(Quero avisar que terá sangue, acabou.)
— "Veja bem, Rússia….”— As palavras começaram, havia um grande toque de cautela em cada letra pronunciada. O persa bebeu a água e pôs o copo educadamente em cima da mesa, ficando quieto por alguns momentos. — “Não interprete mal, mas eu não quero me envolver nisso…”
O russo levantou abruptamente, mas se sentou novamente, suspirando fundo. Ele olhou para Ucrânia ao lado dele, encarando o irmão com um certo olhar de desgosto e repulsa enquanto pensava o porquê de alguém tão fraco ser o irmão dele. Ah, eles não eram irmãos, claro que não, mas ao mesmo tempo poderia se dizer que sim. Ninguém o havia parado, nem mesmo a poderosa OTAN, então não iria ser a recusa do Irã que o iria fazer desistir. China não se envolveu naquilo, por que o Irã iria atrapalhar em algo? Claro que não! Tudo o que ele quer é recuperar a glória da Rússia, seja com aliados ou não.
— “Do que tem medo, Irã…?” — O russo perguntou enquanto apoiava o braço direito na mesa e usava a mão esquerda para fazer um cafuné nos cabelos do ucraniano.
Não era um cafuné carinhoso, era de tortura. O russo sabia que o ucraniano sentia uma enorme dor apenas de encostar nele, sabia que os cabelos sangravam puramente apenas com um toque em área sensível. Ele sabia, mas não se importava. Ele nunca disse que se importava, aliás. Ele esfregava os dedos ásperos de propósito no cabelo desgrenhado do irmão, ele sabia bem que fazia sofrer, mas ele não ia parar.
— “Não é isso…” — O iraniano respondeu, levantando ambos os braços como um gesto de rendição. Ele tinha sido pego tendo relações com o russo enquanto tudo isso acontecia. Sim, relações. Não que o persa se importasse em ter nome sujo, mas ele também não queria ser acusado como cúmplice de crime de guerra. — “Eu estou ocupado com outras coisas.”
Irã respondeu enquanto olhava o sangue vivo que escorria do couro cabeludo do ucraniano. A sensação que invadiu ele foi um tanto de desconforto grave. Não era como se ele fosse inocente, ele sabia o que fazia no Oriente Médio e como ele podia ser cruel também, mas aquela cena era um tanto um grande nojo e desconcertante. O russo esfregava os dedos bem lentamente, deixando o sangue escorrer pelo rosto do próprio irmão e não dando atenção aos sofrimento dele.
O pequeno ucraniano estava quase em êxtase, um êxtase de apenas dor e desgraça. Olhar para a imagem era como se ele estivesse morto por fora e por dentro, uma sensação de ânsia de vômito. Ele estava sentado ao lado do russo e imóvel, quase como se estivesse morto de verdade. Ele estava vivo e era isso que fazia a cena ser desconfortável. Os olhos estavam brancos, como se estivesse cego ou com os olhos seriamente danificados. Ele estava completamente sujo e ferido, em sofrimento externo e interno.
— “Terrorismo seria essas outras coisas?” — Foi retórico, o russo não tinha a intenção de receber uma resposta. Ele sabia que era verdade, sempre era. O que mais um “islâmico” iria fazer a não ser terrorismo? O Irã não era islâmico, mas explica isso para outras pessoas. Oriente Médio e islamismo extremo eram sinônimos de terrorista, mas essa era a fama que eles se deram. Não era verdade, nem todo país do Oriente Médio fosse islâmico ou não iria ser terrorista, mas já tinham esse esteriótipo por causa de algumas pessoas do próprio oriente Médio.
— “E se fosse….” — O iraniano cogitou, mas não era. Ele se levantou e andou pelo chão de madeira, rodeando o russo algumas vezes antes de parar perto da porta de saída. Ele cruzou os braços e pareceu pensar, pensar em uma resposta que não iria sair da própria boca.
