"Havíamos passado perto das ruínas de uma cidade. Uma vez reestabelecidos na vila, cujo nome ainda preciso me lembrar de perguntar, Wolfgar insistiu para que fôssemos em busca de relíquias. Uma boa missão. Resolvi ir junto. Os meninos das espadas ficaram na vila, empolgados com seus novos brinquedos. No caminho, o anão disse que agradecia meu apoio à sua causa, mas que não esperava comportamento diferente de mim. Seguimos por aquele caminho que havia nos trazido, buscando a entrada que tínhamos visto antes, até que finalmente a avistamos. Ali estava a entrada para as ruínas que pretendíamos explorar"
Haseid se aproxima lentamente do galho onde viu Neriom descansar. Ele ainda estava ali.
Tentando manter o máximo de silêncio, sem nem respirar, o patrulheiro se aproxima e segura rápido o Alvinegro. O gnomo percebe no último momento e, por reflexo, coloca a mão nele, mas não consegue segurá-lo ou evitar que o pelado voador o pegue.
– Me devolve meu cajado!
– De jeito nenhum! Pra você ficar se escondendo nas sombras? Não temos tempo pra isso! – Vendo o grupo se aproximando, Haseid jogo o bastão na direção deles. – Guarda, Ild!
Quem o pega é Wolfgar, que olha para o monge franzindo a testa.
– Ele não percebeu que eu estou sem luvas? Mesmo eu estando pelado?
– Alguém tem uma corda? – Haseid pergunta, diante de um gnomo profundamente irritado, babando e já de pé. – Tou a fim de virar cogumelo também não, tá ligado?
– Que corda, Haseid? – Sharon reage. – Estamos sem nada, nem roupas! Esqueceu?
– Tenho algo que pode ajudar. – Tim Gladus fala e dá um passo à frente.
Sharon fica feliz ao ouvir isso, mas franze a testa ao ver que esse algo era a calimba mais uma vez.
– Alguém pode me levar até perto dele?
Haseid desce e pega o tritão, que começa a tocar uma melodia bem calma, olhando fixamente para o gnomo.
Quando os olhares dos dois se cruzam, não demora quase nada. Neriom se abaixa tateando o lugar, se senta e sua cabeça pende para a frente.
– Dormiu! Você é bom, hein! Agora temos que pegá-lo e dar o fora.
– Dá o bardo pra cá. – Ezelius fala, bem do lado do patrulheiro, também voando. – Aí você traz o Neriom.
Haseid pensa um pouco e fala.
– O gnomo é mais leve! Por que você não traz?
– Tem que trazer ele longe do nariz, com o braço esticado. Você é mais forte pra fazer isso.
– Não p'reciso ficar de ca'rona com nenhum dos dois. Podem me devolver ao chão.
– Ele vai dormir por muito tempo?
– Tempo suficiente.
Com a resposta, os três voltam para perto dos outros e Haseid vai novamente até a árvore para trazer o Neriom.
– Estamos progredindo bem. – All Thorn fala. – Podemos ir em direção ao nosso equipamento que Haseid nos acompanha.
– Cla'ro. – Tim Gladus responde e dá um salto em direção ao fosso de água.
– Ei! – All Thorn grita e o tritão para no ar, antes do mergulho. – Você quer dizer que nossas coisas e a saída são debaixo d'água?
– Sim. É o único caminho que conheço.
O paladino olha para os demais colegas do grupo, notadamente preocupados.
– E agora, como a gente faz? – Ezelius pergunta e olha pra Haseid, que se aproxima. – Você não tem uma magia de respirar na água?
– Mais ou menos. Por quê?
– Porque a gente vai precisar entrar na água, ué! – E aponta para o tritão, suspenso, esperando a conclusão da conversa para terminar seu mergulho. – E seria bom podermos respirar lá.
– Será que a gente vai precisar mesmo disso?
– Tim Gladus, não é? – All Thorn volta a falar. – Você está ciente de que a gente não consegue respirar em água como você, não está?
– Nón se p'reocupem. Há uma g'ruta com ar lá embaixo. É onde estão suas coisas.
– Sei não... – Ezelius fala, encarando Haseid de forma meio acusadora. – Isso não me parece boa ideia.
– Se o meu martelo está lá, já fui! – Wolfgar mergulha.
– Para onde vamos, lá dentro? – Sharon pergunta. – Não se empolgue e nos espere pra que ninguém se perca.
– É só seguirem minha musiqué.
Sem entender com clareza o que isso significa, Sharon encara All Thorn e os outros. Os dois concordam. Tim Gladus continua o mergulho e eles o seguem. Os demais vem em seguida.
Haseid olha um pouco, balançando a cabeça, segurando o Neriom.
– Sacanagem... E agora? Vou ter que afogar o coitado? Besto, meu deus dos animais, me ajude nessa hora! Me deixa na mão não...
Ele se concentra em sua magia de respirar na água, aplicando-a sobre o gnomo. Não funciona.
– É, ninguém pode dizer que não tentei. – Ele fala por fim e pensa um pouco a respeito. – Pior que podem. Ninguém me viu tentando. Melhor correr, de qualquer forma, ou eu fico pra trás e me perco. Vamos lá, amiguinho, vou tentar nadar bem rápido.
Haseid fala com o gnomo inconsciente e mergulha no fosso de água, deixando aquele castelo sombrio para trás e seguindo seus companheiros.
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As Sementes do Mundo Inferior - Parte III
FantasyA aventura de Sharon e seu grupo continua. Após serem vencidos diante de um castelo infernal, o que acontece? Os problemas só aumentam e ainda há sementes a se plantar.