Capítulo 2

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Dois anos depois

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Dois anos depois.

Observo o servo a poucos metros à minha frente, a floresta está silenciosa, os pássaros resolveram ficar em completo silêncio, arrumo minha mira e aperto o gatilho, o som é alto e acerto o servo, antes de sair do meu lugar olho a minha volta mesmo sendo inverno pode ter algum urso que resolveu não hibernar, após ver que está seguro vou em direção ao servo. Depois de quase uma hora coloco os pedaços do servo na minha mochila e volto pela trilha para casa.

De longe avisto uma moto neve vermelha e apresso meus passos, moro a quilômetros de distância da civilização, quem vem me visitar são meus amigos e alguns vizinhos distantes que vêm buscar lenha, vou me aproximando e não demoro a ver um cachorro preto não muito grande e faço uma careta em ver que ele pula na neve e late.

— Fique quieto. — escuto uma voz feminina que sai firme e o cachorro para de pular.

Quando chego perto da moto neve vejo uma pessoa vestida toda de preto e percebo que é uma mulher, sua pele é um marrom escuro e não consigo ver seu cabelo por conta da touca que usa.

— O que faz aqui? — pergunto rudemente e ela pula de susto, não me desculpo.

— O senhor Brandon? — pergunta quando paro na sua frente, consigo ver seus olhos escuros e sua boca carnuda.

— Sim. — tiro minha mochila e o cachorro vem na minha direção todo alegre, ele se esfrega na minha perna e faço um carinho leve na sua cabeça, ele é bem receptivo.

— Eu comprei a cabana do lado norte e o antigo dono me falou que o senhor vende lenha. — abaixa o olhar.

Me lembro que o meu vizinho tinha colocado à venda para poder ir morar em outro país com seus filhos que já estavam casados e com filhos, segundo ele era para ficar perto dos netos.

— Eu não vendo. — digo e mesmo com as roupas pesadas consigo ver que seu ombro se encolhe e um pequeno resmungo sai dos seus lábios. — O quanto precisa? — pergunto e ela me olha rapidamente.

— Que possa durar até que o trem passe. — responde.

Ela me olha e fico hipnotizado com o brilho que seus olhos tem.

— Vou pegar para você. — digo meio estranho, ela concorda com um aceno rápido de cabeça, pego minha mochila e deixo na varanda da minha cabana e vou até o galpão onde deixo as lenhas.

Enquanto vou colocando os sacos com a lenha no carrinho da sua moto neve, consigo olha -la melhor, ela sorri para o cachorro e me sinto uma leve inveja, como queria receber um sorriso dela, com esse pensamento me espanto e volto para o galpão, meia hora depois ela tem lenha para quinze dias.

— Muito obrigado, senhor. — agradece.

— Você sabe o meu nome, mas não sei o seu. — digo colocando minhas mãos no bolso do meu casaco.

— Me desculpe. — sorri de leve. — Sou Isla. — estende a mão e tiro a minha do bolso e aperto e meu corpo toma um choque e afastei minha mão rapidamente.

— Isla. — repeti pausadamente e uso um tom neutro. — Se precisar de mais lenha, pode vir buscar.

— Obrigado, senhor.

Faço uma careta.

— Não me chame de senhor, não sou tão velho assim. — ela solta uma risada baixa.

— Ok, senh...Brandon.

— Muito melhor assim, Isla.

— Preciso ir. — fala e o cachorro sobe na moto neve. — Até logo. — sobe e liga ela.

— Até breve, Isla.

Fico olhando ela sumir na floresta branca e volto para o que tinha o que fazer, tiro as carnes e levo para o freezer que está cheio e percebo que não preciso caçar mais, mesmo sendo o começo do inverno eu já tenho o necessário.

Quando a noite chega me sento no meu sofá e fico olhando pela janela e minha mente vai até Isla, uma moça jovem morando num lugar tão inóspito como este, estou aqui há dois anos e posso dizer que passei por algumas dificuldades.

— O que você pode esconder? — pergunto ao vento.

Fico ali mais alguns minutos e resolvo pegar meu notebook e voltar para o que eu estava escrevendo.

— Vamos lá.— digo olhando para o documento com alguns rascunhos.

Não vejo o tempo passar, só paro por sentir meus olhos arderem e vejo que já passa das duas da manhã, resolvo ir para cama e quando me deito apago, acordo com meu telefone tocando, aqui tenho um telefone por satélite assim como a internet.

— Alô. — atendo e mal consigo abrir meus olhos.

— Quem tá ficando velhinho?— escuto a voz animada de Orfeu.

— Pare de pular. — escuto Ulisses mandar.

— Pare de ser chato. — resmunga e sou obrigado a rir.

— Você ainda vai fazer que Ulisses te mate. — digo. — E para completar não estou velho. — retruco.

— Ele me ama.

Balanço minha cabeça negando, desde daquele encontro da minha saída eles começaram algo, mesmo de longe eu fui acompanhando os dois e faz menos de um ano que resolveram se casar.

— Amor e ódio são bem próximos. — cutuco.

— Olha Brandon, cala a boca. — manda irritado e solto uma gargalhada. — Parabéns cara.

— Obrigado. — fico mais alguns minutos conversando com os dois, Ulisses meu amigo e advogado me conta que minha mãe foi me procurar, mas ele não contou onde estou e seu marido Orfeu falou na cara dela que era uma péssima mãe e que deusas cirurgias plásticas dessem errado, eu só consegui rir do que escutei.

— Precisamos ir. — diz e nos despedimos.

Me levanto e abro as cortinas grossas e vou para o banheiro, tomo um banho e escovo meus dentes e vou me vestir, hoje não preciso sair, então coloco uma calça de moletom preta e fico sem camisa, dentro de casa tenho aquecedor e caso o gerador pare de funcionar tenho as lenhas, frio não passo, ligo a televisão e coloco no noticiário e vou preparar meu café e me sento no balcão com minha xícara cheia de café.

Meu dia passou lentamente, completo hoje trinta e cinco anos, paro em frente a grande janela da minha cabana e cruzo meus braços e fico olhando para a neve, escuto os uivos dos lobos mais ao norte, tenho alarmes por toda a minha propriedade e caso algo aconteça eu saberei imediatamente., pulo o jantar e vou me deitar, rolo na cama a noite toda, não consigo ter sono meu corpo está agitado.

Parece prever que algo irá acontecer.

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