O russo se levantou do sofá e passou para abrir a porta, um gesto para o iraniano ir embora já que ele não iria ajudar em nada. A mão esquerda ensanguentada abriu a porta, deixando a maçaneta suja e com um cheiro desonroso. O persa se sentiu muito inconfortável com aquela série de cenas, poucas vezes para de sentir assim de verdade. Sem dizer uma palavra de despedida ou qualquer outra, o persa passou pela porta aberta e saiu, sentindo o cheiro do ferro do sangue.
O russo fechou a porta com um baque alto, virando e voltando para perto da sala. Ele colocou as mãos no bolso, ficando na frente do ucraniano enquanto suspirava e pensava um pouco. Ninguém iria ir ajudar o ucraniano, nem mesmo quem ele chamava de amigo, então o russo sabia da força que tinha.
— “O que eu faço com você….?” O russo disse retoricamente novamente, levando a mão esquerda aos cabelos do ucraniano e juntando longas mechas, enrolando nos dedos e puxando para baixo. Ele queria o fazer sofrer de propósito, independentemente se era irmão dele ou não. Ele queria fazer exigências e a Ucrânia não tinha como impedir. — “Nós podemos conversar tranquilamente.”
O ucraniano não respondeu, se é que ele podia falar. Ele piscou lentamente, os olhos doendo apenas de se mover. Ele podia sentir a si mesmo em estado de coma, ele mal podia ouvir o que estava acontecendo. A mente dele era vaga, apenas tendo flashbacks de mortes, aviões, soldados e guerra. Era como viver em uma fita cassete constante e sem salvação, estava doendo demais.
— “A culpa não é somente minha…” — Rússia disse vagamente, sem ter nem um pouco de culpa presente dentro dele. Ele não tinha culpa, não sentia remorso e nada disso. Talvez ele só sentisse culpa quando ele levasse o mesmo, mas tinha gente tão cruel que tomar uma surra pior não era o suficiente. — “A terra nunca foi sua de verdade e você sabe disso.”
Ele disse rispidamente, o rosto em carranca pura. Ele não se importava de doía ou não, ele sabia que machucava, mas ele não iria parar. Ele soltou os cabelos do ucraniano, deixando a cabeça do menor cair para baixo. A mão completamente suja de sangue enquanto ele caminhava para o outro lado da sala. Para o russo, o sangue do ucraniano era sujo e podre, mas ele não queria limpar também.
— “Você precisa me escutar, você sabe.”
Rússia começou novamente, fazendo um movimento forte com a mão para retirar o excesso de sangue. O líquido vermelho e viscoso caiu e derramou sobre a parede entre a sala e corredor da escada, sujando parte do papel de parede e do quadro de um certo bigodudo (não o austríaco) que ali estava pendurado. Rússia não deu a mínima, não era ele quem iria limpar.
— “Belarus…” Rússia chamou enquanto ia para outro cômodo. Ele iria mandar Belarus (Bielorrússia) limpar a bagunça. Belarus não iria ter muita opção, afinal, ou ele fazia, ou ele apanhava. Apanhar era pouco. Embora parte de Belarus sentisse pena do ucraniano, nada se poderia fazer. Bem, até tinha, mas não ia acabar bem.
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𝒰𝓂𝒶 𝑔𝓊𝑒𝓇𝓇𝒶 𝓅𝑜𝓇 𝓉𝒾
Fanfiction🔹𝐴 𝑅𝑒𝑝𝑢́𝑏𝑙𝑖𝑐𝑎 𝐹𝑒𝑑𝑒𝑟𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝐵𝑟𝑎𝑠𝑖𝑙𝑒𝑖𝑟𝑎, 𝑚𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑛ℎ𝑒𝑐𝑖𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝐵𝑟𝑎𝑠𝑖𝑙, 𝑒́ 𝑢𝑚𝑎 𝑟𝑒𝑝𝑢́𝑏𝑙𝑖𝑐𝑎 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑣𝑎𝑙𝑖𝑜𝑠𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 𝑒 𝑓𝑜𝑟𝑎. 𝑁𝑒𝑠𝑡𝑒 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑖𝑡𝑜́𝑟𝑖𝑜 ℎ𝑎́ 𝑟𝑖�...