"Uma pira de cristal alimentava uma chama perpétua, enquanto em outro lado uma escultura jorrava água. Antes que tivéssemos a chance de investigar melhor a estrutura, um monstro gigantesco emergiu e investiu contra o grupo. Seu corpo media 6m somente de diâmetro. All Thorn mais uma vez foi engolido, com Teraaz e tudo. O monstro cavava túneis com a mesma facilidade que as criaturas aquáticas se deslocam na água. E mergulha no chão diante dos nossos olhos. Após ataques e uma perseguição que terminou em um terceiro túnel recém-criado pelo ser, com Haseid e sua pantera também sendo engolidos no processo, finalmente a criatura foi destruída por uma bola de fogo controlável lançada por Ezelius."
Sharon viu o estranho tritão desaparecer na distância. Preocupada em como achariam o caminho, todos mergulhados n'água, de repente começou a escutar uma canção suave. Estranhou, pois não esperava ouvir nada assim, estando submersa. E seguiu a origem daquele som. Os outros também foram na mesma direção.
Após mais de um minuto nadando, eles avistam Tim Gladus tocando uma calimba aquática. Um bastão com conchas encravadas de tamanhos muito variados. Ele parte para dentro de uma caverna próxima assim que o grupo chega. O grupo o segue.
Já dentro da apertada caverna, ele aponta pra cima. O grupo obedece e encontra um pequeno espaço com ar.
– Cadê minhas coisas! – Wolfgar pergunta, tão logo retoma o fôlego.
– Ué, acha que cabe alguma coisa tua aqui? – Ezelius pergunta, zombando.
– E cadê esse tritão?
– Deve estar esperando a gente tomar fôlego de novo e mergulhar para seguí-lo.
– Ei, gente... – Haseid fala, preocupado. – Queria atrapalhar não, mas o Neriom não tá respirando.
– Espera... – All Thorn se aproxima do gnomo e coloca a mão em seu peito.
Um suave brilho dourado aparece entre sua mão e seu colega e logo some.
– Aperta ele um pouco.
Atendendo ao pedido, Haseid força o pulmão de Neriom a expulsar parte da água. Seu corpo ainda não se mexe e a respiração volta fraca.
– Ele não vai aguentar a viagem. – Wolfgar fala, preocupado.
– Vão na frente pra abrir caminho. – Ezelius diz. – Eu fico pra ajudar. A gente vai daqui a pouco.
– Vocês vão ficar bem? – Sharon pergunta, preocupada.
– Aí você está querendo demais. – Ezelius responde, rindo. – Vão, que a gente dá um jeito.
Eles mergulham, deixando os três ali mais um tempo.
– Que jeito que você pretende dar? – Haseid questiona, curioso.
– O maluco do chapéu é um foco de doença que ameaça o grupo todo. Vou tocar fogo nele.
– Hein?
– Você se lembra do meu tapinha mágico? Que dá apoio moral? É o que dá pra fazer. E curar, se ele se ferir. Mas, sério, o que aconteceu com sua magia de respirar na água?
– Homem, pare dessa história.
– Sério, Haseid. Nunca mais vi você fazendo magia. Uma de respirar na água ajudaria muito o nanico.
O oganter faz umas caretas engraçadas, como se resistisse a abrir seu coração e revelar a verdade. Finalmente, resolve desabafar.
– Tem uma coisa que eu escondi de vocês. Eu estou sem magias.
– Como assim?
– Besto está com raiva de mim. É isso. Por conta daquela parada lá com a águia no castelo do rei pirata. Tenho que caçar um clérigo de Besto pra descobrir o que é pra eu fazer pra ele se acalmar.
– É nisso que dá magia de deuses. Se você usasse magia arcana não teria esse problema.
– Fácil pra você, que nasceu cheio de magia, né seu feiticeiro?
– Você podia ter estudado e virado mago.
– Eu mesmo não!
– Tá, vamos mergulhar então pra não perdermos o caminho. E torça pro gnomo aguentar. Se ele morrer, a culpa não é minha.
– E é minha, é?
– Fui eu que botei minha vida na mão de outra pessoa?
– Que pessoa?
– Do seu deus aí. Bora!
Os dois mergulham levando Neriom e começam a ouvir a música de Tim Gladus mostrando o caminho.
Após quase dois minutos por cavernas e túneis submersos, eles sobem e acham um salão natural, livre de água. Eles sobem ainda sob efeito da magia de voo e pousam, deitando o gnomo.
Ezelius coloca a mão no ombro do pequeno mais uma vez, deixando o chapéu branco que trazia na outra mão no chão, ao lado da cabeça do colega.
Neriom começa a tossir de repente e é colocado de lado.
– Vão se vestir que eu vigio ele. – Wolfgar propõe, abaixando-se perto de Neriom. – Você está com muitos problemas, meu amigo.
– Você acha que ele está doente? – Tim Gladus pergunta, sentando-se perto.
– Eles falaram que sim. Doença contagiosa, por isso os cambions estavam com medo dele.
Pegando a calimba, o tritão começa a tocar uma melodia calma e bonita.
– Vistam-se. – All Thorn fala. – Não temos muito tempo, segundo o tritão.
– Haseid, não vi a espada élfica. Parece que se perdeu. – Ild comenta.
Ele olha pra todos, escabriado.
– Bom, tem uma coisa que não contei pra vocês...
VOCÊ ESTÁ LENDO
As Sementes do Mundo Inferior - Parte III
FantasíaA aventura de Sharon e seu grupo continua. Após serem vencidos diante de um castelo infernal, o que acontece? Os problemas só aumentam e ainda há sementes a se plantar.