, e eu esqueci. Onde estava minha cabeça? - Obrigado por me salvar... Eu realmente iria me afogar, porque não sei nadar.

- Não sabe nadar? Isso é inédito - disse Sunghoon, levantando do pequeno banquinho ao lado da minha maca. - Vou perguntar às enfermeiras se já posso te dar alguma coisa para comer. Se puder, vou à cantina e já volto. Tenho certeza de que gosta de pudim de chocolate.

- Claro - respondi, vendo Sunghoon sair. Meus olhos voltaram para Jay, que ainda estava parado ao lado da cortina, ligeiramente aberta. Ele estava sem o paletó de antes, e a camisa branca grudava em seu peito, delineando seus músculos. Engoli em seco e virei o rosto.

- Sabe o que aconteceria se eu não tivesse chegado a tempo de te socorrer... - Jay estava irritado, e eu não queria receber um sermão. Nem respeito aos doentes esse homem tem. Eu quase morri e não foi de um jeito legal. Nem sei se saí divando, tipo com Jay me carregando em seus braços... JESUS! Ele fez respiração boca a boca comigo? - E não, eu não fiz respiração boca a boca com você, se é isso que está pensando por causa dessas bochechas coradas.

Como ele leu meus pensamentos? Será que ele acabou de invadi-los e soube que eu estava imaginando ele me carregando no colo, jogando a franja para o lado, segurando minhas costas e coxas? Acho que não, ou espero que não!

Karma (Jaywon)Onde histórias criam vida. Descubra agora