Anachronism | Snarry

Capítulo 13

Domingo, 19 de setembro, 22h43

Severus deu uma olhada nas fotos que se amontoavam na lareira. Ali, no canto mais distante, havia várias de Charlie, inclusive uma de Harry e Charlie dançando no casamento de Bill. Nenhum dos dois tinha graça alguma, mas eles não se importavam - Harry estava absorvido demais por Charlie e Charlie por ele. Harry era menor na época, um garoto magro e desajeitado, com seus braços pálidos e esguios com metade do tamanho dos braços grossos de Charlie.

Eles se apaixonaram tanto quanto ele e Harry se apaixonaram, mas Charlie morreu defendendo Harry. Ele era apenas mais um ente querido de Harry a morrer, protegendo-o. Severus não podia nem mesmo afirmar isso para si mesmo. Por que havia se lançado em um projeto tão perigoso? Ele tinha tudo o que poderia desejar: um amante bonito, rico e poderoso; um negócio próspero com seu próprio laboratório particular bem abastecido; e um estoque constante de amigos e conhecidos. Ele teria que ser louco para desistir disso, louco para desistir de Harry.

Mesmo que Endell tivesse mexido no feitiço ou causado sua queda de alguma forma, ele ainda tinha sido tolo o suficiente para experimentar. Ele tinha permitido que sua vida perfeita subisse à cabeça e se tornou preguiçoso o suficiente para cometer um erro.

Ele queria aquela vida perfeita de volta. Desde a briga deles depois do encontro, ele e Harry começaram a conversar e passar tempo juntos fora do laboratório, mas não voltou à intimidade casual que eles compartilhavam antes.

Passos soaram no corredor atrás dele, e ele se afastou das fotos para ver Harry entrar na sala.

— Muitos Weasleys em um só lugar? — ele perguntou com um sorriso.

— Eu nunca gostei tanto de ruivos quanto você. — Severus voltou-se para as fotos. Ele concordou em ir à festa de aniversário de Granger na Toca porque parecia a coisa certa a fazer. Ele não se importou com as primeiras horas, mas mesmo com grandes quantidades de uísque, ele não conseguiu tolerá-las por muito tempo.

Harry atravessou a sala. Examinando as fotos, ele tirou da prateleira uma dele com todos os garotos Weasley juntos. Outra foto do casamento, ele estava envolto nos braços de Charlie. Sorrindo para a foto, ele disse,

— Seis anos parece uma vida atrás. Na época, eu me considerava um adulto, mas quando olho para trás agora, às vezes não consigo acreditar que consegui derrotar Voldemort.

Severus fungou.

— Claro que você poderia. Eu nunca tive dúvidas de que você faria.

Olhando para Severus, Harry perguntou:

— Sério?

— Apesar da terrível bagunça do plano de Dumbledore, tudo o que você tinha que fazer era estar disposto a dar sua vida. Nos sete anos em que te conheço, você nunca demonstrou qualquer contenção ou senso de autopreservação. Aos onze anos, você tentou, sem saber, frustrar o Lorde das Trevas. Aos treze, você estava cercado por Dementadores que tentaram sugar sua alma, e um assassino conhecido supostamente pretendia matá-lo, mas você repetidamente escapou do castelo. Como você conseguiu chegar aos dezessete vivo está além da minha compreensão.

Harry sorriu levemente e colocou a foto de volta na lareira.

— É, mas eu tive muita ajuda. — Ele se virou para Severus, seus olhos brilhando. — Quem imaginaria que uma corça tão linda poderia vir de um homem velho e feio?

Com qualquer outra pessoa, teria sido um insulto e ele ficaria furioso, mas Harry tinha a aparência de um diabinho travesso e não conseguiu evitar rir.

— Quem imaginaria que um pirralho tão arrogante e estúpido aprenderia a seguir instruções?

— Oh... — Com um brilho nos olhos, Harry deslizou para mais perto. O cheiro daquela colônia requintada emanava dele, acelerando o ritmo do coração de Severus. Parando a apenas um pé de distância, Harry disse com uma voz rouca, — Eu aprendo bem com certos tipos de instrução. Talvez você queira uma demonstração do que eu aprendi?